Após a semana de depoimentos em áudio em que líderes de partidos 'pelegos' e personagens de vida pública e moral privada com marcas profundas de corrupção se digladiam, a justiça se cala - entre a esperança de ainda lucrar ou atender o clamor popular - sob forte pressão internacional, e aparenta poucas forças para sustentar a insanidade.
Entre escândalos e manifestos, vamos ler a Poesia do clérigo anglicano John Donne, em inglês e português, conhecer os escritos de Rui Barbosa nos Clássicos da Literatura, assistir a TV Leituras com Fernando Sabino no Roda Viva. E ler as Notícias que tratam do mercado editorial e a crise, as bibliotecas comunitárias inauguradas em Taquaritinga, o aluno que conquistou o 1º lugar no ranking nacional de leitores, o maior prêmio científico da França Vencido pelo Brasil, o filme Aquarius, o Prêmio Vivaleitura, o perfeito midiota, os 20 livros que viram filme em 2016 e a exposição de artistas mulheres no MAB. Lamentar a Censura judicial que impede universitários de se posicionarem sobre o golpe. O Prazer da Leitura nos traz Mãe e filha, e a fala da juventude contra a falta de governo em Imagem.
Read the meditation of John Donne Leia a meditação de John Donne MEDITATION 17 (excerpt) No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main; if a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were; any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee. MEDITAÇÃO 17 (trecho) Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um teu amigo, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. Tradução: Paulo Vizioli
In: VIZIOLI, Paulo. John Donne: O Poeta do Amor e da Morte. São Paulo: J.C. Ismael Editor, 1986.
Nem o mercado editorial deixou de ser abatido pela crise pela qual passa o País, que atinge as finanças públicas e o consumo das famílias. O fardo é grande para as maiores empresas do setor, cujo maior cliente é o Governo Federal e seu Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que estava com dificuldades para quitar a encomenda de mais de 120 milhões de livros para 2016.
Do outro lado, as editoras “independentes” têm passado quase incólumes, já que dependem do cliente e da sua vontade de adquirir o livro, mesmo em condições financeiras adversas. Os formatos artesanais e informais são o diferencial na contenção de custos que garante essa curva ascendente, no assunto que volta à tona hoje, quando se comemora o Dia Mundial do Livro, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), desde 1995.
Sócia-editora da Livrinho de Papel Finíssimo, Sabrina Carvalho diz que o mercado independente já está consolidado no País. “Desde Frei Caneca que já se editava de forma independente em Pernambuco. Não inventamos a roda, mas já somos relativamente antigos nesse mercado”, comenta sobre a empresa que completa 10 anos em 2017, com 120 títulos publicados.
O cunho pouco comercial, que não faz da curadoria uma ferramenta econômica, também movimenta o setor. “As pessoas descobrem que podem se publicar e que isso é mais possível que impossível”, diz. Existem formatos como “orçamento” ou “parceria”, além do serviço de “assessoria editorial”.
O movimento cartonero surgiu, em 2003, em uma Argentina em crise. O preço do papel levou ao uso do papelão reciclado e isso não só foi um enfrentamento ao problema como movimentou a atividade de catadores, de onde surgiram grupos como Dulcinea Catadora (SP) e Severina Catadora (PE). O formato, utilizado hoje pela editora Mariposa Cartonera, tem resultados reais: o livro “aDeus”, do poeta Miró da Muribeca, lançado em 2015 já está próximo dos 3 mil exemplares vendidos.
“É o mais vendido até agora. Trabalhamos com pequenas tiragens. Custam entre R$ 15 e R$ 20“, diz o editor do selo, Wellington de Melo. Na Região Metropolitana do Recife, segundo Melo, existem cinco editoras desse tipo; no Estado são 15.
Os números são cruéis com o mercado editorial brasileiro. Se em 2015, a boia de salvação foram os livros de colorir, que evitaram a queda de faturamento do segmento, o primeiro “Painel de Vendas de Livros de 2016” (divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores/ Nielsen) mostra alta desse quesito no início do ano com relação ao mesmo período passado: as receitas saltaram de R$ 145,061 milhões para R$ 166,678 milhões.
O volume de exemplares, no entanto, ficou quase estável. Além do encarecimento do livro, pesaram o curto espaço de tempo do início do ano à volta às aulas. Até as livrarias - que ficam com entre 30% e 50% do valor da capa - estão desenvolvendo caminhos exclusivos para o produto alternativo, com estabelecimentos que mantêm o preço acessível.
“Temos a Tatuí, a Patuá. Mas, no Recife, ainda não existe”, acrescenta Sabrina. Trata-se de um mercado que trabalha em parceria. “Estou editando um livro com um parceiro de Porto Alegre, que sairá com selo das duas editoras”, diz.
Transcrito de http://www.blogdogaleno.com.br/2016/04/27/como-o-mercado-editorial-passa-pela-crise-no-brasil
Em abril, Taquaritinga (SP) ganhou suas primeiras bibliotecas comunitárias. Localizadas no Jardim São Sebastião, Jardim Micali e no Distrito de Vila Negri, as bibliotecas foram implantadas pela Prefeitura após Caio Forcel apresentar projeto ao Prefeito do Município, Dr. Fulvio Zuppani.
''As bibliotecas comunitárias aproximam as pessoas do livro e da leitura. E essa sempre foi uma bandeira nossa. Quando crianças, montei em minha casa duas bibliotecas comunitárias - primeiro no Jardim Buscadi e depois no Jardim Martinelli - e eu sei o quanto elas transformam a vida das pessoas.'' salientou Caio Forcel.
O Governo Municipal promete instalar outras bibliotecas comunitárias.
Onde estão instaladas as bibliotecas?
Biblioteca Comunitária ‘’Bibliotecária Antonieta Patti’’ Praça Dr. Ernesto Pagliuso – Jardim São Sebastião (Estação da Cidadania) Biblioteca Comunitária ‘’Prof. João Carlos Petrucelli’’ Rua Vicente João Olivério, s/nº - Jardim Micali (Centro de Referência de Assistência Social - CRAS) Biblioteca Comunitária ‘’Prof. Querubim José Borelli’’ Praça Antônio Ramos de Olivério, 92 – Vila Negri Jardim do Bosque tem abrigo no ponto de ônibus O pedido realizado pelo Presidente da Associação.
Transcrito de http://www.blogdogaleno.com.br/2016/04/28/bibliotecas-comunitarias-sao-inauguradas-em-taquaritinga-sp
Everton Cláudio, aluno do 3º ano do ensino médio do Colégio Dom Bosco de Parnamirim-RN, destacou-se em ranking da leitores do mês do projeto Árvore de Livros. Ele ficou em 1º lugar em um ranking mensal de leitores da Árvore dos Livros, uma plataforma com 150 mil usuários e 14 mil opções de livros, presente em mais de 800 escolas, entre as quais a escola salesiana.
Leitor apaixonado e de muita dedicação, Everton ficou em 1º lugar no ranking divulgado pela Árvore dos Livros, que avalia os leitores cadastrados conforme número de leituras. Em um mês, o estudante salesiano concluiu oito livros e será presenteado com um kit especial composto por livros e brindes da Árvore de Livros.
“Achei a plataforma muito interessante porque abrange e facilita o acesso às publicações. De forma digital, temos a possibilidade de ler em qualquer lugar. Além disso, a questão do ranking é muito motivadora. Sempre que alguém se aproximava da minha pontuação, eu me sentia incentivado a ler mais”, declarou o estudante.
Everton, que fará o ENEM neste ano, acredita que a Árvore de Livros será um diferencial no que se refere a redação e linguagens. “Com os livros disponíveis, eu consigo ampliar as minhas possibilidades, indo além do que temos em sala de aula”, ressalta.
Para Krishna Lima, bibliotecária e uma das responsáveis pela plataforma no Colégio Salesiano Dom Bosco, o primeiro mês de utilização da ferramenta foi muito satisfatório. “O reflexo já percebe-se com o destaque que a escola obteve no ranking nacional de leitura, além da primeira colocação do nosso estudante. Sem dúvida, a Árvore facilita o acesso, aproximando o livro do leitor, incentivando a leitura”, avalia.
Um projeto de pesquisa sobre sistemas dinâmicos, coordenado pelo diretor do Instituto
Nacional de Matemática Pura e Aplicada, Marcelo Viana, ficou com o prêmio principal
Marcelo Viana, diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa)
Foto: Divulgação/Academia Brasileira de Ciências (ABC)
Um projeto de pesquisa sobre sistemas dinâmicos, coordenado pelo diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, e pelo francês François Labourie, da Universidade de Nice, foi o vencedor do Grand Prix Scientifique Louis D., o principal prêmio científico da França.
O prêmio é dado anualmente pela Academia de Ciências da França para incentivar projetos de vanguarda da pesquisa científica e, pela primeira vez, foi concedido para a área de matemática. O anúncio do vencedor ocorreu nesta semana e a cerimônia de entrega será no dia 8 de junho, na sede da academia em Paris.
Marcelo Viana explica que o objetivo do projeto vencedor é desenvolver a área da matemática também conhecida como sistemas caóticos, mas, principalmente, promover a colaboração bilateral entre os dois países. “Eu fiz um projeto não tanto focado no meu trabalho, mas na colaboração entre o Brasil e a França em matemática, o nosso principal parceiro por razões históricas. Nos anos 1970 e 1980 o sistema de serviço militar francês podia ser substituído por trabalho em outros países nas áreas de educação ou ciência. Então, o Impa recebeu muitos jovens cooperantes. E isso criou laços que duram até hoje. Depois que acabou essa colaboração do serviço militar, temos buscado outros modos de aumentar cada vez mais essa colaboração”, disse Marcelo.
O matemático explica que a área de estudo trabalha com sistemas que evoluem ao longo do tempo e também envolve vários tipos de geometria: “Área de sistemas dinâmicos estuda os fenômenos que evoluem ao longo do tempo, que é praticamente tudo, tudo está em permanente evolução. É a área que era chamada de Teoria do Caos, mas a gente não gosta muito dessa expressão porque ela é muito midiática”.
Sobre o “sistema caótico” que vive a política atual do pais, Marcelo brinca que é muito mais difícil de prever esse desfecho, mas se diz otimista com o que pode surgir. “Sistemas como a nossa política são muito mais difíceis de analisar porque eles se autoinformam e informação modifica o modo como o sistema evolui. Matemática e política à parte, eu sou um otimista. Acho que esse é o momento para nós construirmos a próxima versão do Brasil. Já vivi algumas crises nesses 30 anos de carreira no Brasil e a cada vez que saímos da crise saímos melhor do que entramos. Eu creio que temos que estar preparados e começar já a trabalhar para a versão seguinte do Brasil, que vai, certamente, ser melhor do que a anterior, como vem acontecendo. Evoluir para melhor”, explica Viana.
A equipe do projeto é formada igualmente por matemáticos brasileiros e franceses, “a grande maioria muito jovens”, segundo o pesquisador, e o prêmio vai financiar a integração pagando viagens e participação em eventos. O valor é de 450 mil euros, sendo 10% para o autor do projeto e 90% para financiar a pesquisa apresentada.
*Título da Brasileiros com texto e reportagem de Akemi Nitahara, da Agência Brasil Transcrito de http://brasileiros.com.br/2016/05/brasil-vence-o-maior-premio-cientifico-da-franca/
Aplaudido no festival de Cannes, Aquarius é um filme que a direita quer
boicotar porque mostra justamente um Brasil que eles tentam esconder
Léa Maria Aarão Reis
Aquarius é um filme de resistência,” disse o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, 48 anos, em entrevista coletiva, esta semana, diante da mesma entusiasmada recepção de público e de crítica com que Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, foi saudado no Festival de Cinema de Cannes em 1964 – outro filme de resistência.
A semelhança não pára aí. O clássico filme incendiário de Glauber foi apresentado pela primeira vez, em sessão fechada, no Rio de Janeiro, quatro dias depois do comício de Jango, na Central: 17 de março de 64. Agora, com uma notável atuação de Sonia Braga (ressaltada pela mais respeitada crítica internacional) Aquarius, libelo contra a especulação imobiliária desenfreada que desfigura as grandes cidades brasileiras, parece simbolizar aquilo em que está se transformando a sociedade brasileira como escreveu o crítico do jornal britânico The Guardian, Peter Bradshaw: "Essa rica e misteriosa história brasileira é sobre desintegração social".
Para ele, o roteiro, escrito por Kleber, sobre uma mulher de 66 anos, crítica musical aposentada, em pé de guerra contra uma construtora que quer demolir o prédio em que mora, é "linda" e "surpreendente."
Já o crítico brasileiro e editor do site Filme B, Pedro Butcher, lembra que o diretor tem um ”controle absoluto do cinema”, demonstrado em O Som ao Redor, seu primeiro longa- metragem de ficção.
"Toda a mídia do Brasil falou sobre o gesto do protesto,” observa surpreso, o autor de Aquarius, que também é roteirista, tem formação jornalística e já exerceu a crítica de filmes, a respeito do protesto e da denúncia do elenco no tapete vermelho do festival.
“Aproveitar os holofotes de Cannes deu certo", disse nas primeiras entrevistas concedidas depois da exibição oficial. “O filme é de resistência e é um pouco um filme de sobrevivência; mas mais ainda se trata de um filme sobre a energia necessária para existir. Às vezes cansa, mas há que encontrar mais energia para continuar a lutar. Penso que a Sônia entendeu isso logo”.
Outro diretor brasileiro que se apresenta em Cannes este ano, na categoria de documentário, com o filme Cinema Novo, Eryk Rocha, filho de Glauber, comenta que o atentado à produção de cultura sofrida pelo país, neste momento, “revela a falta de visão e de dimensão estratégica da importância da cultura e da educação no Brasil. E talvez elas sejam as duas coisas mais importantes do mundo contemporâneo no século 21. São questões estratégicas de Estado de muitos países desenvolvidos, como aqui na França, e essa fusão de ministérios, no Brasil, revela uma miopia, uma falta de projeto, tanto de cultura quanto de educação.” Eryk foi outro que, em suas entrevistas, se mostrou radicalmente contra o impedimento da presidente Dilma e denunciou o golpe.
Na trama, que como afirma o The Guardian, é, de certa forma, uma metáfora do Brasil, “abordando temas como nepotismo, corrupção e cinismo”, Sonia Braga, no seu desempenho do personagem de Clara, brilha e deixou fascinados os críticos presentes ao festival. “Clara já é uma das heroínas mais revolucionárias do cinema brasileiro, uma mulher forte como não se encontra no cinema nesta faixa etária: na sua potência como mãe, na sua potência profissional, na sua potência erótica,” louvou o jornal português O Público.
A inesquecível Dona Flor, por sua vez, comenta: “O problema é com os ricos. Querem tirar a todos tudo o que eles têm e querem fazer as cidades feias,” ela acrescentou, no encontro com a mídia, à afirmação do ator Humberto Carrão, outro do elenco de Aquarius, que fala da “falta de educação dos ricos.” Ambos se referiam ao contexto da personagem no filme, uma sexagenária, a única habitante de um edifício na Praia da Boa Viagem, no Recife dos anos 40, que, não querendo abandonar as suas memórias, torna-se “um foco de resistência para os projetos de uma imobiliária e da sua ferocidade,” como diz O Público.
Outros calorosos elogios vêm da revista americana Variety, uma das mais importantes da indústria cinematográfica. Para ela, Sonia está "incomparável" no papel de Clara. O autor do texto, Jay Weissberg, definiu Aquarius como um filme "mais sutil, mas não menos maduro" do que O som ao redor, de quatro anos atrás.
Para a jornalista Letícia Constant, do Le Monde, o longa é um forte candidato na corrida pela Palma de Ouro. E a conceituada crítica de cinema do jornal, Isabelle Regnier, considerou Aquarius o melhor filme exibido até agora na competição oficial. O jornal escreve que o diretor pernambucano enfoca os problemas do Brasil contemporâneo com beleza e musicalidade.
Ela considera um gesto "simples e forte” o protesto dos artistas no tapete vermelho: “Faz eco à revolta da personagem Clara, interpretada por Sônia Braga.”
O Libération também adorou o filme de Kleber que deve estrear no Brasil ainda no segundo semestre deste ano. O diário de esquerda destaca que ele apresenta no filme um retrato magnífico dos males da sociedade brasileira por meio da Clara “em luta contra a ganância do capitalismo”. Para o Libé a atuação de Sônia Braga é “resplandecente”.
O crítico Luiz Joaquim, do site Cinemaescrito resume as confluências do filme de Glauber e de Mendonça: “Assim como Deus e o diabo assombrou a todos por mostrar o óbvio no que diz respeito a questões da reforma agrária (e não apenas isso), tão em voga no Brasil daquele ano, Aquarius deverá encantar a todos em função de uma muito bem delineada personagem feminina, sexagenária e determinada a nunca renunciar àquilo que acredita ser o correto - mesmo que para isso precise lutar sozinha contra um gigante milionário em recursos financeiros e políticos.”
“Soa familiar?” ele pergunta.
Sim. É trágico viver para ver que, 52 anos depois de Glauber, entre lutas, idas e vindas, recuos e vitórias políticas e sociais progressistas, depois de tanto sofrimento, o povo brasileiro, como a Clarado pernambucano Kleber, é acossado pelo espírito da mesma malta que retorna desavergonhada, para desmontar uma jovem democracia.
Resumindo, para O Público, Aquarius é um filme sensualíssimo, sereno e sinistro sobre a memória ameaçada. Para a tradicional revista francesa Première, o cineasta Kleber Mendonça Filho traçou uma crônica da sociedade brasileira com “ maestria e uma melancolia impressionantes."
Transcrito de http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2016/05/aquarius-um-filme-de-resistencia-1839.html
As pessoas que desenvolvem algum projeto de incentivo à leitura poderá participar do 8º Prêmio Vivaleitura, que está com inscrições abertas até o dia 13 de março. O prêmio destinará R$ 25 mil para cada vencedor das quatros categorias e a inscrição será no site.
Os participantes poderão escolher uma das categorias: Biblioteca Viva, Escola Promotora da Leitura, Território da Leitura e Cidadão Promotor de Leitura (pessoa física). Além do prêmio em dinheiro, os classificados receberão a menção honrosa denominada José Mindlin, como reconhecimento pelas iniciativas que se destaquem por seu impacto e abrangência.
O Prêmio Vivaleitura foi criado em 2006, e é uma ação conjunta realizada pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Educação e integra o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL). Como parceiros, há a participação da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) e apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e da Fundação Santillana.
A novidade é que esta edição está incentivando a participação de crianças e jovens como protagonistas de projetos de promoção da leitura e iniciativas de estimulo à leitura realizadas pela Internet.
Esse é um dos sintomas que denunciam a midiotice: a pessoa se considera a legítima
herdeira da nacionalidade, apesar de, no íntimo e às vezes explicitamente,
sonhar com um apartamento em Boca Ratón
O midiota é, antes de tudo, um fraco.
Quase sempre, emerge das fileiras nebulosas do contingente social que costuma ser chamado de “a maioria silenciosa”. Salta diretamente do estado de alienação política para o fervor do ativismo cego e raivoso, alimentado por manchetes dos grandes diários e pelo histrionismo dos apresentadores de telejornais.
Guarda muitas semelhanças com aquele perfil que, num dia de julho de 2013, a economista Marilena Chauí chamou de “uma abominação política”.
O desabafo da doutora, retirado do contexto original, ainda circula pelas redes sociais, suscitando comentários magoados de gente que se considera de classe média e, numa lógica transversa, se sentiu ofendida por suas considerações.
Esse é um dos sintomas que denunciam a midiotice: a pessoa se considera a legítima herdeira da nacionalidade, apesar de, no íntimo e às vezes explicitamente, sonhar com um apartamento em Boca Ratón. Também se julga a mais autêntica representação da moral, apesar de nunca perder a chance de lesar o fisco ou de levar certa vantagem indevida quando a oportunidade se oferece.
A linha que conecta a “abominação política” identificada pela professora Chauí ao autêntico midiota foi traçada há 44 anos pelo sociólogo alemão André Gunder Frank, quando estudou o subdesenvolvimento da América Latina – o Brasil incluído – e cunhou o termo “lumpenburguesia”, para definir os cidadãos que desprezam tudo que é nacional e se projetam no universo de valores do colonizador.
Esse fenômeno, comum no nosso continente, se concentra nas classes médias urbanas, quando emulam as classes dominantes que, incapazes de articular um projeto nacional próprio e representativo, se transformam em agentes do interesse externo, em detrimento da nacionalidade.
Esse conjunto de valores pode ser percebido em grande número de articulistas, editorialistas e comentaristas onipresentes na mídia tradicional.
Por que o midiota é, antes de tudo, um fraco?
Porque foge da angústia inerente à complexidade da vida contemporânea: se a criminalidade assusta, passa a defender a pena de morte e a extensão da legislação penal aos menores de dezoito anos, esperando, com isso, que aqueles negrinhos que incomodam o bairro sejam devidamente exonerados da vida social.
Se os jornais noticiam o aumento dos crimes violentos, sai vociferando contra a Justiça, que coloca na rua os marginais reincidentes. Nem se dá conta de que a violência da própria polícia aumentou proporcionalmente mais do que aquela praticada por civis.
Também não estranha que a imprensa nunca aborda a questão da reincidência, que é desde sempre o eixo do controle da criminalidade, porque esse é um dado que não interessa aos estatísticos do Estado.
Se os ciclos do capitalismo o surpreendem num momento de realocação dos capitais internacionais, culpa o governo de plantão por todos seus aborrecimentos.
E assim segue, reduzindo ao simplismo linear tudo que pode dar um nó em sua cabeça.
Pensar dá trabalho. É mais cômodo sair por aí repetindo o que dizem os pitbulls da imprensa hegemônica, aqueles para os quais o idioma reservou a palavra energúmeno.
*Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Transcrito de http://jornalggn.com.br/noticia/manual-do-perfeito-midiota-10-por-luciano-martins-costa
Cinema e literatura sempre andaram juntos. Há livros ruins que se transformam em bons filmes. Há quem prefira ficar com a experiência de uma boa leitura e não ver o filme. A seguir, 20 livros que estão chegando aos cinemas em 2016 - pelo menos estão prometidos - e imagens de suas versões cinematográficas.
Transcrito de http://fotos.estadao.com.br/galerias/cultura,20-livros-que-vao-virar-filme-em-2016,23489
Marttha Loutsch - Garimpeiros. A participação feminina na arte brasileira teve um
grande impulso com o ModernismoDivulgação/MAB
A participação feminina na arte brasileira teve um grande impulso com o Modernismo. Foi principalmente a partir desse movimento que a arte produzida por mulheres no Brasil, e as próprias artistas, passaram a ser mais reconhecidas e a ocupar os espaços artísticos, culturais e sociais antes dominados pelos artistas homens. Para mostrar essa ascensão feminina na história da arte do país, o Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (MAB-FAAP), em São Paulo, está promovendo a exposição Elas: Mulheres Artistas no Acervo do MAB. A mostra apresenta 82 obras do acervo do museu, entre esculturas, pinturas, gravuras, desenhos, vídeos e fotografias de 64 artistas que tiveram uma grande representação no país. Entre as obras estão duas telas de Anita Malfatti e duas pinturas de Tarsila do Amaral, além de obras de Lygia Clark, Tomie Ohtake, Noemia Mourão, Djnaira e Maria Bonomi, entre outras.
A mostra apresenta 82 obras do acervo do museu, entre esculturas, pinturas,
gravuras, desenhos, vídeos e fotografias de 64 artistas que tiveram
uma grande representação no paísDivulgação/MAB
“A exposição é um recorte das obras do acervo, mas em específico com obras produzidas por artistas brasileiras ou estrangeiras radicadas no Brasil”, disse um dos curadores da exposição, José Luis Hernández Alfonso, em entrevista à Agência Brasil. “A ideia é demonstrar um percurso de obras feitas por artistas do século 20 até os nossos dias, começando por Tarsila e Anita, que foram as duas artistas da vanguarda da arte brasileira. A partir delas, a visibilidade da mulher artista aparece na sociedade brasileira porque, até então, era desconhecida”, acrescentou.
A exposição foi dividida em três núcleos. “O primeiro núcleo demonstra todo o seu percurso desde Anita e Tarsila até os nossos dias. Aí temos pinturas, esculturas e desenhos e passa por todos os movimentos e todas as concepções estilísticas como Modernismo, Estruturalismo, Abstracionismo, entre outros. Depois temos um segundo bloco dedicado à gravura, que é muito importante na arte brasileira. E um terceiro núcleo dedicado à fotografia e a vídeo instalação”, disse o curador.
A exposição, gratuita, teve início no dia 18 de abril e termina no dia 25 de setembro.
Edição: Aécio Amado
Transcrito de http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-04/exposicao-no-mab-apresenta-obras-de-grandes-artistas-mulheres-do-pais
Liminar impede realização de assembleia organizada por Centro Acadêmico para
decidir conduta da comunidade universitária ante processo contra Dilma
Léo Rodrigues
Uma liminar concedida no dia 29 de abril pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) proibiu o Centro Acadêmico Afonso Pena (Caap), entidade representativa dos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de prosseguir com a realização de uma assembleia para discutir o posicionamento dos alunos diante do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Foi fixada uma multa diária de R$ 500 em caso de descumprimento.
A decisão, assinada pela juíza Moema Miranda Gonçalves, provocou revolta entre estudantes que ficaram até as 22h de ontem na instituição discutindo medidas a serem tomadas.
Em seu despacho, a juíza Moema Miranda alega que "a pauta da Assembleia Geral Extraordinária divulgada como sendo o posicionamento dos alunos da Faculdade de Direito da UFMG perante ao impeachment e as consequentes ações decorrentes desse posicionamento fogem ao objetivo estatutário da entidade estudantil." Para ela, o interesse primordial a ser defendido pela entidade é o direito à educação e seus eventos teriam como finalidade complementar e aprimorar a formação universitária.
Assista à reportagem via TVT
Segundo a presidenta do Caap, Ana Carolina Oliveira, a decisão é uma censura e fere a liberdade de expressão. Para ela, o movimento estudantil sempre tomou posições políticas. "A diretoria do Caap tirou uma posição contra o impeachment, mas sabemos que os estudantes da faculdade apresentam diversas opiniões. Por isso, discutir o assunto em assembleia me parece fundamental para que todos possam se manifestar e construir um posicionamento com mais legitimidade. Ainda mais se tratando de um processo que é tão jurídico quanto político. E justamente estudantes de direito não podem discutir o tema?", disse.
A líder estudantil disse que o oficial de justiça chegou com o mandado por volta de 17h, quando a entidade estava realizando a segunda chamada para a assembleia e verificando se o quorum mínimo de 100 presentes havia sido atingido. A atividade foi suspensa, mas os estudantes decidiram ingressar com um recurso contra a decisão. Também aprovaram a convocação de uma nova assembleia para a próxima quarta-feira (4), que deverá acontecer independentemente da liminar ser ou não cassada.
O professor da Faculdade de Direito Marcelo Cattoni saiu em defesa do Caap. Para ele, a juíza desconsidera que o estatuto do Caap prevê a realização de eventos para discussão e deliberação de temas de grande repercussão nacional, como é o processo de impeachment. Também teria havido desrespeito ao direito constitucional de reunião pacífica, segundo o professor.
"Ela também demonstra desconhecer toda a trajetória de luta política da entidade. Nos últimos 100 anos, o Caap esteve mobilizado em todos os momentos decisivos da história do Brasil. Um ex-presidente da entidade, José Carlos da Mata Machado, foi assassinado pela ditadura militar, pelo seu engajamento. Há toda uma geração que resistiu também à ditadura do Estado Novo, que participou da campanha do Petróleo é Nosso, da reconstitucionalização do Brasil em 1932, das Diretas Já e do processo de impeachment do presidente Collor", acrescentou Cattoni.
A decisão da juiza Moema Miranda respondeu um pedido dos estudantes Túlio Vivian Antunes e Maria Clara Barros. Os autores da ação também acusaram o Caap de planejar aprovar uma greve contra o impeachment. Na manhã deste sábado (30), ambos publicaram nas redes sociais um nota informando que irão encerrar a ação ainda hoje. Segundo o texto, o objetivo foi alcançado.
"Acreditamos que após esta repercussão não haverá nenhuma tentativa de votação de greve ou de qualquer outra matéria de tamanha importância, sem que o corpo discente seja devidamente informado".
A greve tem sido um recurso utilizado por estudantes mobilizados contra o impeachment em outras regiões do país. A União Nacional dos Estudantes (UNE) chegou a convocar umaparalisação geral nas universidades na última quinta-feira (28). No entanto, Ana Carolina Oliveira garante que a diretoria do Caap não cogitou em momento algum a realização de uma greve. "Se, eventualmente, os estudantes aprovassem uma posição contra ou a favor do impeachment, poderiam decidir se manifestar através de nota ou de um ato. Nas reuniões do Caap, a greve foi descartada", explicou.
Regimento
Na nota, Túlio Vivian Antunes e Maria Clara Barros também defendem que, diante da divisão política existente na faculdade, é legítimo que favoráveis e contrários ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff publicizem suas opiniões. No entanto, discordam que uma assembleia deva aprovar um ponto de vista. "O que não consideramos legítimo é emitir uma única posição em nome de todos os alunos, afinal, nem todos os alunos são favoráveis ao impeachment", defendem.
Os autores da ação também acusam o Caap de descumprimento do regimento da entidade. Segundo eles, a assembleia foi convocada às pressas, em horário que dificulta a presença dos alunos, com o intuito de aprovar uma greve estudantil contra o impeachment. A magistrada concordou não haver urgência para realização da atividade, já que o processo de impeachment vem tramitando há vários meses.
O professor Marcelo Cattoni discorda e entende que houve uma ingerência descabida do Judiciário. "Quem deve decidir se um assunto merece ser tratado em regime de urgência em assembleia estudantil são os órgãos previstos no estatuto do CAAP, a começar pela sua diretoria. É uma questão que diz respeito ao movimento estudantil, que diz respeito ao processo de deliberação do qual devem participar os próprios estudantes, defende.
Para Ana Carolina, o Caap seguiu rigorosamente todos os trâmites previstos no estatuto. Ela estranhou a celeridade do processo. "Segundo nossos advogados, a ação foi protocolada na quinta-feira (26) às 23h e às 14h do dia seguinte já havia uma decisão liminar", disse.
A presidenta da entidade estudantil também se indigna com outras acusações que constam da ação. "Nós fomos acusados de aparelhamento partidário, e não há sequer um membro da diretoria do Caap filiado a partido político. Estamos sendo proibidos de ter posição. Inclusive, os alunos que entraram com a ação também disseram que nossos posicionamentos são opostos a grande parcela da comunidade acadêmica. Então não sei qual é o problema. Basta irem na assembleia e apresentarem seus pontos de vista. A assembleia é aberta a todos e se delibera por maioria", reiterou.
Diretas Já
Ex-presidente do Caap em 1983, no período da campanha das Diretas Já, Roberto Auad também prestou solidariedade à atual gestão e lembrou episódio semelhante ocorrido quando integrava a entidade. "Na época, o Caap aprovou uma posição a favor da campanha Diretas Já. Da mesma forma como ocorreu agora, grupos opositores recorreram à Justiça para tentar impedir a assembleia que discutiria o tema. O Judiciário, porém, não acatou o pedido. Os setores reacionários sempre recorreram a ações para tentar impedir a manifestação dos estudantes. A novidade é o acolhimento por parte desta juíza", disse.
Ele criticou a decisão, lembrando que diversas entidades têm manifestado sua opinião sobre o processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff. "A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) tem uma posição a favor do impeachment. Ninguém foi lá dizer que ela não pode ter uma opinião. E aliás, ela não fez nenhuma consulta em assembleia aos seus empresários associados. Foi uma decisão unilateral da diretoria. O Caap está democraticamente chamando uma assembleia para ver o que os alunos acham", disse Auad.
Atualmente, ele é diretor do Sindicato dos Advogados de Minas Gerais e anunciou que a entidade também irá se movimentar para derrubar a liminar. "Iremos entrar com um agravo de instrumento. Tenho convicção de que a decisão será cassada".
Faculdade de Medicina
Os posicionamentos de estudantes sobre o impeachment também têm gerado polêmica na Faculdade de Medicina da UFMG. No dia 15 de abril, uma faixa foi exposta na janela do edifício com os dizeres "Golpe nunca mais". Em reunião na congregação da Faculdade de Medicina realizada na última quarta-feira (27), professores defenderam a abertura de uma comissão de sindicância para apurar responsabilidades pela manifestação.
Sem citar nomes, um grupo intitulado UFMG pela Democracia assumiu a autoria da faixa e classificou de perseguição política a ideia de uma comissão de sindicância. "Nossa atitude não fere em nenhum aspecto o regimento interno na UFMG e não causa nenhum tipo de prejuízo ao zelo institucional da universidade", afirmaram em nota. Eles também acusaram o Diretório Acadêmico Alfredo Balena (Daab), entidade representativa dos estudantes da Faculdade de Medicina da UFMG, de se disponibilizarem para delatar os autores do ato. "Gostaríamos que o Diretório Acadêmico se retrate frente a sua própria história de luta pela democracia", defendeu.
A abertura ou não da comissão de sindicância ainda será apreciada em nova reunião da congregação. Em nota divulgada neste sábado (30), o Daab informou que o representante discente na congregação apenas respondeu afirmativamente quando questionado se conhecia os envolvidos no ato, mas que não apresentou qualquer intenção de delatar os mesmos. A entidade informa também que está realizando "uma agenda de reuniões e conversas dentro da faculdade objetivando evitar a implementação desse processo institucional, preservando a imagem e a permanência dos estudantes."
No dia em que a faixa foi erguida, o Daab se posicionou contra o ato. A entidade questionou a exposição de ideias políticas em um prédio público com grande peso na sociedade. Também enfatizou que a opinião do médico tem grande impacto devido às assimetrias na relação entre ele e seus pacientes. "O Daab não compactua com a forma como que manifestações na Faculdade de Medicina têm sido realizadas, sejam elas na forma de panfletos, faixas, adesivos ou infláveis", diz a nota publicada em 15 de abril nas redes sociais.
Transcrito de http://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2016/04/juiza-veta-a-estudantes-da-ufmg-se-posicionar-sobre-impeachment-5188.html
Após o crime sempre vem a necessidade de disfarçá-lo, encobri-lo e negá-lo. Se não é possível esconder isso dos olhos do mundo, imagine dos brasileiros. Estes, mais que ninguém, já sofrem os efeitos do ato parlamentar-jurídico-midiático, com toda sua força. Aliás, o único componente visível - das tramas de 2006 até a invasão da EBC - todas legitimadas pelos sombrios magistrados.
No esforço de recobrar vida inteligente no planeta universitário, a mostra de Adélia Prado no Sesc Vila Mariana em TV Leituras , Escapamento na Poesia , a exposição Capte-me no Museu do Amanhã em Cultura, e as Mães presas e sem benefícios legais, em Debates. A coluna Notícias traz Preso político que sobreviveu à tortura, Festival de Cinema que exibe obras restauradas, Cine de PE com mostra de filmes, os Jogos Olímpicos dando cor ao golpe, a luta pela reabertura do Cine Olinda (PE), a Festa Literária de Santa Teresa (RJ) e o festival de literatura no centro do Rio de Janeiro. E O Prazer da Leitura com Mantenha sempre ao alcance das crianças, e Imagem com a foto Fatos sobre o Outono.
“Essa exposição tenta revelar que a cada momento estamos sendo captados por vários sensores", disse a diretora do Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) do Museu do Amanhã e curadora da exposição, Marcela Sabinoi
A ideia de que cada pessoa no seu dia a dia produz rastros digitais e de que os dados produzidos por esta interferência podem ser usados na elaboração de conhecimentos, levou o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) do Museu do Amanhã, na Praça Mauá, centro do Rio, a preparar a exposição CAPTE-ME: nenhuma presença será ignorada. O nome da exposição representa com exatidão a experiência que cada pessoa terá durante a visita. Os diversos movimentos que fizer no espaço serão notados e registrados de várias formas, mostrando, inclusive, que é possível, para o visitante, interferir no ambiente.
“Essa exposição tenta revelar que a cada momento a gente está, possivelmente, sendo captado por vários sensores e vários sistemas que estão em volta da gente. Anda na rua e tem câmeras que captam a gente. O nosso celular manda um sinal chamado de CDR e a cada dois minutos ele sabe a sua localização, quantos celulares estão em volta, então, são várias informações a todo momento. Cada vez mais a gente está sendo monitorado e captado por vários sistemas. O interessante com isso é poder entender esta informação e interferir no sistema”, disse à Agência Brasil a diretora do Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) do Museu do Amanhã e curadora da exposição, Marcela Sabino.
Durante a visita, o público passeia por ambientes lúdicos e exploratórios e interage com projeções, sons e gráficos, que se modificam com o recebimento de dados em tempo real, por meio de sensores que captam o movimento da pessoa, conforme a distância dos aparelhos e de acordo com a temperatura e luminosidade da sala. Pode ter ainda a experiência, de, por meio de tablets, visualizar representações do fluxo de pessoas no mundo. Além disso, pode acompanhar vídeos de especialistas com explicações para temas como: O que é dado, informação e conhecimento; Internet de todas as coisas; e Big Data. “Essa é uma maneira artística de trabalhar o tema de dados, que pode ser muito seco, de uma forma lúdica. É uma metáfora para o que acontece no mundo em todos os momentos”, contou a diretora.
Marcela Sabino afirmou que os dados são a principal matéria prima da era da informação. “Quando se começa a tratar os dados com mais volume, com planilhas e estatísticas, passa a ter resultados que podem trabalhar de várias formas e geram conhecimento. Tiram conclusões que podem ser usadas em políticas públicas para soluções de problemas”, disse.
Tanta novidade animou Isabel Monteiro Cardoso. A menina de 9 anos percorreu a exposição registrando tudo em um vídeo feito com o seu celular. “Eu boto no youtube. Aí mostro a exposição, as coisas”, disse empolgada, informando, no entanto, que ainda não é uma YouTuber [pessoa que cria canais no site de vídeos YouTube]. “Não, mas estou tentando”. Para a menina, que foi à exposição com a irmã gêmea Luíza e a amiga de 9 anos Maria Isabella Campos Carvalho, o que mais chamou atenção foi passar a mão em quatro torres e provocar a criação de um som diferente em cada uma interferindo no ambiente. A mesma sensação teve a amiga. “É legal a gente ficar botando a mão ali e ter vários sons diferentes e escutar sons que a gente nunca escutou”, revelou.
A irmã Luiza gostou tanto da experiência que vai falar com os amigos para irem na exposição. A menina já tinha ido algumas vezes passear na área externa do museu, mas se encantou em poder conhecer a parte interna. “Eu gosto de brincar lá e ver os navios [na Baía de Guanabara], os aviões [chegando e partindo do Aeroporto Santos Dumont, que fica próximo], o museu é bem legal, mas prefiro aqui dentro. Gostei muito”, disse.
Para a mãe de Maria Isabella, a dona de casa Márcia Campos Carvalho, 45 anos, que junto com o pai das gêmeas, Luiz Cardoso, acompanhava as crianças achou que também para os adultos a exposição é instigante. “Por mais que avence a tecnologia ninguém vai descobrir o que vai dentro de nós”, indicou.
O arquivista, Luiz Cardoso, de 69 anos, gostou de ver que as filhas e a amiga delas estavam se divertindo. “É conhecimento para elas. Para as crianças é muito importante. Achei formidável. Até então, eu não tinha conhecimento disso. Gostei muito”, apontou.
A advogada Carla Lacerda, de 47 anos, foi com a irmã Fabiana e achou tudo bem diferente. “Você verificar o som, a imagem e a sensibilidade. A gente quando entrou na sala estava até com frio, mas depois que a gente descobriu como funcionava a sala, ficou até com calor, por interagir com a luz e o som. Foi muito interessante. Por meio do movimento conseguir transmitir dados para estudos é fora da nossa realidade atualmente, pelo menos que eu saiba”, contou.
Para Fabiana Lacerda o que mais chamou atenção foi se mexer diante de um painel e ver que os seus movimentos criavam imagens diferentes e geravam dados novos. “A gente às vezes nem para para pensar que nossos movimentos, a nossa energia, tudo pode ajudar até em uma pesquisa”, analisou.
O aposentado mineiro Reinaldo Moreira, de 66 anos, morador no Rio ainda não tinha conhecido o Museu do Amanhã. Gostou do que viu e ainda mais por encerrar a visita na exposição. “Na era da tecnologia muita coisa mudou, principalmente, com o computador e a internet. É interessante ver isso tudo e poder saber que a gente pode interferir. É muito importante”, disse.
O Laboratório de Atividades do Amanhã, que apresenta a exposição, é dedicado à inovação e à experimentação, com atuação nos efeitos e resultados das tecnologias tradicionais e exponenciais, com inteligência artificial, robótica, impressão 3D e biotecnologia e ainda com preocupação com o futuro em temas que vão desde o trabalho até a alimentação. A exposição, que foi inaugurada na sexta-feira, poderá ser visitada até o dia 20 de julho.
Transcrito de http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/museu-do-amanha-mostra-exposicao-que-desvenda-rastros-digitais-voce-e
Unidade Materno Infantil do Presídio Tavalera Bruce, que recebe mulheres
privadas da liberdade acompanhadas de seus bebês, desde o nascimento até 1 ano de idade
Tânia Rêgo/Agência Brasil
“Tive meu filho algemada pelos pés e pelas mãos, uma coisa assim, bem forte. E, aos três meses de vida, ele teve que ir embora. Aí, meu mundo desabou, você só fica com a parede”. O relato da chef confeiteira Desirre Mendes Pinto, ex-usuária de drogas presa por tráfico, mostra a realidade das mães e gestantes nas cadeias brasileiras.
Apesar de leis preverem penas alternativas, incluindo a prisão domiciliar para mulheres gestantes e com filhos de até 12 anos – medidas recentemente aprimoradas na Lei da Primeira Infância – o Judiciário tem sido conservador nas condenações dessas mães. A avaliação é das organizações de defesa dos direitos humanos que apoiam proposta inédita de indulto (perdão ou redução de pena) para mulheres condenadas por tráfico de drogas em até cinco anos.
Elaborado pelo Ministério da Justiça, por meio do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o documento já conta com adesão de 200 organizações e está sob análise da Casa Civil. O indulto foi assinado pela presidenta Dilma Rousseff.
De acordo com estudo do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, organização não governamental que há 15 anos atua no setor, e da Pastoral Carcerária, são mães 80% das mulheres que estão presas. A maioria foi condenada por tráfico de drogas e é formada por mulheres negras. São, em geral, as únicas responsáveis pelo sustento do lar, que muitas vezes se desintegra quando são encarceradas.
“Quando eu vim para casa, meus filhos estavam largados, com problemas no Conselho Tutelar, respondendo [fazendo pirraça], eles eram agressivos. Hoje estão mais tranquilos, não têm problemas na escola, eles se acalmaram”, contou Raquel dos Santos Machado. Ele foi presa por traficar uma pequena quantidade de drogas “para comprar fralda e leite” e conseguiu recorrer em liberdade. Raquel saiu da cadeia dois dias antes do nascimento de sua filha mais nova.
O encarceramento feminino cresceu 570% entre 2000 e 2014, segundo o Ministério da Justiça. No entanto, reverter o número de prisões preventivas e provisórias não é “uma utopia” e a lei já oferece alternativas. “Essas medidas mudam a vida dessas mulheres. Permitem que estejam com os filhos, sustentem e cuidem de suas crianças, que de outra forma estariam desassistidas”, frisou a Raquel da Cruz Lima, coordenadora do Programa Justiça Sem Muros do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania - ITTC.
Diversas organizações vêm denunciando que o encarceramento coloca em risco a saúde dessas mulheres, assim como a gestação, o parto e o cuidado com os filhos e com idosos, os quais costumam ficar sob responsabilidade dessas mulheres. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também cobra penas alternativas e prioridade no julgamento de grávidas para proteger as crianças.
Acesso à defesa não é universal
A organização não governamental Criola, de defesa dos direitos das mulheres negras, acredita que fatores como a dificuldade de acesso à defesa e o racismo prejudicam a concessão de benefícios previstos em lei.
“Quando a pessoa que cometeu um crime ou está em situação de violência é negra o processo muda completamente, ela é a culpada natural”, criticou Lúcia Xavier, coordenadora técnica da ONG. Como exemplo, lembrou o caso de Ana Kellen Moura, negra, mãe de uma criança de três anos e presa há quase um ano sem julgamento. O caso ganhou repercussão depois que uma campanha pedia sua libertação.
“No caso de Ana, mesmo a investigação sendo frágil, ela continua presa, tendo endereço fixo e sendo réu primária. A defesa não consegue reverter”, explicou Lúcia, lembrando que tais fatores justificariam a concessão de penas alternativas.
A guarda do filho de Ana foi dada para a família do pai, que é belga e só conhecia o menino pela internet, decisão que, para Lúcia, configuraria mais um indício de racismo na forma como a Justiça lidou com o caso.
Julgamento moral
A diretora de Políticas Penitenciárias do Ministério da Justiça, Valdirene Daufemback defende que, diante de situações como as descritas acima, o Judiciário deve cumprir a Lei da Primeira Infância, que recentemente ampliou o escopo de medidas alternativas à pena de prisão e rever o encarceramento como única resposta ao crime.
“Estão igualando Justiça à prisão. Mas a grande maioria que está na prisão, até 80%, em algumas regiões, estão envolvidas no pequeno tráfico. São mulheres que traficam para manter a família”, confirma. “O caso delas precisa ser visto diferente do de um grande traficante”, disse.
A coordenadora do ITTC cobra o fim do julgamento moral das mulheres. Segundo Raquel, elas são mais severamente punidas. “O fato de um homem cometer crime não é visto como um desvio do papel social. O juiz nunca vai perguntar para um homem 'se ele não tem vergonha de vender drogas para criar um filho'”, criticou. “As mulheres ouvem isso cotidianamente”, assim como são xingadas e recebem ofertas de propina sexual, denunciou.
*Repórter do Radiojornalismo da EBC. **As declarações de Rachel e Desirre foram dadas ao ITCC e disponibilizadas na internet. Transcrito de http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-05/maes-presas-nao-tem-beneficios-legais-dizem-especialistas
Uma mistura de gastronomia, literatura, feira de antiguidade e muita cultura são atrativos que turistas e cariocas encontraram na Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Vários eventos culturais gratuitos ocupam ruas do centro, que costumam ferver durante a noite. A expectativa é que 5 mil pessoas passem pelo local.
Um das principais atrações é o Festival Lapalê, com atrações até as 18h de domingo. O evento, anual, faz nesta edição uma homenagem ao centenário do samba, organiza concurso literário, roda de conversa com escritores, feira de livros e até um roteiro por pontos históricos, como a Igreja Nossa Senhora do Desterro da Lapa, que deu nome ao bairro e data de 1751.
Um dos organizadores do evento Leo Feijó lembra que autores que deixaram sua marca na literatura já foram moradores do tradicional bairro boêmio. “A ideia é discutir a realidade da Lapa, conectando o bairro com a tradição literária que vem desde o século passado, quando moravam aqui escritores como Manuel Bandeira e Machado de Assis – na Rua da Lapa. Na Mata Cavalos, que hoje é a Rua do Riachuelo (uma das principais), também morou [o compositor] Heitor Villa-Lobos”.
No domingo, o destaque da programação é a escritora Conceição Evaristo que segue com a agenda de encontros literários e rodas de debate sobre problemas comunitários.
Paralela ao Lapelê, hoje e amanhã, o Junta Local traz barraquinhas de comidas e bebidas de produtores independentes. Embaixo dos Arcos da Lapa, o evento atrai dezenas de pessoas, como Aloísio Almeida Álvares, em busca de uma opção diferente para o almoço.
“Já achei um queijinho gostoso ali, que vou levar um pedaço", contou o aposentado. “Vim conhecer, moro aqui de frente e nunca vi nada parecido. Aliás, estou vendo um camarão ali, que parece que está bom e eu vou bem experimentar”, disse.
A duas quadras dali, a tradicional Feira do Rio Antigo, que é realizada todo primeiro sábado do mês, ocupa toda a Rua do Lavradio. Os expositores apresentam antiguidades e um mix de produtos feitos artesanalmente. São peças únicas, que atraem cariocas e turistas que terminam a tarde em rodas e samba ou em restaurantes que servem, nas ruas e calcadas, a tradicional feijoada.
De Porto Alegre, a aposentada Dulce Marasckin, que passeava com a filha e o genro, comparou a feira a outros mercados alternativos espalhados pelo mundo. “Essa feira tem um atrativo que é a questão cultural. Na Europa, tem o Mercado das Pulgas em Paris, a El Rastro, em Madri, em Montevidéu a Feira de Tristán Narvaja”, citou a gaúcha. “É um hábito em muitos países comprar em feiras livres, as pessoas gostam de vir e desfrutar essa atmosfera”.
Atravessando a avenida no final da Rua do Lavradio está outra feira que atrai um público cativo. A Tiradentes Cultural completa um ano reunindo cerca de 40 expositores e porções de cerca de R$ 20. Um dos sucessos é a barraca de ceviche do peruano Vitor Lau que já tem clientes fixos.
É o caso de Melina Silva que chegou cedo para não correr o risco de ficar sem almoço. “Viemos especialmente para essa barraca, o ceviche é excelente e o preço é acessível”, recomendou a servidora pública que descobriu a Tiradentes Cultural pela internet. “Tem muita coisa interessante, produtos para levar e cozinhar em casa, muito produto de qualidade”, completou
No final da tarde, quem estiver passando poderá conferir a apresentação de um dos bloquinhos do carnaval alternativo mais celebrado da cidade: Biquinis de Ogodô convidam Sungas Odara.
Quem ainda tiver fôlego, pode passar pelas exposições do Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab), na Praça Tiradentes, e conferir a mostra na Galeria Rio Scenarium ou encerrar o passeio no Centro Municipal Helio Oiticica, com entrada gratuita até as 17h.
A oitava edição da Festa Literária de Santa Teresa (Flist), no bairro de mesmo nome no centro do Rio de Janeiro, ocorre no próximo fim de semana durante todo o dia. O evento gratuito terá 85 atrações, 162 convidados e 16 exposições permanentes que ocuparão o Centro Cultural Municipal Laurinda Santos Lobo e o Parque das Ruínas.
A curadora da Flist, Ninfa Parreiras, explica que a festa é voltada para toda a família e toda a cidade, com atrações durante o dia, sempre no horário das 10h às 18h. “É para as famílias irem com as crianças, os avós, todo mundo. Não é uma festa literária apenas para moradores de Santa Teresa, ela é uma festa literária da nossa cidade. O bacana é que ela faz todo um envolvimento das instituições que existem em Santa Teresa e artistas que moram lá, que a gente procura prestigiar.”
Este ano, haverá um tributo ao escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, membro da Academia Brasileira de Letras, morto em 2014. “O Ariano é um autor da maior importância na literatura brasileira, a gente vai ter peças de teatro, mesas de debate e contação de histórias inspiradas na obra dele”, destaca Ninfa.
Os homenageados serão o ilustrador e escritor pernambucano André Neves e o escritor e compositor carioca Nei Lopes, ambos com trabalhos relacionados às matrizes africanas brasileiras, tema que também será abordado em debates e exposições.
Frequentador da Flist como convidado das mesas redondas, Nei Lopes se diz contente e envaidecido com a homenagem, que considera fruto do trabalho de mais de três décadas na literatura.
“Eu tenho uma atividade artística e literária de muitos anos. Comecei como compositor de música popular profissionalmente em 72 e, em 81, eu comecei uma carreira em livro, publicando quase que todo ano, eu tenho mais de 30 obras publicadas nesse período, é um volume bastante considerável.”
Com a obra totalmente ligada à ancestralidade africana, Nei afirma que é preciso inverter a visão mercadológica com relação à afrodescendência, que fica muito focada nas periferias.
“A gente tem que estar dentro, no meio, não é perifericamente, como se fôssemos ETs ou estrangeiros. Eu acho que a gente tem que estar dentro do fluxo da sociedade, coexistindo com ela, produzido para ela, absorvendo o que a sociedade tem de bom com naturalidade. É assim que o Brasil vai, se tiver que caminhar para frente, acredito que não seja coisa para o meu tempo, a solução é esta aí, integrar todas as suas vertentes de pensamento, integrar todas as suas vertentes de trabalho naturalmente, e não ficar olhando como se fosse uma visão periférica, uma visão do exótico.”
A Flist é promovida pelo Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat). São esperadas 10 mil pessoas nos dois dias de evento. Entre as atrações estão o poeta brasileiro Chacal, a escritora espanhola Ana Garralón e os cantores Marcos Sacramento e Chico, filho da cantora Cássia Eller.
Transcrito de http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/festa-literaria-de-santa-teresa-homenageia-nei-lopes-e-andre-neves