08.06.2020
A rua falou e Bolsonaro tremeu
Governo maqueia
estatísticas e reduz mortes por coronavírus
Comandado por militares, o Ministério da Saúde mudou o número de infectados e mortos por causa do novo coronavírus divulgado neste domingo. Depois de anunciar 1.382 mortes por Covid-19 no país, mais tarde alterou o número para 525, uma diferença de 857 óbitos. Entre as 20h37 e as 21h50, o governo divulgou dados contraditórios. Houve ainda uma mudança no número de infectados. O primeiro balanço divulgado pelo ministério informava um total de 12.581 novos casos, contra 18.912 casos atuais. O "novo normal" da informação oficial sobre os números da doença no Brasil passou a ser a maquiagem de dados.
Maia: governo
Bolsonaro brinca com a morte e cria universo paralelo
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repudiou a iniciativa do governo Jair Bolsonaro de manipular as estatísticas sobre o coronavírus - deixou de publicar o total de confirmações e mortes provocadas pela doença desde o começo da pandemia. "Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos", escreveu o parlamentar no Twitter. "A comissão externa da Câmara que trata da Covid-19 vai se debruçar sobre as estatísticas. É urgente que o Ministério da Saúde divulgue os números com seriedade, respeitando os brasileiros e em horário adequado. Não se brinca com mortes e doentes". De acordo com a plataforma Worldometers, que disponibiliza os dados de cada país infectados pelo coronavírus, o Brasil está em segundo lugar no ranking mundial de confirmações (691 mil casos) e na terceira posição em número de mortes (37,3 mil) provocadas pela doença.
Secretárias de Saúde denunciam manipulação e criam portal paralelo
O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, que reúne os gestores dos 26 estados e do Distrito Federal, inaugurou neste domingo (7) portal paralelo para divulgar as estatísticas de coronavírus no Brasil. O site disponibilizado pelo governo Jair Bolsonaro para atualizações acerca da Covid-19, passaram a ser divulgados apenas dados de confirmações e mortes provocadas pela doença em 24 horas, e não mais o total de casos e o de óbitos desde o início da pandemia. De acordo com o conselho, os dados serão atualizados diariamente às 17h – horário em que os dados são enviados ao Ministério da Saúde para consolidação do boletim nacional. O governo federal passou a divulgar, na última quinta-feira (4), dados sem confiabilidade apenas após as 21h30. Os dados ficarão disponíveis no site do Conass. Em nota, presidente do conselho e secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, disse que as decisões de gestão em saúde devem ser pautadas por "ciência, verdade e informação precisa e oportuna". Até as 16h30 deste domingo (7) site do Conass apontava 680.456 casos confirmados e 36.148 óbitos de pessoas com a Covid-19.
Oliveira: Subnotificação é até 12 vezes maior que o número de infectados
O ex-secretário de
Vigilância Sanitária Wanderson Oliveira, Mestre e Doutor em epidemiologia pela
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
afirmou que subnotificação de casos confirmados de coronavírus no Brasil é até
12 vezes maior que os números registrados pelo Ministério da Saúde. “Digo isso
porque os testes são ruins. Esses testes sorológicos são ruins e se tornam piores
usando a punção digital. Devia ser punção venosa. Não deveria ser usado na
ponta do dedo”, afirma. O ex-secretário disse que não será possível ter acesso
à realidade de infectados enquanto não existir um teste sorológico confiável no
Brasil. Durante a live com Atila Iamarino, doutor em microbiologia, afirmou
que está com suspeita de Covid-19. “Está todo mundo aqui em casa com suspeita.
Estamos em isolamento”, afirmou Oliveira, que apresentou cálculo, com base na
situação atual dos estados brasileiros e na letalidade do vírus, estimado em
mais de quatro milhões de casos. oliveira subnotificacao
é 12 vezes maior que o numero
Fiocruz: recontagem vai revelar aumento de mortos por Covid-19
Estudo da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) mostra que, só nas capitais que concentram os maiores registros de óbitos por Covid-19, o número de casos ocultos e não diagnosticados da doença pode ser explosivamente maior que os confirmados. "A declaração do Ministério da Saúde, de que pretende recontar as mortes e verificar se ocorreram mesmo por Covid-19, seguramente vai mostrar o contrário do que o governo diz suspeitar, que os óbitos ocorreram por outras doenças", afirma o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz de Manaus. O número de vítimas pode ser muito maior que o computado até agora. “Vai ser um tiro pela culatra porque os números mostram o contrário do que eles dizem pensar: há milhares de mortes respiratórias em que as pessoas foram enterradas sem o diagnóstico de Covid-19, porque não foram feitos os exames adequados". O epidemiologista aponta vários problemas para a obtenção do diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus no Brasil.
Coronavírus: mais de 400 mil mortos e quase 7 milhões de infectados
Levantamento feito pela universidade Johns Hopkins aponta que o mundo já contabiliza mais de 400 mil mortes em decorrência da pandemia do novo coronavírus e mais de 6,9 milhões de infectados. Segundo a instituição norte-americana, a marca foi alcançada na madrugada desse domingo (7). Apesar de países europeus, como Espanha e Itália, registrarem uma queda nos indicadores a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que em outros locais, como a América do Sul e a América Central, ainda não atingiram o pico da pandemia. Ainda conforme o levantamento, os Estados Unidos é o país que registra o maior número de mortes em função da Covid-19: quase 110 mil. O Brasil ocupa a terceira posição mundial em número de óbitos e é o segundo em casos confirmados. casos confirmados.
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