Distanciamento social: até quando?
Aos 98 anos, médico mais velho da França atende pacientes
O médico francês Christian Chenay, de 98 anos,
precisou fechar seu consultório em Paris e organizar consultas virtuais por
conta do coronavírus. Porém, não parou de visitar seus pacientes em uma casa de
repouso. Ele é o médico mais velho da França e afirmou que sua mulher está
amedrontada dele levar o coronavírus para casa. “E ela está certa”, reconhece.
Entretanto, “não posso abandoná-los”, conta. “Eles não vão conseguir se virar
sozinhos”.
Manaus: alta de 578% de óbitos levanta suspeitas
Com os
sistemas de saúde pública e funerário totalmente colapsados, Manaus teve uma
explosão de mortes por causas respiratórias em abril. Nos 28 primeiros dias do
mês passado foram 1.181 óbitos por essas causas contra 174 no mesmo período em
2019 - uma alta de 578%. Porém, apenas um em cada quatro mortes por doenças respiratórias
foram indicadas e confirmadas como coronavírus, 303 ao todo, o que levanta
suspeitas sobre o tamanho da subnotificação de casos do vírus no estado e no
Brasil. Outro dado importante é que as causas respiratórias responderam por
50,4%, em abril, dos óbitos da capital amazonenses, quase o dobro do mês em
2019, quando essas mortes foram 25,9% do total.
Pacientes de Covid-19 volta a crescer no Hospital Albert Einstein
O número de pacientes
internados com coronavírus
no hospital Albert Einstein, voltou a crescer nesta semana, depois de sequência
de quedas. O número de pessoas internadas no Einstein com a Covid-19 era de 122
em 4 de abril, chegou a cair para 70. O número voltou a subir esta semana,
chegando a 86 sendo metade das pessoas na UTI. “Pode ser uma tendência. Se isso
se confirmar, será um reflexo da redução do isolamento social nas classes A e
B”. O menosprezo aos riscos do coronavírus é patente nas elites: “Os números
mostram esse relaxamento e a gente começa a sentir isso na atitude das pessoas.
A relação disso com o aumento do número de casos é muito clara”.
Controle dos assintomáticos: o sucesso de Cuba contra o coronavírus
Mapear e isolar os pacientes que contagiam sem apresentar sintomas e
buscar possíveis doentes de casa em casa são algumas medidas com as quais Cuba
busca mudar favoravelmente o rumo da pandemia e alcançar o pico de transmissão
antes do previsto. Até quarta-feira (29/04), Cuba acumulava 1.467 casos do novo
coronavírus, com 58 mortes, desde que os primeiros pacientes testados positivos
foram registrados em 11/03, número muito menor que o dos vizinhos. Cuba decidiu
focar sua atenção nos assintomáticos - aqueles que sequer tossem - mas que
espalham o vírus. Sem exames, essa população não sabe que possui a doença e
representa um risco para a propagação do novo coronavírus. Dos 380 novos casos em
Cuba entre 20 e 29 de abril, 222 eram assintomáticos, contabilizando mais de
58% dos casos. Mas todos já se encontravam isolados em algum centro de saúde,
porque tiveram contato com algum caso positivo.
Cuba: Suspeito? Isolamento!
"Se detecto um paciente confirmado para a
covid-19, busco a última pessoa que possa ter tido contato com ele nos últimos
14 dias e tenha se infectado", afirmou Francisco Durán, diretor de
Epidemiologia do Ministério da Saúde de Cuba (Minsap). "Isolo e estudo
todas essas pessoas. Isso indiscutivelmente tem uma repercussão em reduzir a
incidência, em diminuir a transmissão". Se testa todos os contatos
confirmados com covid-19, com ou sem sintomas. "Há momentos em que o
resultado é negativo, mas é mantida uma vigilância caso apareça algum
sintoma", afirma. Os que apresentam sintomas de imediato recebem tratamento
"como se tivessem" a doença, até que seja confirmada. A ilha tem seu
próprio arsenal para tratá-los. Entre eles o antiviral Interferón Alfa 2B, que
repõe as defesas humanas, usado pela China como uma das opções de combate ao
vírus. Não evita o contágio, mas os pacientes evoluem "um pouco melhor",
diz Durán. Também usamos plasma de pacientes recuperados em terapias. "Impacto
do uso é evidente em pacientes beneficiados". A cloroquina e a
azitromicina também constam do protocolo, depende do caso.
Médicos: de porta em porta
O novo coronavírus está presente em 104 dos 168
municípios de Cuba. Há um total de 39 surtos de transmissão local em
acompanhamento para evitar descontrole. Desde meados de março, milhares de
estudantes de medicina vasculham todos os cantos do país em busca de possíveis
casos. A "pesquisa é a garantia do sucesso", declarou Luis Armando
Wong, diretor de Saúde na província de Mayabeque, vizinha de Havana, que
registra 45 casos. "Até o momento, não precisamos lamentar pacientes
mortos e é justamente porque os identificamos na pesquisa e foram tratados a
tempo". Mayabeque, com 30% de seus 382.000 habitantes espalhados em
setores rurais, tornou a pesquisa complicada. "Como moro no campo, as
casas são distantes. Ando um quilômetro e às vezes faço o levantamento em duas
casas", explicou Darlyn de Caridad, a estudante do primeiro ano de
medicina. As autoridades de saúde investigam se há sintomas respiratórios,
tosse seca ou febre nos cubanos examinados. Se detectarem suspeitos, reportam
imediatamente. "Não me sinto sobrecarregada ou estressada, porque sei que
temos um sistema de saúde muito amplo", disse Bárbara García, mulher de 70
anos e moradora do campo, que sofre de problemas pulmonares.
Modo: antecipar o pico da pandemia
Se tudo correr bem, Cuba deve adiantar o pico da curva de contágio para
a próxima semana, com um máximo de 2.500 casos ativos. Cálculos estimavam que o
pico deveria ser alcançado no final de maio. O adiantamento se deve à eficácia
das medidas de isolamento social e de saúde adotadas, de acordo com José Portal,
Ministro da Saúde. Com um pico de 4.500 casos ativos, não está descartado,
porque "pode haver um grupo de casos – assintomáticos - que não
identificamos". A situação é devido a filas para comprar alimentos ou por
descuidos, como surto em lar de idosos que retoma a curva de contágios. Chegar
ou não a "estágio epidêmico vai depender exclusivamente de quantos casos
conseguiremos diagnosticar e isolar, identificar os contatos, mas mais do que
tudo, da capacidade de cooperação" dos cidadãos, apontou o ministro.
Coronavírus pode atingir 12 mil idosos em asilos
Ministério da Saúde
indica que o coronavírus pode atingir cerca de 11.732 idosos que vivem em
asilos da rede pública. Eles fizeram o cálculo considerando a existência de
mais de 78 mil pessoas com mais de 60 anos vivendo em instituições vinculadas
ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e uma estimativa de 15% de
incidência da doença.
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Renato
Aroeira – Vai eu peguei e nem senti - E daí?
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