Isabela Mercuri
O professor e sociólogo Boaventura de Sousa Santos recebe nesta sexta-feira (12), às 10 horas, o título de Doutor Honoris Causa do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Além deste evento, será realizado também, no mesmo dia, o lançamento do livro “O direito dos oprimidos” e a palestra “A Universidade Pluriversa: a educação tem quem a eduque?”, ambos do professor Boaventura.
Dentre as ideias do professor estão : “Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem. Lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracterize” e “Temos formado conformistas incompetentes e precisamos de rebeldes competentes”.
O livro “O direito dos oprimidos” é o primeiro volume da coleção “Sociologia Crítica do Direito”. Trata-se de um conjunto de livros com estudos realizados pelo professor Boaventura nos últimos quarenta anos, sobre temas de sociologia do direito. O primeiro livro traz o primeiro estudo, resultado da tese de doutorado defendida pelo professor em 1973 na Universidade de Yale (Estados Unidos).
Neste trabalho Boaventura analisa sociologicamente o direito informal e a resolução de conflitos na favela de Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Por ter feito o estudo na época da Ditadura Militar, o professor deu o nome de “Pasárgada” ao local analisado, fazendo referência a um poema de Manuel Bandeira. Até hoje, a tese nunca foi publicada em português.
De acordo com a professora Artemis Torres, cofundadora do Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação (GPMSE), a UFMT tem escolhido muito bem os homenageados com o título de Doutor Honoris Causa. Já foi homenageado também o professor doutor Francisco Fernández Buey, filósofo espanhol (que recebeu o título in memoriam).
“Ambos [os professores] coincidem, academicamente falando, naquilo que prezamos como sendo o maior serviço à universidade pública: a luta em favor da democratização desse espaço, tão importante, de produção e debate científico”, ressalta a professora.
Já o professor Luiz Augusto Passos, também membro do GPMSE, espera ansiosamente a chegada do professor Boaventura. Para ele, isto será a união do professor e sua obra aos estudos que a UFMT realiza, com o objetivo de consolidar o “esforço de produzir uma cultura acadêmica voltada à emancipação e democracia viva perpassada pelas relações pessoais, sociais, institucionais”, comenta.
Passos comemora a primeira vez em que uma oficina sobre a Universidade Popular dos Movimentos Sociais será feita em Mato Grosso. Esta Universidade, coordenada por Boaventura, busca “desenhar uma tradução que ao mesmo tempo expresse o que é mais específico e singular em cada segmento, por exemplo, quilombolas, lavradores e lavradoras, Sem Terra, indígenas… E ao mesmo tempo o que aproxima as lutas deste setor como de interesse de todos os demais”, explica.
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