segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Press Release 010 – 29.09.2014

Notícias
   Conglomerados de Mídia usam modelo mental para controlar a opinião - http://bit.ly/YeO9Bs

Grandes Clássicos - Obras completas
   Grandes Filósofos - http://bit.ly/1oR1NA6

Lançamento de Livros
   Lançamento de 'Reflexão pela Escrita no Estágio Supervisionado' - http://bit.ly/1C7n9Tn

Eventos
   Curso Revoluções Científicas e Transdisciplinaridade no campus de Araguaína - http://bit.ly/Ye3DoU
   Conferência e Curso de Curta Duração na UFT - http://bit.ly/1rk928n
   II encontro sobre gramática de 4-6 novembro em Fortaleza - http://bit.ly/XPE25z

Destaques
   Aconteceu na escola - http://bit.ly/1raIhWj

Resenha de livro
   Em defesa de uma opinião pública democrática - http://bit.ly/1qrohIE

Resenha de filme
   Narradores de Javé - http://bit.ly/1uiRi0X

Imagem
   Entre o voo e a gaiola - http://bit.ly/1DxtOb6

Imagem - O Prazer da Leitura
   Cultura arborescente - http://bit.ly/1rwELEY

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Curso Revoluções Científicas e Transdisciplinaridade no campus de Araguaína


Cimba – 6ª feira, 26/09 – sala da Pós-Graduação – Bloco IV – 14h
e
EMVZ – 4ª feira – 01 e 08/10 – sala da Pós-Graduação – 8h 

Imagem - O Prazer da Leitura

Cultura arborescente



Conglomerados de Mídia usam modelo mental para controlar a opinião

Antonio Carlos Ribeiro*

A palestra do professor Teun A. van Dijk, da Universidade Pompeu Fabra, Barcelona, sobre Discurso, poder, ideologia, promovida pelo Programa de Pós-graduação Estudos da Linguagem, do Departamento de Letras, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mostrou como o controle do discurso passa pelo contexto, a linguagem, a identidade e os objetivos. O encontro foi no edifício Frings.



Van Dijk é um renomado especialista na área de estudos críticos do discurso e tem desenvolvido projetos de pesquisa sobre discurso e ideologia, racismo e discurso, teoria do contexto, discurso e conhecimento, nos últimos anos. Para ele, os estudos críticos do discurso, das noções de poder e da ideologia têm um papel fundamental. Partindo de uma abordagem sociocognitiva, ele apresentou uma teoria multidisciplinar acerca da reprodução discursiva das ideologias e da estratégia de reproduzir o poder dos grupos sociais dominantes.

Quem controla o discurso, controla o poder e os efeitos do discurso sobre a sociedade, já que discurso é texto contextualizado, revela o controle sobre os meios, os espaços e a ideologia. Essa análise inclui elementos de psicologia, filosofia e neuro-psicologia, detectando até mesmo os elementos que tornam a interação impossível, tomando em conta o tempo de conversa, identidade, objetivos, contexto e espaço das pessoas integrantes do discurso.

Para monitorar temas e tópicos no público leitor, os donos de jornal, afirmou van Dijk, controlam o enfoque e determinam a maneira como tal assunto será abordado. Essa estratégia é mais visível no caso de temas e grupos humanos ideologicamente rejeitados como imigração, negritude e cultura, sobre os quais projetam a polarização positivo x negativo, a ênfase para os interesses dos grupos dominantes que o veículo representa, com as quais tentam ‘amoldar’ os leitores à ‘estrutura sócio-cognitiva dos centros de poder’.

Como a intenção deliberada é controlar a opinião das pessoas, desenvolvem uma macro-estrutura semântica que considera a lista dos temas que serão tratados e rejeitados, tipificando-os com um tom de ameaça e mostrando ênfases negativas sobre sua presença na sociedade. Ao mesmo tempo atenua, mitiga e esconde os medos e inseguranças da sociedade. Isso é visível na proporção do jornal europeu que publica por ano 4.000 artigos sobre imigrantes e apenas 40 sobre o rascimo dos moradores do velho continente.

Outro recurso a compor esta estratégia são as estruturas léxicas. O uso da palavra ‘ilegal’ e outras igualmente negativas suscita a questão sobre quem fala. Nesse caso, são pessoas da classe social dominante. Ele observa que se pode até ouvir membros daquele grupo, mas nunca sozinhos, sempre com outros ‘textos enviezados’ de gente bem nascida. Isso nos remete à metáfora, outro recurso usado frequentemente nos textos. “Os imigrantes chegam à Europa em ondas”, sinalizando algo que ameaça a sociedade de forma múltipla, podendo ‘afogar’, ao mesmo tempo que tira a ênfase das ações violentas da polícia e do segregacionismo disfarçados dos governos, colocando o relato explicativo na voz passiva.

No livro ‘Language and control’ são estudadas as estruturas sintáticas que atenuam ou enfatizam, controlando as estruturas discursivas ao controlar o discurso. Usam o recurso da suposição, falando como se todos os europeus soubessem do que se trata. Isso possibilita compreender o modelo mental dentro dos discursos, para construir a leitura semântica que assegura interesses. Os modelos mentais controlam não apenas o que as pessoas podem falar, mas também pensar. Ao serem usados para controlar um modelo negativo sobre indígenas, p. ex., controlam a visão do grupo inteiro.

Sistemas ideológicos como nazismo, racismo e classissismo utilizam frequentemente os modelos mentais para controlar. Segundo Gramsci, quando as pessoas participam do controle através dos modelos que assumem, isso influencia suas práticas sociais. Esse fato agrega o elemento conhecido como Teoria da Metáfora que é capaz de fazê-los incorporar (inboding) o medo.

Para que esse controle seja abrangente, utilizam-se redes simbólicas para estabelecer o controle sobre os discursos públicos. Na educação esse controle chega a temas como racismo e sexismo, sobre os quais os livros didáticos não abordam. Os que controlam grandes grupos de mídia, especialmente entretenimento e religião, usam esse poder para determinar o que será e como será tratado, através dos modelos mentais.

A estratégia do modelo mental usa a visão multidisciplinar para pesquisar mecanismos de controle dos temas – ênfases, disfarce de proconceitos, universo vocabular e composição do texto – em nível internacional. Sua maior dificuldade é o contra-modelo dos grupos de resistência, entre os quais se destacam os grupos feministas que, ao ‘entrar’ nas mais diversas mídias, acabam criando embaraços aos discursos racistas, machistas e conservadores do status quo. Pior que isso, como outros grupos de traço ideológico definido, disputam espaços de poder de discurso, desconstruindo ênfases e recuperando parte de seu potencial, especialmente através de veículos como a internet.

Uma forma de lhes contrapor a força é a expressão surgida nos Estados Unidos do ‘politicamente correto’, com o objetivo de domesticar perspectivas, frear ênfases e atenuar efeitos no nível do discurso público. Na verdade, o politicamente correto é contra-revolucionário. Essa estratégia foi usada por jornais ingleses conservadores como ‘The Sun’ e ‘The Daily Mirror’ que acusavam os grupos que denunciavam racismo e conservadorismo em geral. E disse que uma pérola do politicamente incorreto é a frase “a gente já não tem liberdade”, observando que esta é uma forma de resistir à resistência.

Diante das denúncias, veículos eletrônicos de comunicação, usam chavões como “nós temos a verdade, eles tema ideologia”, rotulando os grupos de resistência e desclassificando os valores apresentados em seu discurso e a forte crítica que estes grupos fazem aos posicionamentos da mídia conservadora. Van Dijk lembra sempre que ‘debaixo do discurso está o modelo mental’, do qual os veículos de mídia elitista sempre lança mão.

Um elemento novo que pode se tornar efetivamente um fator de resistência são os blogs ou a blogosfera, quando se referem a ele em seu conjunto. Não se sabe ainda se é uma mídia em crescimento, apesar dos muitos sinais, mas já mostrou sinais de força em disputas pontuais com os Mass Media. No entanto, o professor observou que esta é uma pesquisa empírica que precisa ser feita, sem negar a importância da distribuição viral e das vitórias na desconstrução da opinião dita consolidada dos conglomerados de mídia.

Ele lembrou ainda que a blogosfera não tem apenas discurso de resistência e nem atua como blocos organizados, mantendo a autonomia de autores, jornalistas e grupos. Por esses traços e pelos sinais de força que tem demonstrado, a atuação da blogosfera pede pesquisas empíricas sobre sua atuação, que apresente melhores resultados. 

*Pós-Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Tocantins (UFT/Capes) - Campus Araguaína - e Pesquisador da Cátedra UNESCO de Leitura

Transcrito de http://bit.ly/1vkN4D5

Blogs e jornais das mídias alternativas no Brasil:

Empresa Brasileira de Comunicação - EBC

Rede Brasil Atual - RBA

Carta Maior

Correio do Brasil

Viomundo

Conversa Afiada

O Escrevinhador

Diário do Centro do Mundo

O Cafezinho

Brasil 247

Observatório da Imprensa

Agência T1

Blog da Cidadania

Jornal GGN

Nota de Rodapé

Revista Forum

Rudá Ricci

Sidney Rezende

Tijolaço

Blog do Miro

Centro de Estudos de Mídia Alternativa

Socialista Morena

Fazendo Media

Brasilia, eu vi

Midia faz mal

SPressoSP

Vermelho

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Aconteceu na escola

Alfredo Goldman*

Meu filho está no quinto ano do ensino fundamental e, recentemente, chegou em casa com uma lição diferente: escrever um texto no computador.



Fiquei completamente animado com o fato de ele, finalmente, ter uma atividade mais “profissional” no computador. Como pai, confesso que já acho que ele está familiarizado demais com a informática. Após meses com a assinatura dos pinguins da Disney, hoje a moda são jogos de construção e interação: além do extremamente conhecido Minecraft, há vários outros, como o Robocraft. Outra tendência são os tais canais do Youtube, onde vários “famosos” chegam a ter mais de cem mil seguidores. Diversas empresas já seguem esse novo modelo de negócio. Assim, no caso dele não há falta de exposição ao computador, mas ainda sempre de forma lúdica. Foi por conta da mudança em relação a isso que me interessei com esse possível uso “sério” do computador.

- Pai, tenho que digitar e corrigir o texto no formato docx.

Respirei fundo e pensei: como explicar a situação para uma criança dez anos? Minha primeira abordagem foi tentar explicar que não haveria a necessidade de mandar dinheiro para uma multinacional. Naturalmente, não deu certo. Com o que ele entendeu, veio a pergunta: “mas o programa já está aqui, tenho que pagar para usar?” Pensei em explicar que mesmo quando os programas já vêm instalados há um custo. Cheguei a pensar em comentar sobre os riscos de ficar preso em um formato proprietário. Percebi que precisava de ação e não de um discurso filosófico…

O mais fácil que tínhamos às mãos era o GoogleDrive que, apesar de gratuito, não tem relação nenhuma com software livre. Foi bem fácil de mostrar para ele! O exercício foi feito e recursos como o corretor ortográfico foram rapidamente assimilados. No final, mandamos o arquivo no formato “semi-aberto” .rtf e tudo acabou bem.

Ou quase :) .

Na reunião de classe comentei sobre o assunto. A professora não havia nem mesmo pensado nesse problema, mas se mostrou muito receptiva a repensar a situação. Já um outro pai se manifestou e disse que seria importante manter o uso de padrões, de forma a facilitar a inserção dos alunos no mercado de trabalho. Tentei argumentar sobre uma possível transição suave usando o formato .rtf mas, nesse momento, percebi que as minhas convicções relativas a SL não tinham espaço em uma reunião de classe.

Para finalizar, acho importante deixar claros dois pontos. Primeiro, hoje estamos tão habituados às ferramentas de sempre que, apesar de existirem alternativas melhores e até mesmo gratuitas, muitas pessoas ainda estão presas ao universo criado pela Microsoft, achando normal todos os problemas associados com telas azuis e incompatibilidades. Já passou da hora de mudar! Segundo, para conseguirmos nos libertar dos formatos proprietários é importante esclarecer as pessoas sobre suas restrições, como a eventual necessidade de pagamento, a possibilidade de versões serem descontinuadas, além das mais recentes falhas de segurança (back doors).

Levando tudo isso em conta, há alguma razão para não se libertar? A mudança é muito mais suave do que parece…

*Alfredo Goldman é Professor de Ciência da Computação no IME/USP e diretor do CCSL-IME/USP

Transcrito de http://blogs.estadao.com.br/codigo-aberto/aconteceu-na-escola/

Imagem: Entre o voo e a gaiola



Conferência e Curso de Curta Duração na UFT



Palmas, 24 de setembro de 2014

Caro(a) Professor(a), boa tarde.

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação tem o prazer de convidá-lo para participar das atividades a serem desenvolvidas pelo Prof.Dr.Lucídio Bianchetti, na próxima semana.
Esperamos, desde já, contar a sua presença e a de seus orientandos.
Cordialmente,

Prof. Dr. Waldecy Rodrigues/Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Dr. Adriano Oliveira/Diretor de Pesquisa
Profa. Dra. Maria José de Pinho/Coordenadora de Iniciação Científica


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Resenha de livro: Em defesa de uma opinião pública democrática

Por uma opinião pública democrática no Brasil
O sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado

Ana Paola Amorim, Juarez Guimarães e Venício A. de Lima

O livro "Em defesa de uma opinião pública democrática: Conceitos, entraves e desafios", Editora Paulus, 2014 (Coleção Temas de Comunicação), trata da maioria dos brasileiros nos últimos anos, sem desertar de suas convicções democráticas, mas em razão mesmo delas, já construíram amplamente um diagnóstico crítico do modo de funcionamento do atual sistema político no Brasil e anseiam por reformas políticas. Há muitas evidências de que já está se firmando em um número cada vez maior de brasileiros a consciência de que também o sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado a partir de princípios republicanos e pluralistas.



Este livro, para o qual convergem os saberes, as reflexões e as pesquisas de filósofos, cientistas políticos e um conjunto de intelectuais com larga interlocução acadêmica e pública na área de comunicação, pretende contribuir para a formação desta nova consciência e desta nova linguagem em favor de uma opinião pública democrática no país. Como tal, se insere em um conjunto de obras recentes que, sob o prisma de uma convergência entre várias áreas de conhecimento, têm elaborado sobre o desafio da liberdade de expressão nas democracias contemporâneas.

A primeira entrevista, conduzida sob a forma de um diálogo com dois filósofos que frequentam a vanguarda das tradições nacionais e internacionais da cultura do republicanismo democrático, Newton Bignotto e Helton Adverse, pretende enfrentar os desafios intelectuais do uso contemporâneo desta linguagem para se travar a luta pública pela democratização das comunicações no país.

A construção de uma matriz brasileira do republicanismo democrático, como linguagem pública, ao mesmo tempo erudita e popular, é decisiva para quem luta pela liberdade de expressão por três razões.

Em primeiro lugar, porque esta tradição traz em sua identidade de formação e desenvolvimento um conceito forte e polarizador de liberdade, fundando a autonomia do indivíduo na própria ideia da democracia e da soberania popular. Uma campanha pela liberdade de expressão fracassará se não tiver em seu centro um princípio soberano de liberdade, a partir do qual não apenas possa refutar a censura do Estado, mas argumentar em favor das leis democráticas que a possam garantir, que possa defender o pluralismo das vozes sociais e ao mesmo tempo denunciar a censura que também se faz nas grandes empresas privadas de comunicação que hoje são dominantes no Brasil.

Em segundo lugar, precisamos de uma teoria, de uma linguagem e de conceitos que não separem comunicação de política ou que simplesmente as relacionem a partir de um princípio de interdisciplinaridade. Sem direito à voz pública – o direito de falar e ser ouvido – não se forma o cidadão livre. Sem opinião pública democrática o princípio da soberania popular não pode se estabelecer. A política depende sempre da formação do juízo e da opinião pública, mesmo quando mobiliza interesses ou até quando usa da coerção, legítima ou não. É preciso superar de vez aquelas pragmáticas políticas que desvalorizam ou marginalizam o valor central de uma opinião pública democrática, onde se formam e se transformam os valores e a cultura de uma sociedade.

Uma terceira razão é que precisamos inteiramente de uma linguagem política crítica e alternativa à linguagem política opressora do neoliberalismo, que identifica liberdade de expressão à lógica do “mercado de idéias”, que sacraliza a forma mercantil e demoniza mesmo as leis democráticas e pluralistas, para vincular a liberdade de expressão aos poderes incondicionados das grandes empresas de mídia.

A formação de uma matriz republicana permite, além de fazer esta disputa democrática com o neoliberalismo, dialogar com as tradições do socialismo democrático. Isto é, firmar um valor de esquerda, com toda a sua expressão nas classes trabalhadoras e populares, sem se confundir com as culturas autocráticas do socialismo, ontem dominantes e que eram, como se sabe, inimigas da liberdade de expressão. Possibilita, além disso, estabelecer um diálogo fértil, sem absorver os limites intrínsecos, das contribuições liberais democráticas ou cívicas que se opõem aos argumentos neoliberais a partir mesmo de dentro do pluralismo da tradição liberal em suas dimensões mais progressistas mas hoje fortemente minoritárias.

A segunda entrevista é um diálogo reflexivo já na área da Ciência Política, com Leonardo Avritzer, um intelectual brasileiro que exerce uma importante liderança acadêmica internacional na área dos estudos sobre democracia participativa, tendo sido nas últimas décadas uma das principais referências na crítica brasileira às chamadas culturas do “elitismo democrático”. Isto é, aquelas correntes típicas da ortodoxia da ciência política que concebem como inescapável, nas sociedades modernas, o governo das elites e a impossibilidade de uma participação cidadã informada e democrática.

A entrevista é importante também por três razões. Em primeiro lugar, porque há um diagnóstico hoje de uma nítida desvinculação entre as formas de participação democrática dos brasileiros que vieram se consolidando nas últimas décadas e o grau de democratização da comunicação de massas do país. Além disso, é certo que a luta dos brasileiros pela liberdade de expressão deve convergir e interagir com os seus exercícios de cidadania ativa e pela reforma política se quiser fugir de uma dinâmica isolada e corporativa.

Uma terceira razão consulta o diálogo necessário e enriquecedor entre as tradições e matrizes do republicanismo democrático e as chamadas culturas da democracia deliberativa, que se centralizam no conceito de “esfera pública”, desenvolvido na Modernidade por Hannah Arendt e atualizado em certa direção por Jurgen Habermas pode residir um ganho inestimável para as duas tradições que enfrentam, de um ponto de vista crítico, as razões fortes e midiáticas do neoliberalismo.

Concebido como uma cultura, uma política e uma linguagem em formação nos tempos longos da história brasileira, o republicanismo serve também para pesquisar, refletir e atualizar uma história dos impasses na formação de uma opinião pública democrática no país. Se na maior parte do tempo, tivemos uma república sem o princípio da soberania popular, isto é, sem democracia, hoje temos no Brasil um princípio democrático que está travado, em inúmeras dimensões estruturantes, pela formação antirrepublicana do Estado brasileiro. Isto é, questões chaves como a injusta e centenária concentração da propriedade agrária, a corrupção sistêmica, a estrutura tributária regressiva, um aparato de segurança anticidadã e antidireitos humanos, frequentam hoje ostensivamente a democracia brasileira. Não há como enfrentá-las sem entendê-las como impasses estruturais e históricos do longo processo de republicanização do país, isto é, da constituição de uma sociedade democrática onde os cidadãos e cidadãs tenham, de fato, direitos e deveres simétricos.

A não constituição de uma opinião pública democrática é hoje um destes impasses, central porque afeta estruturalmente a formação da legitimidade democrática em todas as áreas onde se requer transformações históricas decisivas.

A segunda parte do livro procura cobrir as origens deste impasse histórico desde a chamada revolução de 1930 até os dias de hoje. A contextualização de uma matriz republicana exige o trabalho da história em um sentido forte, isto é, exige pensar aquelas conjunturas decisivas em que os fundamentos de legitimação do Estado passaram por transformações decisivas.

O que esta pesquisa histórica já revela, através dos ensaios que compõem esta segunda parte, é que há uma continuidade de leis e de iniciativas do Estado em favor de um desenvolvimento incondicionado de um sistema privatista, concentrado e fortemente ancorado na reprodução de padrões conservadores e antipopulares da política brasileira que relega ao segundo plano a consolidação de um sistema público democrático de comunicação.

A reprodução desses padrões conservadores e antipopulares se expressa inequivocamente na posição editorial e de colunistas dos principais jornais brasileiros, desde a República Velha até os nossos dias.

Essas revelações são importantes, em primeiro lugar, para fugir de uma naturalização desta história, isto é, escolhas decisivas em momentos históricos decisivos se impuseram, moldando um perfil singular para a estrutura dos meios de comunicação de massa no Brasil. Além disso, demonstra o quando é falseada aquela narrativa que erige os poderes econômicos privados em favor da liberdade de expressão contra as pulsões repressoras e censórias do Estado. Na verdade, foram nos momentos mais autocráticos do Estado brasileiro que mais cresceram e se criaram estímulos para o crescimentos dos poderes midiáticos mercantis.

Além disso, esta afirmação de uma continuidade antirrepublicana e antidemocrática no campo da estrutura de comunicação de massas exige pensar, nos moldes de certa tradição de pesquisa histórica das políticas públicas, o efeito cumulativo das trajetórias, isto é, como certas decisões tomadas em certos períodos acabam por estruturar desenvolvimentos futuros, condicionando inclusive a prática dos atores envolvidos. No caso das comunicações, há inclusive o chamado efeito do “encarceramento da trajetória”: isto é, a partir do poder acumulado, os grandes empresários midiáticos passam a pressionar e deter um importante poder de chantagem sobre os atores políticos, condicionando-os e até constrangendo-os a votar leis e praticar iniciativas que beneficiam ainda mais os interesses empresariais midiáticos.

Como a praticar um princípio da esperança, de que toda crítica precisa de uma nova síntese, de abertura de sentidos e de possibilidade de transformação, a terceira parte do livro procura pensar experiências recentes na América Latina bem como o novo Marco Civil da internet, recém-aprovado no Congresso Nacional e que passa a compor uma inovação saudada internacionalmente como precursora e paradigmática.

Em suas razões, argumentos, pesquisas e polêmicas, este livro se propõe assim a enriquecer o entendimento de que lutar pela liberdade de expressão é já, em si mesmo, uma expressão da liberdade.

Transcrito de http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Por-uma-opiniao-publica-democratica-no-Brasil/12/31853

Resenha de filme: Narradores de Javé

Narradores de Passado
Resenha do filme ‘Narradores de Javé’

Valdir Coimbra*

Se em terra de cego, quem tem um olho é rei, imaginem um povoado em que a população não sabe escrever, lá o rei é quem sabe escrever. Pode-se dizer que essa é a ideia central do filme Narradores de Javé (dirigido por Eliane Caffé, com José Dumont, Gero Camilo, Luci Pereira, Nelson Xavier. Drama. Brasil, 2003. 100 min.).



Os moradores do povoado de Javé ficam sabendo que o mesmo será submerso pelas águas de uma represa. No entanto, eles não foram notificados e também não serão indenizados, pois não possuem registros nem documentos das terras. Inconformados e, tentando encontrar uma maneira de reverter a situação, descobrem que poderiam salvar o povoado se o local tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em documento científico. 

Decididos a salvar o vale de Javé, resolvem escrever a história do povoado, mas poucos sabem ler e apenas um morador, o carteiro Antônio Biá,  sabe escrever. O problema é que no povoado ninguém gosta de Biá porque ele, para não perder seu emprego de carteiro num lugar onde ninguém escreve, decidiu inventar histórias sobre os moradores e escrever cartas contando essas histórias, o que deixou a população revoltada.

Mesmo diante da recusa de alguns, Biá foi eleito como o escrivão da história de Javé. O que gera uma grande confusão, pois todos o procuram para darem suas versões sobre a origem do povoado, com a intenção de terem seus nomes citados no livro. 

Assim, enquanto ouve as histórias do povo, o carteiro vai conhecendo as memórias, os sonhos e desejos daquela gente simples. Mas Biá não consegue escrever a história, pois cada narrador dava uma versão diferente sobre a origem do lugar.   Como não conseguiu escrever a história, Biá entrega um livro em branco para a população, que revoltada cobra o que ele havia prometido.

Essa atitude do carteiro mostra o quanto é difícil escrever uma história que tem muitas versões. Sem a história documentada, os moradores veem o povoado ser alagado, mesmo possuindo uma história muito rica.

* Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Letras – Ensino de Língua e Literatura (PPGL-UFT-Campus de Araguaína)

Para assistir o trailer do filme, clique aqui

Para assistir o filme completo, clique aqui

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lançamento de 'Reflexão pela Escrita no Estágio Supervisionado'

O Prof. Wagner Silva, coordenador do PPG Letras - UFT - Campus de Araguaína, divulga o lançamento de seu novo livro 'Reflexão pela Escrita no Estágio Supervisionado', vejam abaixo: 



II encontro sobre gramática de 4-6 novembro em Fortaleza

Participe do


Faça sua inscrição para apresentação de trabalhos até 26/09, clicando aqui

Press Release 009 – 22.09.2014

Filme
   Quem somos nós? http://bit.ly/1u7CSQX

Notícias
   Quase metade dos municípios têm computador, mostram dados do Pnad - http://bit.ly/1r3JAnu

Entrevista
   Eliana Yunes – ‘Formar leitores é dar acesso às narrativas que contam a vida’ - http://bit.ly/1v0ZfVs

Eventos
   Quarteto Belmonte se apresenta em duas cidades do Tocantins - http://bit.ly/1uKFymq

Artigos
   A América Latina tem fome de cultura - http://bit.ly/ZACkq4

Leitura
   Fernando Pessoa, entre Cleonice Berardinelli e Maria Bethânia - http://bit.ly/ZxnUqI

Cultura
   As diferenças culturais entre o Brasil e a Suécia - http://bit.ly/1BPYbaX

Grandes Clássicos - Obras completas
   Pe. António Vieira - http://bit.ly/1oR1NA6

Bibliotecas
   Empresa de TI explica desafio de digitalizar a Biblioteca do Vaticano - http://bit.ly/1m8st4X

Imagem
   O nome de deus em van - http://bit.ly/1yiomJ4

Imagem - O Prazer da Leitura
   Teoria do Caos - http://bit.ly/1ukzqyS

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



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domingo, 21 de setembro de 2014

A América Latina tem fome de cultura

Uma pesquisa da Organização dos Estados Ibero-americanos revela que o aceso às artes cresce no continente ao mesmo tempo em que a instituição pede aos Governos mais investimentos públicos



O acesso, a qualidade e a oferta de cultura na América Latina aumentaram neste século. Quase 6 em cada 10 pessoas pensam assim, e a maioria também avalia que continuará a crescer. Ouvir música, assistir a vídeos e ler são as práticas favoritas, entre outras razões, porque são gratuitas e de fácil acesso. A primeira grande radiografia latino-americana mostra hábitos culturais de assiduidade regular e baixa, especialmente na América Central. Em 20 países de língua espanhola, mais o Brasil, a média do Produto Interno Bruto (PIB) dedicada à cultura está abaixo de 0,5%, enquanto a presença da internet cresce consideravelmente (40% tem acesso) e se transforma em uma espécie de contrapeso para as políticas oficiais.

Estes são alguns dos dados mais reveladores da Enquete Latino-Americana de Hábitos e Práticas Culturais 2013, uma vasta radiografia realizada pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI). A pesquisa consultou 1.200 pessoas por país, e tem uma margem de erro de 2%. Apesar do otimismo da população sobre a melhora do acesso e fomento à cultura, a OEI chama a atenção dos Governos para dois pontos. O primeiro tem a ver com o fator econômico e o investimento no setor, e o segundo com o apoio e impulso aos valores de criação local e regional que contribuem para a apropriação social da cultura.

Cinema: 65% dos latino-americanos disseram não ter ido ao cinema no último ano, e só 9% realizaram a atividade uma vez por mês. Entre os países com mais cinéfilos estão a Costa Rica (14%), o Equador e a Venezuela (13%). Mais da metade assiste a vídeos (56%), contra 40% que nunca o fizeram.



PESQUISA LATINOAMERICANA DE HÁBITOS E PRÁTICAS CULTURAIS

Música: Seis em cada 10 latino-americanos escutam música gravada, 27% o faz todos os dias. Os países em que a população realiza a atividade com mais frequência no período de uma semana são a Venezuela (40%), a Argentina (30%), o Paraguai (28%) e o Brasil (27%).

Livros: 45% dos entrevistados reconhece que não lê nunca ou quase nunca por motivos profissionais ou educativos. Os cidadãos que mais leram no último mês por lazer ou interesse pessoal foram os mexicanos (36%), uruguaios e guatemaltecos (33%) e costarriquenhos (31%).

Meios de Comunicação: Os latino-americanos costumam dedicar uma média de 3,5 horas por dia à televisão e 3,7 horas a mais nos finais de semana. Os maiores teleconsumidores são os hondurenhos (4,5 horas), e os costarriquenhos, uruguaios e venezuelanos (4,3 horas). Em relação à rádio, em média são dedicadas 3,9 horas diárias de segunda-feira a sexta-feira. A leitura de jornais consome 3,7 dias por semana.

Internet e redes sociais: Grande parte da população acima de 51 anos (80%) nunca usou e-mail ou internet, contra 57% das pessoas com idades entre 31 anos e 50 anos, e 33% dos mais jovens. Um terço daqueles que têm um nível socioeconômico alto acessa a internet todos os dias. No total, 82% dos membros das classes mais baixas nunca se conectaram à rede. Na liderança dos mais tecnológicos estão os argentinos, brasileiros e chilenos - entre 28% e 22% - que afirmam usar o computador “várias vezes ao dia”. O Facebook é a rede social mais usada em todos os países (38%), seguida pelo YouTube (21%). A média regional de acesso à internet é de 40% frente a 80% nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os motivos fundamentais, segundo um cálculo realizado pela União Internacional de Telecomunicações e citado no Latinobarómetro, são “as elevadas tarifas de conexão à banda larga em relação ao PIB per capita mensal” e a “limitada infraestrutura de telecomunicações” de muitos países da região.

A criação local é essencial, embora talvez não seja percebida como cultura

Patrimônio material: 62% dos entrevistados admitiram nunca ter ido a um parque histórico ou a algum lugar que fizesse parte do patrimônio nacional, enquanto 27% disseram ter visitado locais como esses entre uma e três vezes. Os que mais realizam esse tipo de passeio são os argentinos, mexicanos e peruanos (32%).

Conclusões para alguns dos países com maior uso cultural

ARGENTINA

Um em cada 10 argentinos vai ao cinema uma vez por semana e eles são os que assistem mais frequentemente a espetáculos musicais. Um terço dos entrevistados assegurou ter ido a uma apresentação entre uma e três vezes no último ano. No total, 20% disseram ter ido ao cinema pelo menos uma vez no último trimestre. Junto com México e Brasil, a Argentina tem um dos maiores mercados audiovisuais da região, o que, segundo o estudo, poderia explicar esse afeto pelas salas de cinema. Estão, além disso, acima da média de livros lidos por ano (4,8). Três em cada quatro (76%) garantem que leem pela necessidade de estar informados e quase a metade (47%) pelo simples prazer de fazê-lo. Também está entre os países onde as pessoas dedicam mais tempo a ver vídeos (4% diariamente e 28% uma vez por semana).

BRASIL

A grande maioria dos brasileiros entrevistados (80%) afirmou que nunca tinha ido a concertos ou apresentações de música ao vivo, mas, ao mesmo tempo, são os que mais escutam músicas gravadas diariamente, bem como costarriquenhos, colombianos e uruguaios. Seus habitantes também estão entre os que garantem ter lido no último ano mais por razões profissionais ou de formação, deixando o país atrás da Costa Rica (44%) e empatado com o Equador (38%). Estão entre os que mais devoram livros, quatro por ano (a média é 3,6), e entre os principais usuários diários de computador (23%). Os brasileiros consomem menos horas de televisão durante a semana (2,7 horas) que o restante dos habitantes da região. Na metade dos lares (49,9%) há um computador.

CHILE

Os chilenos leem menos que a média (2,8 livros ao ano) e são maioria os que asseguram nunca realizar a atividade por motivos profissionais ou de estudo (61%, acima da média de 45%). Quase a metade se entrega à leitura por prazer (47%). No total, 10% vão ao cinema uma vez por semana e um em cada cinco escuta música diariamente. Em uma enquete nacional apresentada no relatório se explica que 40% da população urbana que declarou escutar música reconheceu baixá-la da Internet. O Chile está entre os países onde mais gente se conecta diariamente à rede, assim como a Argentina e o Brasil. A maioria dos que navegam assiste a vídeos online (95,5%).

COLÔMBIA

A Colômbia está três pontos acima da média entre as pessoas que afirmaram não ter ido ao cinema no último ano (68%). Os motivos são principalmente o desinteresse (36,8%), a falta de dinheiro (34%), ou ver os filmes pela televisão (26,6%), segundo uma pesquisa nacional de consumo cultural citada no Latinobarómetro. Mais da metade dos colombianos reconhecem que não leem por motivos profissionais, embora estejam acima da média em livros por ano (4,3).

MÉXICO

Segundo a pesquisa, os mexicanos são os maiores leitores da região, e o fazem sobretudo por lazer. A média é de seis livros por pessoa anualmente. Também são os que escutam mais música diariamente (40%), na maioria dos casos comprada de tianguis, os vendedores ambulantes mexicanos. Embora o país seja um dos maiores mercados audiovisuais da região, mais de 60% afirmam que não foram ao cinema no último ano. Os motivos citados para não ir são a falta de tempo ou de dinheiro. Na Bolívia e no México estão os cidadãos que menos veem televisão na região durante a semana (uma média de 2,7 horas). Os mexicanos são também os visitantes mais assíduos de seu patrimônio cultural, ao lado dos uruguaios. Quase a metade (44%) visitou algum monumento no último ano. E 4% disseram ter feito passeios culturais “mais de 12 vezes” nesse período.

O FOSSO DA AMÉRICA CENTRAL

O estudo reflete um amplo fosso entre o Sul e a América Central. Nessa parte da região cai o consumo cultural em quase todas as opções: cinema, música, teatro ou passeios culturais. Quem menos vê filmes nos cinemas são os nicaraguenses (82%), hondurenhos (80%), guatemaltecos (77%) e salvadorenhos (70%). Mais de 80% dos entrevistados de Honduras, Nicarágua e Guatemala nunca foram ao teatro – e El Salvador tem apenas 1 ponto porcentual a menos (79%). Também se aproximam dessa porcentagem no que se refere a concertos e apresentações de música ao vivo, tanto os hondurenhos como os nicaraguenses (88% em ambos os casos). As porcentagens também são elevadas no caso do Brasil (80%) e Paraguai (73%).

Em Honduras e Nicarágua, três de cada quatro entrevistados afirmaram que nunca visitaram um parque histórico ou cultural. Deixando a América Central, a cifra também é alta no Paraguai (69%), Bolívia (69%), Chile (66%) e Colômbia (64%).

O relatório faz um chamado aos Governos para tentar reduzir esse fosso. Nas conclusões do estudo é destacado com firmeza o fato de que as políticas públicas têm de contribuir para suprimir as barreiras que essa distância produz e multiplicar a oferta às comunidades para facilitar seu acesso e participação nas atividades culturais. Embora o porcentual dedicado pelos Governos a esse setor seja muito baixo, o seu desenvolvimento, junto com a educação, se transformou em uma prioridade dos órgãos de integração da região. Um bom exemplo disso será dado na cúpula em Veracruz (México), prevista para dezembro. “A cultura é um poderoso fator de desenvolvimento para os países e para a participação dos cidadãos, mas na maioria mal chega a 0,5% do gasto público”, lembra Álvaro Marchesi, prestes a deixar o cargo de secretário-geral da OEI.

O estudo reflete as diferenças entre as regiões meridional e central

Felipe Buitrago, consultor de Assuntos Culturais do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e coautor do livro The Orange Economy, vai um pouco além: “Os orçamentos são importantes, mas, independentemente do porcentual que se destine, faz falta um debate que vincule o financiamento com políticas de cultura, que fomente a absorção dessa cultura”.

E há ainda um outro aspecto. A criação local ou regional é essencial, apesar de não ser, talvez, percebida pelos entrevistados como Cultura. O Latinobarómetro inclui também uma reflexão sobre esse aspecto: enfatiza a necessidade de levar em conta as formas naturais e espontâneas surgidas no seio da sociedade civil, que contribuem para a apropriação social da cultura, do patrimônio, dos espaços culturais, artísticos e sociais. “A cultura comunitária”, diz o estudo, “contribui também para transformar as ruas e os espaços de contato em lugares de convivência. Conseguir formas de acesso mais democráticas à cultura, que respaldem a participação ativa da cidadania, é um dos melhores caminhos para recuperar os traços de identidade coletiva e para favorecer a inclusão social”.

sábado, 20 de setembro de 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Imagem: O Prazer da Leitura

Teoria do Caos


'Formar leitores é dar acesso às narrativas que contam a vida'

Entrevista com Eliana Yunes



Jornal de Ponta Grossa: A primeira pergunta é baseada no tema de sua palestra: Ler faz a diferença? Como e por quê?

Eliana Yunes: Ler faz toda diferença, sobretudo se pensarmos que não se lê apenas o escrito, o livro, mas lemos o mundo pela oralidade (as histórias que ouvimos todos os dias a respeito do que acontece à volta, além das histórias clássicas que a memória guardou), pelos movimentos (a dança, a encenação), pelos sons (a música instrumental ou como palavra cantada), pelas formas dos objetos, etc. Lemos o mundo e precisamos ler a 'letra' em que ele se grafa, recordando-nos experiências que a humanidade acumulou. Quem não lê o mundo cifrado nas múltiplas linguagens, está excluído ou alienado da vida. São muitos códigos, e não temos o direito, nem nos podem negar o direito de entendê-los para poder escolher, com alguma autonomia, nosso lugar na vida social: ler é um ato político!

Como a escola pode formar uma geração de leitores críticos?

Não forma leitores quem não é leitor. Certa vez um ministro da educação me disse que não via a necessidade de um programa de formação de leitores na escola, porque todo professor era obviamente leitor, e portanto, apto a ensinar a leitura. Ele não percebeu o que não estava lendo: a falta de familiaridade com o conhecimento, apresentado em fórmulas e esquemas frios e mortos, passa pela falta de experiência, vivência com a palavra, com a leitura, sobretudo com a literatura, independente da área de conhecimento. Formar leitores significa dar acesso às narrativas que contam a vida, através da ficção e da ciência, como passaporte para se tornar cidadão, “senhor da cidade”, responsável na sua medida pelo que constrói como História - como histórias... - tomar gosto por dizer e dizer-se. Leitor crítico é aquele que é capaz de pensar diferentes possibilidades de sentido, ter diferentes entendimentos do texto/da textualidade e poder optar por um,  de forma coerente com toda a bagagem que traz. O leitor crítico é o que tem discernimento sobre o que lê, e isto é um aprendizado de interações e diálogos. A escola pode fazer isto ter mais efeito que outros meios, embora não seja a única mediadora.

Para isso, qual é a importância do envolvimento da escola e da família? Ambos estão preparados?

Acima respondi sobre a escola. Quanto à família, depende de que família, de que contexto. Muitas vezes os pais são iletrados mas podem ler o mundo por outras linguagens. De nada vale, se não dialogar, não mostrar como entende e porque entende de tal forma um fato, um caso, um acontecimento. Estar preparado é nosso calcanhar de Aquiles: é preciso saber o que se faz e como se constrói o sentido das coisas. Precisamos de políticas de Estado para nos amparar em todos os espaços sociais, a nos tornarmos aptos a agir como leitores e 'eleitores' da vida social que queremos entregar às novas gerações.

Como congressos, como o que será realizado em Ponta Grossa, pode contribuir para o debate sobre o tema leitura e literatura, e para o fomento de leitores críticos? Qual é a sua importância para a sensibilização, não apenas dos educadores, mas da comunidade?

Toda! Quanto mais se der visibilidade, espaço público para este debate e para a circulação da informação e acesso aos bens culturais como um todo, mais estaremos agilizando o processo de participação de toda a sociedade na formação de leitores, de forma a universalizar este direito: quem lê e escreve, desta ou daquela forma, do romance ao blog, e participa da vida política, ajudando a comunidade, a cidade, o país a se pensar. Muitas instituições se apresentam como promotoras da leitura, mas seus dirigentes sequer sabem o que promovem, ou sabendo, não querem efetivamente ter outros como interlocutores. E se julgam os únicos sujeitos da história, curta, é verdade, em que estão protagonizando.

Fonte: Jornal de Ponta Grossa

Filme: Quem somos nós?

Assista ao filme Quem somos nós?, que nos ajuda a refletir sobre a 'transdisciplinaridade' em nosso tempo e lugar. Confira:



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Quase metade dos domicílios tem computador, mostram dados do Pnad

Palmas - A proporção de internautas cresceu de 49,2%, em 2012, para 50,1%, no ano seguinte. Entre os bens duráveis, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o total de domicílios com computadores subiu de 46,4% para 49,5%, de 2012 para 2013. No Nordeste, as casas com esse equipamento cresceram 14%. Dos 32,2 milhões de domicílios brasileiros com computadores em 2013, 28% tinham acesso à internet.



A proporção de internautas cresceu de 49,2%, em 2012, para 50,1%, no ano seguinte. A pesquisa do IBGE indica que, em 2001, 12,6% das unidades residenciais tinham esses aparelhos e, em 2013, esse percentual evoluiu para quase metade dos domicílios. Já as moradias com computador ligado à internet aumentaram de 8,5% para 43,7%, na mesma comparação.

Aproximadamente 86,7 milhões de pessoas com 10 anos de idade ou mais acessaram a internet no período de referência em 2013. O crescimento observado foi 2,9% ou 2,5 milhões de usuários. Segundo o IBGE, esse foi o menor índice de expansão registrado a partir de 2008. A taxa de crescimento no número de internautas atingiu o pico de 21,6% de 2008 para 2009. O aumento de internautas com 10 anos ou mais que acessaram a internet em 2013 alcançou maiores percentuais nas regiões Nordeste (4,9%) e Sul (4,5%), com menor índice de ampliação no Norte (0,4%).

A gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira, analisou que o aumento do consumo de bens duráveis, principalmente de computadores, resulta da elevação do rendimento da população. “A gente ainda tem muito a avançar em termos de acesso à internet. Ainda não atingiu a população como um todo”, destacou a gerente da Pnad.

Por gênero, as mulheres, com quase 45 milhões de indivíduos, lideraram os acessos à internet no Brasil, seguidas por 41,7 milhões de homens. Ambos mostraram aumento em comparação a 2012: 43,3 milhões e 40,8 milhões, respectivamente.

Por outro lado, caiu o número de moradias com rádio e DVD, de 2012 para 2013 – queda decorrente das mudanças tecnológicas, segundo o IBGE. Em relação ao rádio, o número caiu de 80,9% para 75,8% e, sobre os aparelhos de DVD, de 76% para 72,4%. Já a quantidade de casas com máquina de lavar evoluiu 7,8%, assim como aquelas com carro, de 42,5% para 43,6%. A proporção de domicílios com moto permaneceu estável: 20% em 2012, e 19,9%, no ano seguinte. Na mesma situação, ficaram os domícilios com fogão e televisor (98,8% e 97,2%, respectivamente). (ABr)

Transcrito de http://www.ogirassol.com.br/materia.php?u=quase-metade-dos-domicilios-brasileiros-tem-computador.-mostra-dados-da-pnad

Quarteto Belmonte se apresenta em duas cidades do Tocantins

O Quarteto Belmonte, do Rio de Janeiro, faz apresentação em duas cidades do Tocantins neste mês de setembro pelo projeto Sonora Brasil. O grupo carioca se apresenta no Centro de Atividades do Sesc na próxima quinta-feira (18) em Gurupi, no sul do estado e na sexta-feira (19) no Teatro Sesc Palmas, na capital. Ambos concertos acontecem às 20h.



Segundo o Serviço Social do Comércio (Sesc) no estado, o grupo é composto por quatro artistas que utilizam instrumentos de corda, uma formação que é usada por compositores desde o século 18. "O quarteto foi formado especialmente para o projeto a partir da identificação de músicos com larga experiência como concertistas em orquestras e conjuntos de câmara que atuam na cidade do Rio de Janeiro."

O Quarteto Belmonte é formado por Márcio Sanchez (violino), integrante da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; Ubiratã Rodrigues (violino), integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira – Ópera & Repertório; Dhyan Toffolo (viola), integrante da Orquestra Petrobras Sinfônica e Janaína Salles (violoncelo), integrante da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF (RJ).

Apresentações

Em Gurupi, o concerto acontece no auditório do Centro de Atividades do Sesc, na rua Rua D, quadra 10, lotes 1 a 5, nº 109, setor Engenheiro Waldir Lins. A entrada é gratuita. Já na capital, a apresentação será no Teatro Sesc Palmas, quadra 502 Norte, avenida LO-16, lotes 21 a 26. Os ingressos estarão disponíveis na bilheteria a partir das 19h e custam entre R$ 6 e R$ 3.
Serviço
Sonora Brasil - Quarteto Belmonte
Gurupi: 18 de setembro
Entrada: Gratuita
Horário: 20h
Local: Centro de Atividades
Informações: 3301-2100
Palmas: 19 de setembro
Entrada: Entre R$ 6 e R$ 3
Horário: 20h
Local: Teatro Sesc Palmas
Informações: 3212-9949

Transcrito de http://www.portalonorte.com.br/estado-70917-quarteto-belmonte-se-apresenta-em-duas-cidades-do-tocantins.html

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

As diferenças culturais entre o Brasil e a Suécia

Entenda as culturas religiosas distintas que baseiam os modelos de educação do Brasil e da Suécia.
Veja as razões apresentadas pelo cientista político Carlos Alberto Almeida no Programa de Frente com Gabi, do SBT:




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Jogo dos erros

O nome de deus


Empresa de TI explica desafio de digitalizar a Biblioteca do Vaticano


(foto: Michal Osmenda / Wikimedia Commons)

Gustavo Gusmão

A empresa japonesa NTT Data começou, entre março e abril deste ano, um longo processo para digitalizar todo o acervo da Biblioteca Apostólica do Vaticano. Ao todo, são 82 mil manuscritos, totalizando mais de 41 milhões de páginas. São números que já dão uma ideia da dimensão do trabalho que os 50 envolvidos enfrentam – e que fica mais complicado se considerarmos os diferentes tipos de documentos guardados no local e a alta exigência de espaço para armazenar tudo.

“Há manuscritos muito frágeis, que precisam de cuidados especiais no manuseio”, explicou a INFO Dalton Dallavecchia, executivo da NTT Data no Brasil. Conforme descreveu o brasileiro, alguns dos documentos não podem ser muito abertos, resistindo no máximo a um ângulo de aberutra de 100 graus. “Usamos suportes especiais de livros nesses casos, além de um software que corrige as imagens que não foram capturadas em um ângulo raso”, completa.

A biblioteca, inaugurada ainda em 1475, ainda conta com algumas obras orientais escritas em rolos enormes, que precisam ser escaneadas aos poucos, em partes separadas. O trabalho todo gera vários pedaços, que depois são unificados com a ajuda de ferramentas dos softwares utilizados no processo de virtualização.

Armazenamento e big data – Para a primeira fase da iniciativa, uma pequena parcela do acervo será escaneada. Mas mesmo que não represente muito, serão necessários 3 Petabytes para armazená-la. E segundo Dallavecchia, o conjunto todo de manuscritos, que deve ser totalmente escaneado em quatro anos, exigirá pelo menos 20 PB de capacidade de armazenamento – ou 20 milhões de GB, para deixar mais claro.

Os arquivos ficam em servidores baseados na tecnologia Isilon, da norte-americana EMC, voltada para guardar documentos por um longo período. O uso da plataforma também está relacionado à ideia da NTT Data e do Vaticano de disponibilizar o acervo digital a pesquisadores e internautas pelo mundo: ela é voltada para gerenciamento de big data, e caracterizada como uma solução escalável (scale-out). Ou seja, conforme a demanda de acessos ao grande volume de dados da biblioteca cresce, mais nós (nodes) são adicionados, mantendo o sistema estável.

Digitalização – O número aparentemente exagerado de Petabytes, aliás, tem muito a ver com a qualidade das imagens. O executivo da NTT Data explica que o aparelho usado na digitalização “captura a imagem dos manuscritos com resolução óptica de 400 dpi, usando diferentes tipos de fontes de luz para melhorar a qualidade”.

É uma ação complicada, que envolve por vezes até uma armação para segurar as obras apenas parcialmente abertas – mas que leva só “dois minutos para digitalizar uma página do tamanho de uma folha A4”. No fim das contas, cada scanner é capaz de capturar pelo menos 150 volumes em um ano.

Se quiser acompanhar o progresso do trabalho, dá para checar algumas das páginas digitalizadas na página da Biblioteca Apostólica do Vaticano. Por ora, foram digitalizados 4.161 volumes dos 82 mil. Para ver alguns deles, é só clicar no respectivo livro aberto e depois na folha que aparecerá à direita.

Press Release 008 – 15.09.2014

Notícias
   Boaventura Sousa Santos recebe Dhc e lança livro na UFMT - http://bit.ly/1CX9AHn
   Inovação está em alta nas federais do nordeste - http://bit.ly/1qCqs17

Destaques
   ABL lança aplicativo de consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - http://bit.ly/1s1zQxx

Artigos
   Empresa de TI explica desafio de digitalizar a Biblioteca do Vaticano - http://bit.ly/1m8st4X

Grandes Clássicos - Obras completas
   Book of Arts - http://bit.ly/1oR1NA6

Imagem
   Alfabetização - http://bit.ly/1qNBbV4
   Arrisque o Verbo - http://bit.ly/1lYf0wB

Imagem - O Prazer da Leitura
   Estante exótica - http://bit.ly/1qVyaSy

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

Imagem: O Prazer da Leitura

Estante exótica



domingo, 14 de setembro de 2014

ABL lança aplicativo gratuito de consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP)

Banco de dados do vocabulário com a ortografia oficial da língua, criado pela Academia Brasileira de Letras (ABL), pode ser acessado por tablets e celulares. Desconhecer a língua portuguesa é opcional! 



“A tendência do mundo é a composição entre o que é impresso e o que é digitalizado e disponibilizado através dos serviços da Internet. A popularização dos iPads, celulares,   e de todos os novos veículos de comunicação é inevitável,  e a Academia, com o aplicativo, poderá prestar serviço a um número cada vez maior de usuários, especialmente os estudantes”, afirma  o Presidente da ABL, Acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti.

A Academia Brasileira de Letras acaba de lançar, com acesso gratuito, o aplicativo do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), que contém a ortografia oficial do Português, para tablets e celulares. O usuário poderá fazer a consulta utilizando a internet  apenas  uma única vez, quando baixar o aplicativo ou quando for necessária a atualização da base de dados.

Para isso, basta acessar o link clique aqui para download na App Store da Apple, ou no link clique aqui (Android), para download no Google Play.

Um dos recursos mais interessantes do aplicativo é o de auto-completar-se (o que facilita a digitação em telas pequenas). Outro é a regulagem do tamanho da fonte (para telas pequenas e pessoas com dificuldade na leitura). De acordo com os técnicos responsáveis pelo aplicativo, quando um consulente começar a digitar parte da palavra cuja grafia precisa consultar, uma listagem de possíveis resultados aparecerá  na tela, e ele poderá encontrar a exibição do vocábulo antes mesmo de terminar a redação de tal termo.  O aplicativo dispõe também de  um ajuste que pode ampliar ou reduzir o tamanho da fonte, facilitando a leitura.

E leituras ricas e prazerosas!

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Boaventura Sousa Santos recebe Dhc e lança livro na UFMT

Isabela Mercuri

O professor e sociólogo Boaventura de Sousa Santos recebe nesta sexta-feira (12), às 10 horas, o título de Doutor Honoris Causa do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Além deste evento, será realizado também, no mesmo dia, o lançamento do livro “O direito dos oprimidos” e a palestra “A Universidade Pluriversa: a educação tem quem a eduque?”, ambos do professor Boaventura. 



Dentre as ideias do professor estão : “Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem. Lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracterize” e “Temos formado conformistas incompetentes e precisamos de rebeldes competentes”.

O livro “O direito dos oprimidos” é o primeiro volume da coleção “Sociologia Crítica do Direito”. Trata-se de um conjunto de livros com estudos realizados pelo professor Boaventura nos últimos quarenta anos, sobre temas de sociologia do direito. O primeiro livro traz o primeiro estudo, resultado da tese de doutorado defendida pelo professor em 1973 na Universidade de Yale (Estados Unidos). 

Neste trabalho Boaventura analisa sociologicamente o direito informal e a resolução de conflitos na favela de Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Por ter feito o estudo na época da Ditadura Militar, o professor deu o nome de “Pasárgada” ao local analisado, fazendo referência a um poema de Manuel Bandeira. Até hoje, a tese nunca foi publicada em português. 

De acordo com a professora Artemis Torres, cofundadora do Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação (GPMSE), a UFMT tem escolhido muito bem os homenageados com o título de Doutor Honoris Causa. Já foi homenageado também o professor doutor Francisco Fernández Buey, filósofo espanhol (que recebeu o título in memoriam).

“Ambos [os professores] coincidem, academicamente falando, naquilo que prezamos como sendo o maior serviço à universidade pública: a luta em favor da democratização desse espaço, tão importante, de produção e debate científico”, ressalta a professora.

Já o professor Luiz Augusto Passos, também membro do GPMSE, espera ansiosamente a chegada do professor Boaventura. Para ele, isto será a união do professor e sua obra aos estudos que a UFMT realiza, com o objetivo de consolidar o “esforço de produzir uma cultura acadêmica voltada à emancipação e democracia viva perpassada pelas relações pessoais, sociais, institucionais”, comenta. 

Passos comemora a primeira vez em que uma oficina sobre a Universidade Popular dos Movimentos Sociais será feita em Mato Grosso. Esta Universidade, coordenada por Boaventura, busca “desenhar uma tradução que ao mesmo tempo expresse o que é mais específico e singular em cada segmento, por exemplo, quilombolas, lavradores e lavradoras, Sem Terra, indígenas… E ao mesmo tempo o que aproxima as lutas deste setor como de interesse de todos os demais”, explica.

Alfabetização

Alfabetização resolve as demandas mais básicas dos seres humanos, diz a UNESCO


Arrisque o verbo

De novo Clarice Lispector nos desacata...


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Inovação está em alta nas federais do nordeste

As universidades do Sudeste são as líderes no país em pedidos de patente (registro de invenções), mas dados analisados pelo RUF mostram que 5 das 10 instituições que mais avançaram no volume de registros nos últimos anos estão na região Nordeste.

O maior salto foi da UFC (federal do Ceará), com um aumento de 766,7% no número de patentes solicitadas entre o biênio 2008-2009 e os dois anos seguintes.

A UFC saiu de 3 para 26 pedidos de registros. O número é pequeno perto dos 162 feitos no mesmo período pela USP, líder em inovação, mas é quatro vezes a média nacional das universidades (6,3).


Sabine Righetti e Bruno Benevides – Folha de S. Paulo

Em 13º na classificação geral do ranking, a UFC fez um plano de restruturação em 2007 e concentrou as contratações em doutores, o que aumentou a competitividade da instituição na busca por recursos para organizar os laboratórios de pesquisa.

“Estruturamos a área de inovação e nos aproximamos da indústria”, afirma o reitor da UFC, Jesualdo Farias.

Defensora da produção de conhecimento com aplicação, Mazzetto fez um trabalho de formiguinha -com uma equipe formada por quatro pessoas- para disseminar o patenteamento.

Uma das iniciativas foi incentivar os professores a aprender a escrever pedidos de patentes por meio de cursos ministrados pelo próprio Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), órgão que analisa os registros. O instituto tem cerca de 8.000 “alunos” por ano no país.

Uma das ideias cujo registro foi pedido pela UFC -de uma colheitadeira de legumes e de verduras- já foi licenciada para uma empresa paulista, que vai comercializar a máquina. É a primeira transferência de tecnologia feita pela universidade.

As federais de Sergipe, do Maranhão e do Piauí também estão entre as que mais cresceram nessa área.

A de Pernambuco, instituição nordestina mais bem colocada na classificação geral do RUF, em 11º lugar, cresceu menos proporcionalmente (73%), mas atingiu 26 pedidos de patentes em 2010 e 2011, mesmo número da UFC. As duas ficam empatadas na oitava posição entre as universidades que mais solicitaram o registro de invenções nesses dois anos.

De acordo com Anísio Dourado, reitor da UFPE, projetos de pesquisa com a Petrobras e outras empresas internacionais permitiram a criação de um laboratório para estudo de petróleo.

“Estamos conseguindo registrar patentes e fomentar uma visão empreendedora nos alunos”, diz ele.

Transcrito de http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/184520-inovacao-esta-em-alta-nas-federais-do-nordeste.shtml

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Press Release 007 – 08.09.2014

Notícias
   Leitura na infância favorece a inteligência - http://bit.ly/1nCNBf8
   Tecnologia e educação na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo - http://bit.ly/1tBnM63

Artigos
   Para ler, comer e usar – http://bit.ly/1tBur06
   Para 47% dos jovens, o bom professor usa tecnologia - http://bit.ly/1qjDP5U

Grandes Clássicos - Obras completas
   Lima Barreto - http://bit.ly/1oR1NA6

Leitura
   Mia Couto lê ‘Levantado do Chão’, de José Saramago - http://bit.ly/1uBftV5

Bibliografia comentada
   Guerra do Paraguai - http://bit.ly/1vNqxlr

Museus
   Museu do Louvre - http://bit.ly/1aYg2Ds

Imagem
   Reaprender - http://bit.ly/1uEaVNB

Imagem - O Prazer da Leitura
   Tronco da Leitura - http://bit.ly/1tewof9

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor

Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

sábado, 6 de setembro de 2014

Para ler, comer e usar

Laura de Mello e Souza

A invenção da imprensa sempre foi considerada um marco extraordinário na história da humanidade. Não é de hoje, porém, que historiadores e cientistas sociais discutem o alcance e os limites desse evento. Se antes o fato de tal ou qual autor não ter sido publicado em vida acarretava uma série de considerações sobre sua importância e influência, hoje se pensa duas vezes sobre o fato, antes de arriscar uma generalização. Quantos teriam sido os afetados pela difusão dos livros? Em que medida os impressos foram de fato um meio privilegiado de difusão de saberes cultos em um mundo visceralmente distinto do nosso?



O historiador norte-americano Bernard Bailyn arranhou muitas certezas ao defender que o movimento de independência dos Estados Unidos (1776) deve tanto ou mais aos panfletos e à cultura oral dos pubs do que aos textos eruditos. Em As origens ideológicas da revolução americana (1967), Bailyn minimizou o alcance, entre a população da época, das grandes teorias de então – sobretudo de John Locke (1632-1704) – e fez escola. Em ensaio brilhante, intitulado ‘Ticiano, Ovídio e os códigos da figuração erótica’, o italiano Carlo Ginzburg, em praia totalmente diversa, tocou em princípio análogo, mostrando que um célebre quadro de Ticiano teria sido inspirado em toscas gravuras populares e não em As metamorfoses, do poeta romano Ovídio.

Ainda sem tradução entre nós, os trabalhos do espanhol Fernando Bouza Alvarez são, neste sentido, modelares. Este historiador que visitou o Brasil pela primeira vez em junho, começa a ser mais bem conhecido e discutido na universidade brasileira. Mais que um estudioso da imprensa e das formas impressas, ele se interessa pela circulação e comunicação de informações, por diferentes meios, na primeira Época Moderna (séculos 15 e 16). Um de seus trabalhos mais conhecidos, Corre manuscrito, mostra que textos escritos à mão continuaram circulando com grande intensidade até muito tarde, e com ampla influência. Mais: que o fato de só haver versões manuscritas de certos textos – lembro, aqui, da Clavis Prophetarum, do padre Antonio Vieira, nunca publicada – não é sinônimo de obscuridade, desconhecimento ou ausência de impacto. E que sociedades sem imprensa não ficam privadas de sofisticados circuitos de informação. Consolo para os brasileiros, já que nossa terra, por ordem da coroa portuguesa, esteve desprovida de imprensa, como se sabe, até 1808.

Bouza ensina também que o texto manuscrito tinha incrível flexibilidade, ausente do impresso: o autor podia acrescentar ou suprimir passagens que, se ‘adulteravam’ o original, por outro lado inseriam fragmentos reveladores do contexto histórico no qual foram produzidos. Manuscritos ou impressos, os textos tinham funções múltiplas. Eram suportes da comunicação em um sentido muito amplo do que se pode imaginar. Havia textos com imagens religiosas impressas feitos para serem comidos, e outros, desenhados, deviam ser trazidos para proteger o corpo de ferimentos, com óbvia conotação mágica. Os últimos foram muito usados pelas populações luso-afro-brasileiras, e encontrei alguns ao ler processos inquisitoriais referentes a ‘mandingueiros’ do século 18.

O estudioso da leitura deve, portanto, confrontar suportes variados e não se deixar enredar pelo fetiche dos impressos. Um exemplo inteligente de como tradições variadas podem se entrecruzar criativamente quando o assunto é a circulação da informação está na edição deslumbrante que a editora Cosac Naify fez dos contos de Grimm: as histórias, reunidas a partir de relatos populares no momento em que as Luzes intimidavam a tradição oral europeia, no século 18, foram magnificamente traduzidas para o português e ilustradas com xilogravuras encomendadas a J. Borges, grande artista nordestino celebrizado por publicações de cordel.

Transcrito de Ciência Hoje, revista de publicação científica da SBPC, nº 305, v. 51, jul 2013, p. 37