sexta-feira, 29 de julho de 2016

Press Release 055 – 29 de julho de 2016

Editorial
   Grande mídia mistura leitura enviesada e ofensa à inteligência http://bit.ly/2azUMsj

Artigos
   De quando Chimamanda Adichie me encantou http://bit.ly/2aBAJLm

Entrevistas
   "É na escola pública que se ganha ou se perde um país" http://bit.ly/2ajqybN

TV Leituras
   Esporte Une Todos http://bit.ly/2aw2UZ

Notícias
   A queda vertiginosa da tiragem de Folha, Globo e Estadão http://bit.ly/2azVRQG

   Andreia Donadon Leal conquista prêmio da União Brasileira de Escritores http://bit.ly/2a9yCt3

   ABDL terá ‘balcão do emprego' na Bienal http://bit.ly/2aPmUFl

   A vida depois de… usar a escrita para sobreviver na cadeia http://bit.ly/2aw36bb

   Pátio de shopping aceita livro usado como pagamento no estacionamento http://bit.ly/2a9zeig

   Algoritmo revela como criar o best-seller perfeito http://bit.ly/2aPmGhl

   6º Prêmio Ecofuturo de Bibliotecas anuncia vencedores http://bit.ly/2aw3HJT

   Aluna de escola pública formada em Harvard lista mitos sobre estudar fora http://bit.ly/2aw3Ih0

   Estação das Letras já programa novos cursos e oficinas e eventos gratuitos http://bit.ly/2aBB8xo

   Feira do Livro de Brasília vai ter literatura, blogueiros, quadrinhos e mangás http://bit.ly/2ahidn5

   Santa Fé do Sul ganha Biblioteca Volante http://bit.ly/2a4OjWx

   Manifesto Mundial em prol da leitura acontece em 20 de setembro http://bit.ly/2alY0yS

   Herói da Eurocopa, Éder vai contar sua vida em um livro http://bit.ly/2alYMvW

   Veja quatro características de amantes de livros http://bit.ly/2aDwqfw

O Prazer da Leitura
   Anatomia de um/a leitor/a http://bit.ly/2amWKsy

Imagem
   UFNT foi criada pela Presidenta Dilma Rousseff http://bit.ly/2ahiypX

Prof. Antonio Carlos Ribeiro
Universidade Federal do Tocantins/PPGL/CAPES
Editor

Se desejar ler os demais Press Release, clique no blog Leituras http://bit.ly/1E35ugR


Editorial: Grande mídia mistura leitura enviesada e ofensa à inteligência

O jornal O Globo, que capitaneia a imprensa golpista, defende o fim do ensino superior gratuito como resultante da crise, alinhando argumento tolos. A empresa filha mais legítima da ditadura parece querer debater a situação que ajudou a criar, sem se ater à verdade. Impossível, mesmo sendo a empresa privada que mais lucrou com 'serviços' ao Estado. Governo não pode aumentar a carga tributária - marca dos governos de direita que apoiou - mas defende a Reforma do Estado.

Para comandar o golpe, usou a mídia, a direita do Congresso e 'bandidos togados'. 'Esqueceu': que não temos renda acima de 27,5%; que o IPVA não incide sobre barcos, iates e jatinhos, cujo custo ultrapassa R$ 2 milhões; que se deveria acabar com o ensino superior gratuito - justo o que mais promove mudanças - como denunciou Renato Janine Ribeiro, ex-Ministro da Educação. Incúria administrativa é manter empresa privada que se locupleta às custas do Estado.

Mas disse uma meia verdade, pasmem!: 'Já o pobre, com formação educacional mais frágil, precisa pagar a faculdade privada, onde o ensino, salvo exceções, é de mais baixa qualidade', para dar sustentação ao interesse inconfessável de se apropriar de recursos públicos, através dos cabides públicos de enriquecimento, nos golpe de 1964 e 2016. Tanta fragilidade argumentativa mesclada a intenções conhecidas, quase dispensam o uso do cérebro na elaboração da opinião do veículo, o segundo em perda de assinantes (ver A queda vertiginosa da tiragem de Folha, Globo e Estadão http://bit.ly/2azVRQG).

Ao voltar das férias de Julho, não poderíamos deixar os leitores sem desafios. Por isso seguem a pauta da semana: o Artigo de Lianja Aquino, do Programa de Pós-Graduação em Letras, De quando Chimamanda Adichie me encantou; a Entrevista "É na escola pública que se ganha ou se perde um país", de António Nóvoa, e o filme dos noruegueses sobre as Olimpíadas na TV Leituras Esporte Une Todos.

Há ainda as Notícias abaixo:
   A queda vertiginosa da tiragem de Folha, Globo e Estadão
   Andreia Donadon Leal conquista prêmio da União Brasileira de Escritores
   ABDL terá ‘balcão do emprego' na Bienal
   A vida depois de… usar a escrita para sobreviver na cadeia
   Pátio de shopping aceita livro usado como pagamento no estacionamento
   Algoritmo revela como criar o best-seller perfeito
   6º Prêmio Ecofuturo de Bibliotecas anuncia vencedores
   Aluna de escola pública formada em Harvard lista mitos sobre estudar fora
   Estação das Letras já programa novos cursos e oficinas e eventos gratuitos
   Feira do Livro de Brasília vai ter literatura, blogueiros, quadrinhos e mangás
   Santa Fé do Sul ganha Biblioteca Volante
   Manifesto Mundial em prol da leitura acontece em 20 de setembro
   Herói da Eurocopa, Éder vai contar sua vida em um livro
   Veja quatro características de amantes de livros

E por último, O Prazer da Leitura, com Anatomia de um/a leitor/a, e Imagem, com a foto de criação da UFNT pela Presidenta Dilma Rousseff.

De quando Chimamanda Adichie me encantou

Lianja Soares Aquino*

Entre minhas leituras teóricas sobre cultura e história do afro-brasileiro e africano, as leituras literárias tiveram um papel primordial na compreensão dos processos de colonização, descolonização e negociações entre as diferentes culturas nas diásporas. Essas intersecções entre crítica, teoria e literatura são importantes para entender as complexidades que existem no campo social, político, cultural e econômico de um povo, de um país e de um continente. São condições humanas interligadas numa rede de dependências, intermediadas por apropriações, expropriações, negociações, ou seja, por relações de poder.
  
As relações de poder estão atreladas ao domínio econômico. Quem pode mais, quem detém os recursos financeiros e econômicos não apenas constroem muros, casas, prédios, ruas e calçadas. Quem pode mais também constrói narrativas simbólicas que assegurem uma longa permanência nesse poder. Essas narrativas passam tanto pelo plano objetivo como pelo plano subjetivo do texto. 
Em outras palavras, um texto histórico e um texto ficcional, por exemplo, informam, ensinam, trabalham no plano simbólico e contextual de formas diferentes: enquanto o primeiro trabalha com o conceito de “verdade”, o segundo trabalha no plano ficcional (mentira). Verdade e mentira são antônimas, mas podem ser relativizadas em seus conceitos epistemológicos. Basta realizar algumas perguntas que clareiam as relações de poder existentes na sociedade:

Quem conta a história? 
Quem autoriza? 
Quem divulga? 
Quem reforça um discurso ideológico? 
Existe mesmo apenas uma história, uma verdade?

Não se está defendendo que existe uma história melhor que a outra. O que existe são histórias que não conseguem os mesmos espaços que outras, que não são lidas tanto quanto outras. Ou seja, o que existe são autores e autoras que por não terem o mesmo prestígio que outros, não conseguem se tornar conhecidos e são impedidos de contar as suas histórias.
Mas um segredo preciso revelar: existem pessoas empoderando-se discursivamente por aí. E é para falar de umas dessas pessoas que escrevo hoje. Minha alegria em escrever e minha alegria literária desses últimos dias tem nome: Meio Sol Amarelo, de Chimamanda Adichie. 

Conheci a romancista, por acaso, através de um vídeo compartilhado no facebook, por alguns amigos incomuns. Com o titulo “O perigo da história única” , Chimamanda expõe, nesse vídeo, as suas experiências leitoras, enquanto criança, morando na Nigéria e lendo livros americanos e britânicos. 



Sobre as leituras que realizou na infância, ela diz que aqueles livros ocidentais foram muito estimulantes para o processo criativo que se concretizaria em romances, anos depois, mas o fato de não se sentir representada nessas histórias a incomodava. Partindo desse incomodo e da dificuldade de encontrar literaturas que representassem bem a sua cultura, resolveu escrever romances e contos que fugissem dos estereótipos criados pela cultura ocidental. Como ela diz no vídeo, “[...] histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida”.

Falar sobre a cultura africana e afrodescendente merece uma discussão mais cuidadosa devido à diversidade de línguas e culturas existentes no continente africano e nas relações estabelecidas nas diásporas pelo mundo. O que é preciso entender é que não há apenas uma cultura, uma língua e uma história. 

Não se pode falar sobre “uma África”. Não existe apenas a África de guerras e expropriações. Não existe apenas a fauna e a flora exótica, como mostram alguns documentários bem produzidos. Existem pessoas e existem histórias. Histórias contadas pelo colonizador e histórias contados pelo colonizado. 

Ouvir as diferentes versões de uma mesma história, seja no plano objetivo como no plano subjetivo, é o que sugere a autora em algumas palestras ministradas pelo mundo e é o que fui buscar em sua obra Meio Sol Amarelo. Encontrei o que vou tentar narrar agora, mas antes falarei um pouco sobre a autora que me encantou e que espero encantá-los também. 

Chimamanda Ngozi Adiche nasceu na Nigéria, em 1977 e mudou-se posteriormente para os Estados Unidos, onde completou os estudos superiores. Vinda de uma família de classe média, estudou em boas escolas. A curiosidade, a criticidade, a criatividade, o incentivo dos pais e as oportunidades que surgiram na vida dessa autora anglófona a tornaram conhecida no mundo. 

Meio Sol Amarelo é o segundo livro da escritora negra nigeriana Chimamanda. Baseado na guerra Nigéria-Biafra de 1967-1970, a história retrata as mudanças políticas que ocorrerem nesse período, mas o livro vai muito além. As histórias que se cruzam, os laços que se concretizam entre os personagens da trama, os diálogos, a paisagem que alterna as belezas das plantas nativas e a fome que deixa milhares de crianças e adultos desnutridos; as crenças e as relações interpessoais daqueles que buscam um lugar melhor para recomeçar a vida compõe o cenário dessa história que cativa, que informa e sensibiliza. Além disso tudo, os protagonistas são negros. Mas e aí, se são negros?

A importância de destacar que a obra foi escrita por uma negra, colocando como protagonistas homens e mulheres negras na história, está na representatividade que isto provoca no negro que lê essa obra. Já que numa busca rápida na internet por filmes e livros, pode-se constatar que os protagonistas negros estão em menor proporção que os protagonistas brancos. Que brancos ainda são a maioria em cargos privilegiados e que ainda temos muito o que discutir sobre a importância de uma identidade negra. Não como fator que diferencia branco e negro, mas como individualidade respeitada e, porque respeitada, incluída no coletivo. 

Em Meio Sol Amarelo, durante os anos 60, seis personagens se destacam na história pelos diálogos, conflitos amorosos, políticos e sociais. Ugwu, Olanna, Kainene, Odenigbo, Richard e Baby são esses personagens que vivem em Biafra, um Estado independente do povo ibo, que existiu por 3 anos. 

O ponto de vista fica a cargo de três desses: Ugwu, que é um menino do interior do país da Nigéria, que indicado por uma tia vai trabalhar na casa de Odenigbo, professor universitário; Olanna, filha de aristocratas que deixa a vida de privilégios que tinha com os pais, para se dedicar a carreira acadêmica ao lado de seu namorado Odenigbo; Kainene, irmã de Olanna, num primeiro momento administra os negócios do pai aristocrata, mas também parte para Biafra e passa a ajudar necessitados durante a guerra civil. 

Cada um deles tem uma personalidade única dentro da história. O menino do interior, Ugwu, deixa a história possível de ser compreendida numa extensão que apreende muitas sensações que levam ao riso e ao choro. Olanna, que na sua fragilidade de mulher aristocrata descobre, durante a fome e alguns imprevistos em sua relação com Odenigbo, a força militante que tem o ato de ministrar aulas. Kainene, que por muitas vezes mostra o seu lado feminista, executado atividades e enfrentando desafios durante a guerra civil em Biafra. Tudo surpreende em Meio Sol Amarelo. 

O livro está divido em três partes e entre elas a voz do único personagem que é branco e inglês está destacada em trechos que tem como título: “O Mundo Estava Calado Quando Nós Morremos”. Nesses trechos, o personagem Richard descreve a guerra civil na perspectiva de um inglês que mora na Nigéria e acompanha de perto os horrores da guerra e as belezas da cultural local. 

O desenrolar da trama não é possível de ser contado por aqui. É preciso uma entrega. É preciso viajar pela Nigéria através da narrativa. 

A obra também se encontra disponível em PDF e E-book. O livro, nesses formatos, pode ser baixado pela internet de forma gratuita e é uma grande oportunidade para entender o contexto da guerra entre Nigéria-Biafra e refletir sobre a cultura, sobre a importância da literatura africana em termos de representatividade do negro na história e na ficção. 

Ler Meio Sol Amarelo, como dito anteriormente, é uma oportunidade de viajar no tempo, de conhecer um pouco do continente africano e sensibilizar-se com protagonistas que provam que a cor da pele, para quem mora na África, não é fator decisório nas relações econômicas, políticas e sociais. A cor da pele é um modo de ver, europeu, e que há muitos anos vem sendo reforçado como algo que define valores e posições sociais, ou seja, que vem excluindo e matando negros durante séculos. Meio Sol Amarelo, fala de relações humanas. Fala de nós, brancos, pretos e pardos. 

Que outros leitores possam envolver-se nesse encantamento e que a obra contribua efetivamente nas discussões sobre história e cultura africana, dentro e fora da sala de aula.

*Graduada em Letras e Mestranda em Ensino de Língua e Literatura pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Araguaína (TO).

"É na escola pública que se ganha ou se perde um país"

Eron Rezende

Para o educador português António da Nóvoa, 62, o debate em torno da escola sem partido é 'absurdo'(Mila Cordeiro - A Tarde)


Desde 1994, o português António da Nóvoa, 62, visita o Brasil pelo menos uma vez ao ano. Requisitado para palestras e aulas, este educador e ex-reitor da Universidade de Lisboa é, assim, um espectador privilegiado dos avanços e descompassos do sistema educacional brasileiro. Vê, por aqui, mudanças significativas, como a ampliação do orçamento dedicado à educação. "Mas a escola pública brasileira ainda é, de forma geral, um escândalo", diz. "E é na escola pública que se ganha ou se perde um país". Em 2006, Nóvoa liderou o processo de fusão da Universidade de Lisboa e da Escola Técnica de Portugal, abrindo a universidade ao país. A popularidade que alcançou na defesa pelo direito ao ensino público de qualidade fez dele o representante da esquerda portuguesa nas eleições presidenciais do início deste ano. Derrotado pelo candidato conservador, Nóvoa segue sua agenda de "ativista da educação", como já foi batizado pela imprensa portuguesa. Dos exemplos bem-sucedidos de ensino que já conheceu pelo mundo, destaca os da Suécia e Finlândia. "São modelos fortes porque estamos falando de três ou quatro séculos de responsabilidade e compromisso com a escola. Não três ou quatro décadas". Nesta entrevista à Muito, Nóvoa fala sobre inovação no ensino, elite brasileira e escola com partido.

A Tarde - O senhor costuma dizer que o problema da educação brasileira não está na escola. Onde está?

António da Nóvoa - Há dois problemas centrais. O primeiro é uma falta de compromisso social e político com a educação de qualidade para todos. Os brasileiros já incorporaram a ideia de que a escola é importante e de que é preciso que as crianças a frequentem. Mas ainda não há um verdadeiro compromisso com essa ideia. Não falo apenas numa escola onde todas as crianças estejam, mas onde todas as crianças aprendam. Esse ainda é um compromisso frágil por parte das famílias, da sociedade e dos políticos. E há o segundo problema, a formação dos professores. No Brasil, os professores são formados com muita coisa teórica, muita coisa desconectada, e pouquíssimo foco no trabalho docente, na formação do professor como um profissional que terá uma atuação diária dentro de uma escola. Isso tem levado a professores com muitos compromissos - políticos, sociais, com o bem-estar social da criança -, mas com pouco compromisso com a aprendizagem, que deveria ser o foco.

Nossos resultados médios são ruins, mas há muitos municípios com resultados bárbaros. Por que não conseguimos replicar essas estratégias?

Em regra geral, quando uma escola funciona é a existência de um grupo de professores que conseguiu mobilizar o município em torno de um projeto. Portanto, é chave ter professores empenhados e mobilizados. Deveria ser bem mais fácil, a partir de exemplos que funcionam, criar um contágio positivo para outras escolas. Mas isso não acontece porque a mobilização dos professores é escassa. Há um descompromisso, que tem raiz na formação, nos salários fracos. Há uma coisa no Brasil, por exemplo, que é terrível e que não tem precedentes em outros países: professores que  trabalham em várias escolas. Isso torna o dia a dia do professor um inferno. Como ele pode se concentrar numa escola, num projeto, se ele só passa metade do dia ali?

Essa fragmentação não acontece em outros países?

Nunca encontrei um exemplo semelhante. Na Europa não existe, nos Estados Unidos também não. E em todos os países que visitei na África e Ásia essa não é uma prática. Essa fragmentação do tempo do professor é uma particularidade do Brasil.

Inovação, na educação, parece sempre atrelada a inserção da tecnologia na sala de aula. Por que a escola tem tanta dificuldade em repensar a forma com que os conteúdos são trabalhados?

Os profissionais da educação têm, de forma geral, uma atitude defensiva. O cientista está sempre trabalhando no desequilíbrio, no risco, no desconhecido. O professor está sempre numa fronteira conservadora, do 'não risco'. Isso sempre foi assim. E é dramático. Os professores precisam perceber o que está acontecendo no mundo e, mais precisamente, perceber o que está acontecendo com as crianças. As crianças, hoje, pensam e ascendem ao conhecimento de forma diferente de nós. Pela primeira vez na história do mundo, as mudanças na escola não vão aparecer por conta de teorias pedagógicas, programas educativos ou leis. As mudanças vão aparecer porque as crianças estão exigindo dos professores que eles se adaptem a um mundo novo. Isso é totalmente revolucionário. A primeira revolução foi a invenção da escrita. A segunda, a invenção do livro. A terceira grande revolução está em curso. Em todas elas, o que mudou foi a forma de ascendermos ao conhecimento, de usarmos o cérebro e de aprendermos. Nós estamos num momento de virada na forma como se aprende. As novas gerações utilizam outras partes do cérebro, não fazem uma aprendizagem linear - às vezes, partem do mais complexo para depois alcançar o mais simples.  

Como promover essa inovação no Brasil, onde, segundo dados do Ministério da Educação, 22% dos alunos de 8 anos não sabem ler adequadamente e 35% não sabem escrever?

A questão da aprendizagem é, antes de qualquer coisa, um problema de sentido. Ou seja, quando estamos aprendendo algo nos perguntamos se aquilo tem algum sentido para a vida. Se eu pedir a uma criança para fazer, durante cinco horas por dia, uma atividade em que ela não encontre nenhum sentido, ela não fará essa atividade - se fizer, fará de forma mecânica e não apreenderá. Quando falamos em escola do futuro falamos de uma escola que se baseia no sentido do aprendizado. Há, hoje, no Brasil, muitas crianças de
8 anos que não sabem ler nem escrever, mas essas mesmas crianças são utilizadoras do WhatsApp e muitas delas escrevem e leem no WhatsApp. Claro, podem escrever e ler mal, mas ainda assim o fazem. No momento em que elas têm uma necessidade de se comunicar, elas vão querer aprender a escrever. Como transformar essa escrita em algo que atenda ao cânone da língua é um desafio. Mas a educação brasileira pode dar um salto e sair de uma situação complicada para uma situação favorável. Isso passa, necessariamente, por resolver o problema do sentido da aprendizagem.

Quais competências o professor deve ter para trazer esse sentido?

No lugar de competências, gosto de falar em disposições. A primeira é uma disposição para trabalhar coletivamente. É preciso que o professor perceba que o seu trabalho não é individual e aquela ideia do 'eu professor, com meus meninos, na minha sala de aula' já não existe mais. A ideia, agora, é 'nós professores, com todas as crianças da escola, vamos organizar o trabalho pedagógico'. Além dessa disposição ao coletivo, há uma disposição em trabalhar no espaço social. O conceito de que a escola é uma espécie de 'bunker', no meio de um bairro, de uma cidade, está ruindo. A escola vai andar pela cidade. Quem educa uma criança é toda a cidade. A ideia de que a escola vai educar a criança é uma ideia do século passado. Os educadores foram colando tudo dentro da escola - a matemática, a história, a educação ambiental, a educação sexual, a luta contra a violência e contra as drogas - e a escola está inchada, prestes a ver suas estruturas arrebentadas.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, as instituições públicas brasileiras gastam quatro vezes mais com alunos no ensino superior do que com alunos na educação básica. Há uma inversão de prioridade?

Sim. O Brasil tem uma elite muito forte. Talvez seja um dos países com a elite mais forte e dotada de grande poder. E, quando falo em elite, falo da econômica, mas também das elites intelectuais e de esquerda. Por isso, inclusive, há um abismo entre os professores da educação básica e do ensino superior. Abismo salarial e de condições de trabalho. A elite brasileira conseguiu criar uma série de direitos que são muito diferentes dos direitos de quem está embaixo. E isso se traduz na ideia de um financiamento canalizado para as próprias elites. É natural que o ensino superior custe mais caro do que o ensino básico. Mas que seja 20% mais caro, não quatro vezes mais.

Numa entrevista recente, o professor e ex-ministro da educação Renato Janine Ribeiro disse que há muita resistência no Brasil em apoiar a educação básica. Uma resistência, inclusive, dentro do corpo de professores universitários...

Há uma resistência grande a certas mudanças e uma incapacidade de perceber que as mudanças têm que acontecer a favor de quem está na educação básica. Quem está na universidade arranja todos os argumentos para que isso não aconteça. Para mim, é muito doloroso ver que o Brasil tem, hoje, uma educação universitária pública de qualidade, mas essa qualidade se faz à custa de uma coisa: 20% dos alunos estão na universidade pública e 80% estão nas universidades privadas. Isso quer dizer que a qualidade desses 20% se faz à custa de que 80% dos alunos foram mandados para as instituições privadas, para pagar taxas elevadas e, muitas vezes, com ensino de péssima qualidade. Quando o Brasil reserva apenas 20% das vagas para a educação pública e empurra os outros para fora, consegue uma qualidade nos 20%.

Qual é sua opinião sobre o programa de financiamento estudantil, Fies, que teve seu orçamento expandido e, agora, enfrenta desgaste?

Esse programa tem uma grande vantagem e uma grande desvantagem. A vantagem é permitir que alunos que não tenham acesso a uma universidade pública possam continuar seus estudos. Nesse sentido, é um programa de democratização das oportunidades. Agora, há uma imensa desvantagem, que é o Estado financiar instituições de péssima qualidade. Não é o caso de todas as instituições, mas é o caso de muitas. Seria preferível que esses recursos fossem canalizados para expandir a universidade pública, alargando sua capacidade de acolhimento e oferta de vagas.

O senhor é a favor de que famílias mais ricas paguem mensalidade nas universidades públicas?

Este não é o melhor caminho. Embora seja um pensamento que vem sendo questionado em muitos lugares do mundo, ainda acredito no direito universal à saúde, educação e justiça. E se todos têm direito, isso vale tanto para o rico quanto para o pobre. Essa é minha concepção de justiça social. Então, onde é que se faz o equilíbrio social para que tanto o rico quanto o pobre, quando cheguem ao hospital, sejam bem atendidos? Nos impostos. O rico deveria pagar muito mais impostos do que o pobre. O equilíbrio social não deve ser feito na prestação do serviço. A universidade pública deve ser capaz de atender o conjunto da sociedade. Mas a gravidade dessa questão, no caso do Brasil, é que a universidade pública está disponível para apenas 20% dos estudantes. Está claro que precisa haver uma maior equidade. E, se para alcançar essa equidade for necessário, em algum momento histórico, introduzir algum tipo de pagamento, não vejo mal nisso. Mas esse pagamento deveria ser, também, pensando de forma universal, com todos os alunos pagando pequenas taxas mensais ou anuais - e aqueles que não pudessem pagar comprovariam essa incapacidade e ficariam isentos dessas taxas. Esse pagamento iria permitir que o Estado expandisse a rede pública e não permanecesse custeando quase a totalidade do orçamento de universidades que não conseguem atender à demanda de alunos.

Hoje, no Brasil, há diversos projetos nas casas legislativas estaduais e no Congresso que reivindicam uma "escola sem partido", na qual não haveria espaço para "doutrinação ideológica". O que pensa sobre isso?

Esse debate é um absurdo, porque, obviamente, não há nenhum conhecimento que não seja fruto de um debate ideológico. Uma escola sem partido é, portanto, uma escola que não existe. Esses movimentos são, normalmente, autoritários. A escola sem partido, então, pode ser encarada como a escola de um único partido, em que o diálogo e a discussão não proliferam e não há compreensão das diferenças. Já assisti a muitos movimentos parecidos e nenhum deles vingou. Por outro lado, é preciso recusar a ideia de uma escola doutrinária. A escola não serve para a apresentação de uma versão, mas para expor o mundo. Serve para dizer à criança que há muitas maneiras de pensar e de viver. Que há pretos e brancos, católicos e pagãos. A escola, na verdade, é o lugar para muitos partidos.

Transcrito de http://atarde.uol.com.br/muito/noticias/1789023-e-na-escola-publica-que-se-ganha-ou-se-perde-um-pais

Esporte une todos


Filme produzido pelos noruegueses, com a participação do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, ajuda a entender a relação entre a luta pela sobrevivência de quem mora nos morros, a truculência da Polícia Militar e a genialidade de quem só tem uma chance na vida!

A queda vertiginosa da tiragem de Folha, Globo e Estadão

Raymundo Gomes, do Diario do Centro do Mundo

A informação que mais impressiona, no post de Fernando Rodrigues no UOL sobre os gastos do governo Dilma com publicidade na mídia, não é a manchete por ele escolhida, o corte de R$ 260 milhões sofrido pela Rede Globo em 2015. É um dado que passou despercebido em meio às muitas tabelas do post: a vertiginosa queda de tiragem dos três jornalões brasileiros, Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo.



Os valores de 2016, segundo o blog, referem-se apenas ao mês de abril – o que impede uma comparação apropriada com os três anos anteriores. O tombo, porém, é inegável, como mostra o gráfico.

São números do Instituto Verificador de Circulação (IVC), financiado pelas próprias empresas para medir o alcance desses veículos e informar ao mercado publicitário quantas pessoas leem cada um deles. Em geral são dados pouco divulgados ao público – salvo exceções ocasionais, os donos dos jornais brasileiros nunca se orgulharam muito de suas tiragens, baixíssimas se comparadas às de outros países.



O número que mais impressiona é o da Folha – uma queda de aproximadamente um terço de sua circulação impressa em apenas três anos. O jornal que duas décadas atrás se orgulhava de tirar 1,5 milhão de exemplares aos domingos (circulação, convém ressalvar, dopada por fascículos e outros produtos), hoje apresenta uma circulação impressa de meros 166 mil exemplares diários, queda que se acentuou na gestão de Sérgio Dávila à frente da redação. Neste ritmo, dentro de dez anos a Folha deixa de existir na versão impressa.

As curvas do Globo e do Estadão são parecidas, indicando uma tendência firme de abandono dos jornais pelo público. Algo a ver com a linha adotada por esses veículos, fortemente editorializada, despreocupada com a verdade e desconectada da realidade do país?

Em tempos de mesóclise, poder-se-ia alegar que essa queda vem sendo compensada pelo aumento do número de assinaturas digitais. A realidade, infelizmente, é menos rósea. A leitura digital, que alguns anos atrás era a grande esperança dos patrões, bateu no teto: o número estancou e até parece apresentar ligeira queda em 2016. Além disso, converter o leitor em receita publicitária na mesma proporção do impresso, sem os custos de impressão e distribuição do jornal físico, foi uma utopia que não se verificou.

Os dados acima fazem a adição simples dos números de circulação impressa e digital, mas, como é possível que parte do público assine ao mesmo tempo as duas versões (o post de Fernando Rodrigues não esclarece se há interseção entre os dois números), talvez a situação real seja ainda mais grave.

Esses números causam ainda mais espanto quando se considera que o período 2013-16 despertou altíssimo interesse do público pelo noticiário, em razão da crise política e econômica que se arrasta desde as manifestações da Copa das Confederações. Os jornais deveriam estar vivendo uma era de ouro; no entanto, arrastam-se decadentes e aceleram a própria morte ao produzir um jornalismo de baixa qualidade e intelectualmente desonesto.

Transcrito de http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-queda-vertiginosa-da-tiragem-de-folha-globo-e-estadao-por-raymundo-gomes/

Andreia Donadon Leal conquista prêmio da União Brasileira de Escritores

Na semana comemorativa do aniversário da cidade mineira de Mariana, a escritora e artista plástica marianense Andreia Donadon Leal, conquista o prêmio da União Brasileira de Escritores (UBE), o Troféu Rio 2016.




Essa é a décima quarta edição do prêmio. A entrega do troféu será no dia 20 de julho, às 16h, na Sociedade Nacional da Agricultura (SNA - Av. General Justo, 171, 2° andar, Castelo, Rio de Janeiro / RJ).

A distinção é concedida à intelectual e a entidade que tenha ativa participação na cultura brasileira. A escolha é realizada por votação de escritores brasileiros e também por recomendação de entidades civis.

Andreia foi reconhecida pela sua atuação na promoção do Movimento Mineiro de Arte Aldravista, que colocou na galeria dos imortais de Mariana poetas como Gabriel Bicalho, Lázaro Francisco da Silva, J. S. Ferreira, Hebe Rôla Santos, entre muitos outros.

Transcrito de Publishnews - 12/07/2016

ABDL terá ‘balcão do emprego' na Bienal

A 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, marcada para acontecer entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro, terá uma novidade nesse ano. É que a Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL) instalará no Anhembi um balcão de empregos com centenas de vagas de trabalho no mercado editorial e livreiro.


"Detectamos por nossa pesquisa que os associados da ABDL têm dificuldade em recrutar colaboradores para todas as vagas abertas no setor. Em momentos de crise, normalmente temos mais candidatos disponíveis no mercado e o Balcão do Emprego ABDL vai ajudá-los a encontrar nossas vagas e assim fortaleceremos nosso setor", explicou Leandro Carvalho, presidente da ABDL.

Uma equipe de psicólogos da empresa Ouzaz, especializada em recolocação, fará testes vocacionais gratuitos e cuidará da triagem, do cadastro e das indicações para as vagas disponíveis.

No Balcão de Empregos e do Empreendedor da ABDL, estará um representante do Sebrae que dará orientações aos candidatos que tiverem perfil para empreender.

Transcrito de Leonardo Neto - Publishnes - 15/07/2016

A vida depois de… usar a escrita para sobreviver na cadeia

O encontro com Mauro Moncks, 55 anos, foi marcado em um dos seus locais de trabalho: o Beirute da Asa Sul. Desde outubro do ano passado, sua realidade consiste em trabalhar de motoboy durante o dia e vender livros de bar em bar à noite.




Até aí, nada muito diferente das centenas de pessoas que, como ele, trabalham durante o dia e vendem flores, DVDs, bombons em comércios noite adentro.

O diferencial está no fato dele ser o autor dos livros que carrega em uma bolsa lateral. Os exemplares contam, em forma de poesia, um pouco do que viveu – ou deixou de viver – durante os oito anos em que esteve preso no Complexo Penitenciário da Papuda.

“Cem dias de reclusão/ sem palavras para explicar/ A angústia que eu sinto, irmão/ Como é difícil aguardar/ De novo o renascimento/ Que se chama alvará/ Esperado a qualquer momento/ Eu sei que ele vai chegar/ E como um recém-nascido/ Do cárcere eu vou sair/ Será cortado o meu umbigo/ Em vez de chorar, vou sorrir”.

O trecho acima faz parte de um dos 152 poemas escritos por Monck e publicados na obra “Eu te amo, Liberdade“. Os textos foram fluindo e as palavras conseguiram salvar e libertar a mente, enquanto o corpo continuava atrás das grades.

Nascido em Pedro Osório (RS), Mauro casou-se quatro vezes. Com a última esposa, Marilene, continua junto até hoje. O primeiro casamento foi aos 16 anos e desse relacionamento nasceu a filha mais velha, Flor da Paz, que morreu apenas três anos depois. No total, ele tem quatro filhos.

Moncks traficava maconha em grande quantidade. Fazia a rota Brasil/Paraguai, quando foi preso pela Polícia Federal em 2006. Foram seis anos no regime fechado e dois no semiaberto. Grande parte das lembranças são negativas, mas por um aprendizado ele agradece:

"Antes de entrar na cadeia eu tinha a mania horrível de reclamar muito. Foram 45 anos me queixando de tudo. Do trânsito, mulher, filhos, falta de dinheiro. Ao cair na cadeia eu falei: ‘bicho, do que eu estava reclamando? Eu era feliz, vivia no paraíso e não sabia’. Porque o sistema carcerário brasileiro é, literalmente, a instituição mais falida que existe. É um depósito de homens."

A cela onde ficou por 2.190 dias mede três metros por um e vinte, abrigava 20 homens, seis camas e um banheiro. Era nesse cenário que passava 22 horas por dia, as outras duas eram de banho de sol. “Muitos presos não representam perigo ao entrarem no presídio, mas sim ao sair. Porque o pior da cadeia não é a prisão física, é a mental”, conta Mauro.

Dentro do presídio existem os “corres” (forma que os presidiários encontram para ganhar dinheiro enquanto estão presos). Alguns atuam como agiotas, outros vendem drogas, pedaços de espaço no banho de sol e “terrenos” para receber visitas.

“Lá dentro a droga vale ouro, vale muito dinheiro. Então, as mulheres arriscam suas liberdades para garantir dinheiro para o marido. Esse para mim é o ‘corre’ mais pesado. Eu jamais faria esse tipo de coisa, não arriscaria a liberdade da minha mulher e não queria aumentar meu tempo”, explica.

Foi então que o escritor começou a fazer faxina nas celas, lavar roupa dos outros presos, tudo por dinheiro. Até que um dia, um dos presidiários o procurou para contar que estava com 40 anos, sendo que 20 saindo e voltando para o presídio, e a mulher havia cansado, resolveu largá-lo. “Ele me disse que estava querendo reconquistá-la e me passaria o perfil dela para que eu escrevesse uma carta. Alguns dias depois ele me procurou dizendo que o plano tinha funcionado e a mulher voltou para ele graças à minha carta”, conta rindo.

O fato o deixou famoso entre os companheiros de cárcere e logo Mauro estava cobrando um real por carta para reconciliar os presos com suas esposas. Nos dias bons, chegava a escrever 20 e conseguia entregar para a esposa de R$ 600 a R$ 700 por mês. A nova função fez com que ele parasse de fazer as outras atividades de limpeza.

“Minha esposa era dona de casa, estava sustentando nossos quatros filhos, não podia deixar ela na mão. As pessoas acham que todos os presos recebem auxílio reclusão, mas só as pessoas que estão contribuindo com o INSS até o dia da prisão têm esse direito para os dependentes. Eu não estava, mas descobri depois que o meu pai estava pagando para mim lá do Rio Grande do Sul”, conta.

Nasce o “semeador de palavras”

Batizado na igreja católica aos 11 anos, Mauro não tinha religião. Ele não acreditava que a salvação de um ser humano estava dentro de uma igreja e achava que a Bíblia era o livro dos ignorantes.

No presídio, sempre ao final do dia, os evangélicos realizavam um culto, onde os irmãos de cada cela liam um trecho da Bíblia. Ninguém se via, mas a oração era em conjunto.

“Eu comecei a escutar aquelas palavras: ‘E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’, ‘Tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz’, e a passagem de Coríntios 13 que fala sobre o amor, e comecei a me inspirar e escrever poemas através dos meus sofrimentos. Eu precisava descarregar em alguma coisa”, diz Mauro.

O escritor deixa claro que sua publicação não é religiosa, apenas inspirada na Bíblia, que realmente é um livro poético. Apesar disso, garante que Deus é seu parceiro e pegava em sua mão em todos os momentos que escrevia.

As palavras foram fluindo e Mauro reuniu um bom material. Foi quando começou a ter uma preocupação: como tiraria todos esses textos da penitenciária? Dentro da cadeia acontecem as invasões. Uma bomba de efeito moral é jogada, a polícia entra em todas as celas e procura armas, drogas, espalham e rasgam tudo o que encontram, e os presos são colocados seminus no pátio para serem revistados.

Com medo de perder seus pensamentos, enviava as folhas pela esposa nos dias de visita. Os visitantes são revistados para entrar, mas não para sair (raramente acontece). Se ela fosse apanhada com os escritos, só quem sofreria o castigo seria Mauro. Aos poucos, ela tirou da cadeia todo o material escrito.

Querendo se ver livre o mais rápido possível do presídio, Mauro começou a estudar e depois passou a fazer faxina para diminuir a pena. Conseguiu diminuir oito meses do tempo total.

Já no regime semiaberto, contou com o apoio da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap/DF). Foi encaminhado para a Secretaria de Cultura, onde trabalhou no projeto Mala do Livro. Lá recebeu curso e o prêmio de melhor de contador de histórias. Durante dois anos abastecia os pontos de ônibus e estações do metrô com livros, e lia para crianças em creches.

Em 2013, estava contando histórias infantis na Bienal do Livro e participou de uma matéria para uma emissora local. O dono da editora Thesaurus, Tagore Alegria, assistiu e entrou em contato. “Para lançar um livro, com diagramação boa, bem feito, como o que eu consegui publicar, é muito difícil, eu jamais faria por conta própria”, fala o autor.

Ficou combinado que Mauro trabalharia como motoboy, fazendo entregas para a editora durante o dia, e em confiança conseguiria uma tiragem de mil obras. O pagamento sairia da venda dos livros, então o autor teria que se virar para conseguir aumentar as vendas. O lançamento foi realizado no restaurante Carpe Diem, mas não deu muita gente e só foram compradas 23 unidades.

Em outubro, ele começou a peregrinação pelos bares de Brasília oferecendo seu trabalho autoral. Já está na segunda edição e conseguiu vender mais de 1.650 exemplares.

“Meu livro é uma incursão poética dentro do sistema prisional. Estou duplamente realizado, fiz bem para mim e hoje estou ajudando muitas pessoas. Outro dia fui chamado de ‘semeador de palavras’, adorei esse nome. Vou escrever uma autobiografia e vai ter esse nome”, diz sorrindo.

O material escrito por Mauro foi dividido em quatro livros. O segundo, “De férias no inferno”, deve sair ainda este ano ou no começo do ano que vem, e reúne crônicas, contos e personagens da cadeia. Os outros dois, ainda sem título, seguem a linha do “Eu te amo, Liberdade” e são poesias.

Transcrito de Bruna Sabarense - Metropoles - 02/07/2016

Pátio de shopping aceita livro usado como pagamento no estacionamento

Que a leitura abre caminhos, todo mundo sabe. A novidade é que agora ela também abre o estacionamento, de graça, no Pátio Cianê Shopping! Após o sucesso da Biblioteca Social, quem em menos de uma semana já arrecadou mais de 200 livros, o empreendimento irá conceder gratuidade para estacionar a todos que quiserem fazer suas doações entre os dias 7 e 13 de julho.

Trata-se de uma ação inédita na região, que visa mobilizar a população a compartilhar conhecimento. A ideia é que os livros que não estão sendo utilizados saiam das prateleiras para mudar a história de outras pessoas. As trocas podem ser feitas nos guichês ao lado do cinema, de segunda-feira a sábado, das 10 às 22h, e aos domingos e feriados das 14h às 20h.



Para isso, uma Biblioteca Social localizada no 1º piso do Bloco A, próximo à Marabraz, receberá livros para todas as idades. Toda a arrecadação recebida será encaminhada para duas entidades beneficentes localizadas na Zona Norte da cidade.

Uma delas é a biblioteca comunitária “Eliana Gonçalves Pereira", no Centro Esportivo do Maria Eugênia, que atende cerca de 200 pessoas por semana por meio da Associação Kairós de Sorocaba. A campanha irá contemplar ainda as crianças e jovens que utilizam a biblioteca do bairro Laranjeiras, mantida por um grupo de voluntários.

Antes mesmo de os livros serem entregues, o público frequentador do Pátio Cianê Shopping poderá ter acesso a todos os títulos doados, desfrutando de um ambiente preparado para a leitura, durante o horário de funcionamento do empreendimento.

“Seguindo o conceito de que livro parado não conta história, queremos enfatizar o quanto é simples mudar a realidade de alguém. Nossa proposta é facilitar uma ação solidária e de valorização da cultura”, explica Rhuann Destro, gerente de Marketing do Pátio Cianê Shopping.

Transcrito de Portal do Shopping - 06/07/2016

Algoritmo revela como criar o best-seller perfeito

Livros com grandes quantidades dos verbos “need” (precisar), “want” (querer) e “do” (fazer) têm até duas vezes mais chances de ser um sucesso de vendas. Se o termo “OK” aparecer com frequência, são três vezes mais, confirmando nossas suspeitas sobre o apelo da capa de A Culpa é das Estrelas, de John Green. Fique longe de unicórnios, duendes e outras criaturas mágicas: ao contrário do que a saga O Senhor dos Anéis parece indicar, o público leitor, na média, prefere gente como a gente nos papéis principais. E uma última dica: se seus personagens pensam, agarram, seguram e perguntam mais que a média, você pode estar na trilha do estrelato.



Essas são algumas das descobertas de Jodie Archer, que costumava ser responsável pelas seleções da editora Penguin, e Matthew Jockers, professor de inglês da Universidade de Nebraska-Lincoln, que mapearam 20 mil romances aleatórios das últimas três décadas para tentar descobrir a fórmula do livro perfeito. Eles não se limitaram, claro, a simples palavras. Aspectos muito mais sutis de cada obra, como a construção do enredo e das personagens e as curvas da narrativa, foram levados em consideração.

O resultado é um algoritmo apelidado de “bestseller-ometer”, algo como “sucesso de vendômetro”, que, segundo os autores do estudo, é capaz de identificar um futuro hit das livrarias com até 80% de precisão. Os detalhes do sonho de consumo de qualquer editor foram publicados, é claro, em um livro, chamado The Bestseller Code: Anatomy of the Blockbuster Novel (St. Martin’s Press, R$ 83,00), ainda sem edição em português. Arte não é estatística, mas se você ainda não chegou lá, talvez a ciência possa dar aquele empurrão que falta.

Transcrito de Bruno Vaiano - Galileu - 11.07.2016

6º Prêmio Ecofuturo de Bibliotecas anuncia vencedores

O Instituto Ecofuturo, que tem a Suzano Papel e Celulose como mantenedora, anuncia os vencedores da 6ª edição do Prêmio Ecofuturo de Bibliotecas, iniciativa que visa reconhecer o trabalho de promoção de leitura literária realizado nas 107 bibliotecas comunitárias da Rede Ler é Preciso, implantadas pelo Instituto em parceria com a iniciativa privada, poder público e comunidades.



A Biblioteca Prof. Maria Olivia Otero Artioli, localizada em Agudos, no interior paulista, conquistou o primeiro lugar com o projeto “É preciso gostar de ler”, no qual realizou atividades de promoção de leitura literária durante todo o ano de 2015.

Já em Magé, no Rio de Janeiro, a Biblioteca Prof. Elzira Bastos Amaro, em parceria com o departamento pedagógico da Secretaria de Educação, ficou com a segunda colocação com o projeto “Os contos que eles contam e os que nós contamos: rompendo com histórias únicas”.

Além de ações de promoção de leitura, todo o espaço da unidade foi reorganizado, incluindo catalogação das obras e separação dos livros que seriam trabalhados nas atividades.

A terceira colocada foi a Biblioteca Mestra Augusta, de Turmalina, Minas Gerais, que focou seu projeto “De mão em mão, de voz em voz, livros à mão cheia, sempre”, já realizado há quatro anos, em atividades de promoção de leitura que relataram a diferença entre ler e contar, trabalhando a articulação com públicos variados e a divulgação em diversos canais de comunicação do município.

Os três primeiros colocados ganham 50 livros de literatura novos para complementar o acervo da unidade e dois representantes de cada biblioteca vencedora participarão da 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Transcrito de Publishnews - 08/07/2016

Aluna de escola pública formada em Harvard lista mitos sobre estudar fora

Mais do que sorte e talento, Tabata Amaral de Pontes, de 22 anos, atribui suas conquistas às oportunidades. Foram as bolsas de estudo e mentorias que abriram de vez as portas para que a aluna esforçada de escola pública na periferia de São Paulo conseguisse na Universidade Harvard , nos Estados Unidos, seu diploma de graduação em ciências políticas e astrofísica.



A convite do G1 , Tabata reavaliou sua trajetória para listar os cinco maiores mitos sobre estudar fora do país.

Desde junho de volta ao Brasil, a filha de ex-vendedora de flores está envolvida em um projeto social que ajudou a fundar, o Mapa Educação , que busca mobilizar os jovens para que a educação seja prioridade no debate político. Em agosto, começará a trabalhar em um fundo de educação de uma empresa multinacional em São Paulo.

Trajetória olímpica

Bem antes da vaga de emprego em uma multinacional, ainda quando estudava na rede pública e tinha 12 anos, Tabata começou uma carreira como “atleta” do conhecimento. Ao todo, colecionou mais de 30 medalhas em olimpíadas de física, química, informática, matemática, astronomia, robótica e linguística.

A possibilidade de morar e estudar no exterior começou a se desenhar quando Tabata teve a oportunidade de deixar a rede pública. À época ela tinha sido destaque na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) e ganhou uma bolsa no Colégio Etapa.

O colégio também bancou moradia e alimentação da estudante porque sua casa ficava distante, e os pais não podiam arcar com a despesa. Lá viu os horizontes se alargarem e ouviu pela primeira vez sobre a possibilidade de fazer faculdade fora do país.

Quando estava no segundo do ensino médio ganhou uma bolsa da escola Cellep para estudar inglês e contou com a ajuda de instituições para cobrir os gastos do application (processo de candidatura às vagas das universidades norte-americanas).

Quando enfim escolheu Harvard, há quatro anos, Tabata também tinha sido aceita por outras cinco universidades americanas, entre elas, Caltech, Columbia, Princeton e Yale.

CINCO MITOS SOBRE ESTUDAR FORA

Tabata selecionou e deu sua opinião sobre conceitos que “perseguem” os candidatos:

1) É preciso ser gênio

Para ser aceito em uma universidade americana, é preciso ser mais que bom aluno. As atividades extracurriculares são muito bem vistas pelos avaliadores. O diferencial de Tabata foi a paixão pelas ciências e pelas olimpíadas. Para ela, não há nada de genialidade por trás das aprovações.

“Tem pessoas que gostam muito de algumas áreas e são dedicadas, por isso acabam indo bem. Harvard vai valorizar que você tenha uma paixão, que se dedique e faça alguma coisa bacana com isso para a sociedade.”

2) Só ricos estudam lá

Fazer graduação em uma universidade americana de ponta pode custar até R$ 500 mil, incluindo mensalidades, hospedagem e alimentação durante os quatro anos. As bolsas são concedidas a partir da situação socioeconômica da família, e não por mérito. Se o aluno foi aceito, a instituição vai dar as condições para que ele estude, independentemente de sua condição financeira.

Tabata é filha de uma ex-vendedora de flores e tem um irmão, mais novo, universitário. O pai trabalhava como cobrador de ônibus e faleceu pouco antes de ela embarcar para o exterior. A família não poderia arcar com nenhuma despesa. Ela recebeu bolsa integral da universidade e ajuda de custo para transporte, passagens aéreas para o Brasil e compra de livros, mas trabalhou durante o curso para poder ajudar a mãe no Brasil. “Nada que atrapalhasse meus estudos.”

Para ela, falta de dinheiro não é impeditivo. “Se você tem um sonho grande de estudar nos Estados Unidos e não tem como pagar, não desista por isso. Eu realmente não poderia pagar um centavo e consegui.”

3) Inglês tem de ser fluente

O application exige um teste que mede da proficiência do aluno no inglês (Toefl) e uma prova chamada SAT, uma espécie de Enem americano, toda em inglês. A ideia é medir o quanto o aluno domina o idioma. No entanto, para ser aprovado, no processo como um todo, a fluência no inglês não é determinante.

Tabata aprendeu inglês em um ano, depois que ganhou a bolsa do Cellep. Ela conta que conseguiu ter notas suficientes nas provas do application , mas não era fluente.

“Tinha um inglês muito ruim. Chegando em Harvard tive dificuldade de me comunicar com os americanos, tanto que meus melhores amigos são os latinos e os indianos. Fui sentir que estava fluente só depois do meu primeiro ano, quando fui entender música e filme.”

Ela conta que só foi fazer piadas em inglês no último ano de curso. “Lembro da primeira vez que alguém falou para mim: a Tabata também está engraçada em inglês. Não lembro o que eu disse, mas um amigo falou: nossa ‘ up grade ’!”

4) Quem estuda nos Estados Unidos não volta para o Brasil

Ficar nos Estados Unidos nunca foi um projeto, mesmo com as pessoas dizendo que retornar ao Brasil seria uma “burrice.” Ela elenca pelo menos dois motivos: o contexto político pelo qual o país atravessa e a vontade de impactar a educação.

“Eu estudei ciências políticas, sou fascinada por esse tema. A gente está passando por um contexto histórico muito importante para o Brasil. Então, quer laboratório mais bagunçado e mais interessante para quem gosta de aprender como esse?”

Tabata diz que se ficasse nos Estados Unidos seria mais difícil voltar depois ao Brasil. “Lá a vida é mais fácil, mais segura e mais meritocrática. Só que eu quero ter impacto aqui, entrar para a política. Nunca considerei ficar.”

5) Meritocracia: quem quer consegue

A história da brasileira inspira muitos comentários do tipo “quem quer consegue”, mas para ela, suas conquistas não têm a ver com mérito.

“Vivemos em um país muito desigual e injusto. Tive a benção de ter muitas oportunidades bacanas e aproveitar. Esforço é muito importante, mas se eu não tivesse tido essas oportunidades eu não estaria aqui.”

Ela diz que sua trajetória prova o quanto a educação pode transformar e servir de inspiração. “Se você pegar a população brasileira e der uma educação de qualidade, boas oportunidades, nosso país vai ser mais justo e mais bacana. Não dá para falar ‘quem quer consegue’ porque não é assim. Quem quer e está em uma escola pública de baixa qualidade em uma cidade pequena, não consegue. Sinto muito, mas é verdade.”

Dificuldades e lições

A adaptação em Harvard não foi fácil. Ela embarcou logo após perder o pai, teve dificuldades com idioma, com a “comida sem sabor” e com o frio, que chegava até 27 graus negativos. “Me senti sozinha e cheguei a me questionar se aquele era realmente meu lugar.”

Mas vieram os amigos e a vida, entre estudos e trabalho, foi tomando rumo. “Levou um tempo para eu me encontrar, mas Harvard passou a ser um dos meus lugares preferidos no mundo que eu sinto muitas saudades agora.”

De lá, a maior lição que fica é a importância das pessoas. “Quando você passa quatro anos com gente tão fora de série, você se sente com vontade de fazer mais. Não importa o que eu faça, vou me preocupar em estar perto de pessoas que sabem muito mais do que eu. O que te faz crescer são as pessoas.”

Transcrito de Vanessa Fajardo - G1 - 08/07/2016

Estação das Letras já programa novos cursos e oficinas e eventos gratuitos


Estudar temas interessantes, conviver com escritores que são referência em gêneros literários variados, estar perto de profissionais bem-sucedidos no mercado editorial brasileiro, e, claro, tomar um café e interagir com gente bacana fazem parte dos objetivos da Estação das Letras, considerada reduto da escrita e da literatura nacionais no Rio de Janeiro.



O segundo semestre da Casa está com as inscrições abertas e programação diversificada para todos os gostos. São cursos, oficinas e workshops com temas que vão desde os processos criativos em romances e contos, passam por técnicas de produção de livro de ficção para publicação, estúdio de conto, literatura infantojuvenil até redação e atualização em língua portuguesa.

Os premiados escritores Ronaldo Wrobel, Carlito Azevedo, Elias Fajardo, José Castello, Ninfa Parreiras, Letícia Wierzchowski, Marcelino Freire e Arthur Dapieve fazem parte do time que conduz as aulas a partir de agosto, na sede da Estação (Rua Marquês de Abrantes, 177, no Flamengo). As matrículas podem ser feitas pelo www.estacaodasletras.com.br e 21 3237-3947.

Merecem destaque ainda os eventos gratuitos da Casa: osConcertos de Poesia são realizados em uma sexta-feira a cada mês, com vistas à promoção do que de melhor o gênero vem produzindo no Brasil. Neles, o poeta da vez faz uma leitura dos poemas que marcaram sua trajetória; já no último sábado do mês, acontecem as Leituras Imperdíveis, caracterizadas por serem encontros de leituras informais com escritores experientes ou iniciantes. Numa terceira possibilidade, no Vale Pena Ler de Novo, a Estação das Letraspromoveencontros de leitura de obras clássicas que merecem e devem ser revisitadas sempre, tendo especialistas em literatura como mediadores.


O SEMESTRE NAS SALAS

Introdução à Leitura e Criação Poéticas
Oficina de poesia na qual, além da leitura e criação de textos, serão trabalhados alguns conceitos teóricos sobre o gênero e seu lugar na história da literatura brasileira.
Prof.a Suzana Vargas – Poeta, autora de literatura infantil e ensaios. Mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Criou e coordena a Estação das Letras.
De 01/08 a 26/9, 07/11 a 19/12 (2as feiras) das 16h às 18h
4x R$ 330,00 | Tx. de matrícula: R$ 30,00

Oficina de Biografia
Qual o ponto de partida para o escritor que deseja aventurar-se nesse tipo de obra?
Prof. Denilson Monteiro - é autor de “Dez, nota dez! Eu sou Carlos Imperial”, livro que conta a movimentada vida do polêmico multimídia Carlos Imperial, entre outros.
De 11/08 a 01/12 (5as feiras) das 16h30 às 18h30
4x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina de Revisão e Copidesque
Para formar profissionais habilitados a trabalhar na área de editoração, como editores de texto, copidesques e revisores de provas.
Prof. Alvanísio Damasceno – É jornalista, revisor, preparador de originais e redator. De 09/08 a 27/09 (3as feiras) das 18h45 às 20h45
2x R$ 400,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Processos Criativos em Romances e Contos
Oficina de texto que pretende estudar, através da criação individualizada, os processos criativos de contos e romances.
Prof. Ronaldo Wrobel –Escritor e advogado. Em 1998 lançou seu primeiro romance, "Propósitos do Acaso" (Nova Fronteira).
De 10/08 a 14/12 (4as feiras) das 16h30 às 18h30
4x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Redação e Atualização em Língua Portuguesa
Aprendizagem e treinamento da coerência, coesão e concisão textuais do idioma.
Prof.ª Sheila de Assumpção Cavalcante – Bacharel e licenciada em Letras (UFRJ).
De 10/08 a 16/11 (4as feiras) das 18h45 às 20h45
3x R$ 330,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina de Poesia
Destinada a escritores que desejam aprofundar seus conhecimentos e sua prática textual para publicação. Criação de textos.
Prof. Carlito Azevedo – Poeta e tradutor. Autor, entre outros, de Monodrama. Edita a revista Inimigo Rumor.
De 10/08 a 14/12 (4as feiras) das 18h45 às 20h45
3x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Produzindo seu Livro de Ficção com Vistas à Publicação
Neste curso – limitado a um máximo de 08 participantes – os alunos desenvolverão seus textos para que estes façam parte de um livro individual.
Prof. Elias Fajardo – Jornalista, escritor, roteirista e artista visual.
De 11/08 a 17/11 (quinzenalmente, às 5as feiras) das 15h30 às 18h30
Dias: 11 e 25/08; 08 e 22/09; 06 e 20/10; e 03 e 17/11.
R$ 250,00 por aula (Não há descontos) | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Estúdio do Conto
Quinze alunos, quinze contos, um livro. Pré-requisito envio de um texto narrativo de no máximo 2 laudas até 01 de agosto de 2016.
Prof. José Castello – Escritor e crítico literário de O Globo.
Dias: 12 e 13/08, 23 e 24/09, 21 e 22/10, 18 e 19/11 (6as feiras das 18h às 21h e sábados das 10h às 13h)
4x R$ 500,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Escrita Criativa – Desbloqueando sua Capacidade de Escrever
Leitura de textos lúdicos. Exercícios a cada aula, com estímulos à criação. Desbloqueio da espontaneidade ao redigir. 
Prof.ª Silvia Carvão – Formada em Letras pela UERJ.
De 15/08 a 03/10 (2as feiras) das 18h45 às 20h45
2x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina de Literatura e Criação de Textos Infantis e Juvenis
O fazer literário para a infância e a juventude. As três linguagens da obra literária: texto, ilustração e projeto gráfico.
Prof.ª Ninfa Parreiras – Escritora de obras literárias para crianças e jovens e de livros de ensaios.
De 23/08 a 22/11 (3as feiras) das 18h45 às 20h45
3x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Escrevendo Livros Infantis e Juvenis
Do texto ao esboço de um livro para crianças: o processo de escrever, passar a limpo, fazer a arquitetura/o design de um livro.
Prof.ª Ninfa Parreiras
De 23/08 a 22/11 (quinzenalmente, às 3as feiras) das 16h30 às 18h30
Dias: 23 e 30/08; 13 e 27/09; 04 e 18/10; 01 e 22/11.
4x R$ 200,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Técnicas de Construção do Romance
Um olhar mais profundo sobre a construção e a criação do romance.
Prof.ª Letícia Wierzchowski – Autora de A Casa das Sete Mulheres,romanceadaptado pela Rede Globo.
Dias 19/08 e 20/08 (6as feira das 18h45 às 20h45 e sábado das 10h às 17h)
2x R$ 300,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina do Conto (Avançada)
Desenvolvimento de técnicas de narrativa a partir da análise crítica de contos clássicos e contemporâneos.
Prof. Jair Ferreira dos Santos – Poeta, ficcionista e ensaísta, ganhador do prêmio APCA.
De 24/08 a 30/11 (4as feiras) das 16h30 às 18h30
3x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Poesia para ler a vida – Leitura e declamação
A técnica da consciência corporal para formação de atores vai ser nosso instrumento para embarcar nessa viagem.
Prof. Eduardo Tornaghi –Publicou "Matéria de Rascunho") e promove "Peladas Poéticas" (toda 4ª feira no Leme).
De 01/09 a 17/11 (5as feiras) das 18h45 às 20h45
3x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Escrita Criativa – A voz do autor
O processo criativo; desbloqueio; o papel (tela) em branco; exercícios de desenvolvimento do pensamento criativo; análise de texto; formas expressivas; experiências coletivas; linguagem autoral; texto.
Prof.ª Angela Carneiro –. Recebeu os mais importantes prêmios nacionais, chegando a ser um dos autores infantis mais premiados do país.
De 03/09 a 26/11 (sábados) das 10h às 12h
3x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina do Conto (Introdução)
Leitura e estudo de contos que representem diferentes tendências.
Prof. João Paulo Vaz – Contista, autor deSete Estações (2003), entre outros.
De 05/09 a 28/11 (2as feiras) das 18h45 às 20h45
3x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Introdução à Literatura Russa
O curso terá um enfoque histórico e crítico, a partir da leitura de trechos escolhidos de dez escritores.
Prof. Rubens Figueiredo – Tradutor há 23 anos.
De 06/09 a 27/09 (3as feiras) das 16h30 às 18h30
R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

TOCA – Oficina de Criação Literária
Prof. Marcelino Freire – Escritor pernambucano,autor, entre outros, dos livros Contos negreiros, vencedor do Prêmio Jabuti 2006 e Nossos Ossos, publicado também na Argentina e na França, vencedor do Prêmio Machado de Assis 2014.
Dias: 09 e 10/9, 14 e 15/10, 04 e 05/11, 02 e 03/12 (6as feiras das 18h às 21h e sábados das 10h às 13h)
4x R$ 500,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Janela sobre a palavra – Escrita Criativa II
Debruçar-se sobre a palavra, buscando a forma mais adequada de expressar as ideias, a desenvolver a escrita com criatividade e a exercitar o olhar para o aprimoramento do texto.
Prof.ª Silvia Carvão – Formada em Letras pela UERJ.
De 14/09 a 05/10 (4as feiras) das 18h45 às 20h45
R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina da Crônica
A oficina buscará definir, apreciar e praticar a crônica, gênero jornalístico-literário que alguns estudiosos veem como tão essencialmente brasileiro quanto a jabuticaba.
Prof. Arthur Dapieve – Professor universitário, jornalista, escritor e editor.
Dias 15 e 22/09 e 29/09 (5as feiras) das 18h45 às 20h45 
2x R$ 200,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Boccaccio sem censuras
Um mundo descoberto pelo autor do Decameron que identifica o erotismo como lei da natureza, não mais o amor simbólico e platônico da Idade Média. 
Prof. Andrea Lombardi – Professor do Departamento de Neolatinas da UFRJ e especialista na obra de Boccaccio.
De 16/09 a 21/10 das 18h às 20h
2x R$ 250,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Oficina de Tradução
Visa ao aprimoramento das técnicas de tradução e ao desenvolvimento da consciência crítica relativa às escolhas envolvidas no trabalho do tradutor.
Prof. Rubens Figueiredo – Tradutor há 23 anos.
De 04/10 a 28/11 (3as feiras) das 16h30 às 18h30
2x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Editoração e Preparação de Originais – Teoria e prática
A editoração e suas etapas, o livro e seus elementos.
Prof. Alvanísio Damasceno
De 11/10 a 06/12 (3as feiras) das 18h45 às 20h45
2x R$ 400,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

Escrita Criativa – Desbloqueando sua Capacidade de Escrever
Leitura de textos lúdicos. Exercícios a cada aula, com estímulos à criação. Desbloqueio da espontaneidade ao redigir. 
Prof.ª Silvia Carvão
De 24/10 a 12/12 (2as feiras) das 18h45 às 20h45
2x R$ 350,00 | Tx. de matrícula: R$ 50,00

SOBRE A ESTAÇÃO

Nascida para concretizar um sonho pessoal de sua criadora, a poeta e mestre em teoria literária Suzana Vargas, e de um grupo de escritores, entre eles Flávio Moreira da Costa, Victor Giudice, Sérgio Sant’anna e Antônio Torres, a Estação
tem 20 anos, uma bagagem de mais de 15 mil alunos em sua trajetória, e é reconhecida como reduto da literatura nacional no meio do caminho entre o Centro e a Zona Sul do Rio de Janeiro.

A grade de aulas disponibiliza cursos regulares, que duram até quatro meses, oferecidos nas modalidades Introdução e Avançado, e cursos mais rápidos de um ou dois meses, workshops, ciclos de palestras, além de aulas rápidas aos sábados. Em 2015, inaugurou ainda seu “Núcleo de Línguas e Literaturas Estrangeiras”, para difundir o ensino de idiomas estrangeiros no contexto de suas literaturas.

Dessa história merece reverência ainda o serviço fixo de análise de originais, criado há uma década, atendendo a autores de todas as regiões do país.

Para empresas, há cursos direcionados aos funcionários, com o objetivo de treinar a escrita adequada e estimular as capacidades criativa e interativa dos funcionários, bem como ampliar os conhecimentos culturais dos mesmos. A LiterÁrea, livraria da Estação, é um polo a parte para reuniões, lançamentos, confraternizações e, claro, venda de obras escolhidas com muito cuidado.

Transcrito de http://www.blogdogaleno.com.br/2016/07/14/estacao-das-letras-ja-programa-novos-cursos-e-oficinas-e-eventos-gratuitos

Feira do Livro de Brasília vai ter literatura, blogueiros, quadrinhos e mangás


Voltada para alunos e professores, a Feira do Livro de Brasília de 2016, a ser realizada de 16 a 24 deste mês, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, apresentará uma programação com diversas figuras da cultura local e atrações para múltiplas faixas de público. Entre outros, participarão do evento Frei Betto, Vicente Viladarga, André Vianco, Frederico Barbosa, Jô Oliveira, e Felipe Fortuna. O pessoal da internet, com os blogueiros Juliana Cirqueira e Raphaella Barros, também anima os debates.



A Otaloukos, evento anual organizado por um grupo de jovens da Ceilândia, é especialmente conhecida entre os amantes da cultura pop japonesa, principalmente os mangás e animes. Eles estarão na Feira dia 23 de julho, às 14h, para falar daquilo que gostam mais: quadrinhos e mangás.

“Além de mim, três historiadores participarão da discussão. Queremos fazer um recorte histórico, falar de eventos nos quadrinhos”, explica Jean Alysson, membro da Otaloukos que estará coordenando o debate.

Além do pessoal da Otaloukos, Nestablo Ramos, apresentador do programa Enerdizando, falará sobre a produção de quadrinhos no Brasil e sobre Star wars. “Vamos falar sobre a aplicação das marcas no mercado, os filmes e os games, principalmente. Claro, sempre surge um outro tema que não está planejado”, conta. Sobre viver de quadrinhos no Brasil, Nestablo é realista. “O mercado ainda não possibilita viver disso, é preciso ter um bom plano B. Quem é bom em economizar, pode até conseguir, mas quem vai todo ano pra Disney comprar os produtos deStar wars vai ter dificuldade”, diverte-se.

Público nerd

Para quem acredita que Luke Skywalker ficaria deslocado em uma feira literária, Nestablo diz que o público nerd e geek de Brasília podem tornar esse tema bastante relevante. “Só temos ideia do quanto esse público é grande quando participamos dos eventos dedicados a isso, como o Kodama ou o Geek Primer. A Feira do Livro não é exatamente o caso. Claro que literatura engloba quadrinhos, mas essa é uma fatia pequena”, conta.

Ao lado dos jedis e dos sketchs de super-heróis, os clássicos literários têm seu espaço. José Maria Botelho, jornalista, professor e escritor, conduzirá uma palestra onde falará sobre a influência de Euclides da Cunha no trabalho de Guimarães Rosa. “De certa forma, Guimarães recuperou o que Euclides fez, que foi revelar para o Brasil que havia um país apartado da ocupação civilizatória litorânea, um segundo Brasil no interior. Revelou um sertanejo que pensava, lutava e planejava”, conclui.

Filho da escritora Ruth Guimarães, Botelho criou uma familiaridade com a literatura clássica, que vai além de chamar autores renomados pelo primeiro nome. Mesmo assim, ele não deixa os mais modernos fora de sua estante. “Não é uma questão de clássicos versus modernos, mas de conectá-los. É preciso ler ambos, Euclides e Guimarães e os novos, como Milton Antunes”, afirma ele, oferecendo alívio aos que se sentem divididos entre dois mundos.

Botelho participará da Feira do Livro de Brasília pela primeira vez, mas já esteve na Bienal de São Paulo, na Feira do Livro de Buenos Aires e em Frankfurt. Para ele, a importância de eventos como feiras literárias é fundamental, mas desde que haja mediação. “Não dá pra soltar a molecada por aí e deixar por isso mesmo, é preciso haver uma orientação e um estimulo. Esse evento oferece debates, mesas-redondas e palestras.”

A preocupação com o público jovem é um fator recorrente para essa edição da Feira do Livro. Nestablo garante que viu grande pertinência no tema da Feira deste ano, Meu mestre, meu livro (ou, no caso, meu quadrinho). “Nosso país não é famoso pela quantidade de leitores, então qualquer oportunidade de incentivar isso, principalmente na garotada, temos que aproveitar para tentar suprir essa carência.”

Nestablo, que já participou de edições anteriores, afirma que esses eventos são importantes para manter viva a vida cultural de Brasília. “Brasília, mesmo sendo a capital do país, é um pouco esquecida com relação a eventos. Isso só está começando a mudar de uns tempos pra cá. Esses eventos culturais são importantes para movimentar, fazer com que o quadrinista, desenhista, o escritor, saiam da caverna e gerem esse movimento que atrai as pessoas”, afirma.

Transcrito de Correio Braziliense - 11/07/2016