“Essa exposição tenta revelar que a cada momento estamos sendo captados por vários sensores", disse a diretora do Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) do Museu do Amanhã e curadora da exposição, Marcela Sabinoi
A ideia de que cada pessoa no seu dia a dia produz rastros digitais e de que os dados produzidos por esta interferência podem ser usados na elaboração de conhecimentos, levou o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) do Museu do Amanhã, na Praça Mauá, centro do Rio, a preparar a exposição CAPTE-ME: nenhuma presença será ignorada. O nome da exposição representa com exatidão a experiência que cada pessoa terá durante a visita. Os diversos movimentos que fizer no espaço serão notados e registrados de várias formas, mostrando, inclusive, que é possível, para o visitante, interferir no ambiente.
“Essa exposição tenta revelar que a cada momento a gente está, possivelmente, sendo captado por vários sensores e vários sistemas que estão em volta da gente. Anda na rua e tem câmeras que captam a gente. O nosso celular manda um sinal chamado de CDR e a cada dois minutos ele sabe a sua localização, quantos celulares estão em volta, então, são várias informações a todo momento. Cada vez mais a gente está sendo monitorado e captado por vários sistemas. O interessante com isso é poder entender esta informação e interferir no sistema”, disse à Agência Brasil a diretora do Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA) do Museu do Amanhã e curadora da exposição, Marcela Sabino.
Durante a visita, o público passeia por ambientes lúdicos e exploratórios e interage com projeções, sons e gráficos, que se modificam com o recebimento de dados em tempo real, por meio de sensores que captam o movimento da pessoa, conforme a distância dos aparelhos e de acordo com a temperatura e luminosidade da sala. Pode ter ainda a experiência, de, por meio de tablets, visualizar representações do fluxo de pessoas no mundo. Além disso, pode acompanhar vídeos de especialistas com explicações para temas como: O que é dado, informação e conhecimento; Internet de todas as coisas; e Big Data. “Essa é uma maneira artística de trabalhar o tema de dados, que pode ser muito seco, de uma forma lúdica. É uma metáfora para o que acontece no mundo em todos os momentos”, contou a diretora.
Marcela Sabino afirmou que os dados são a principal matéria prima da era da informação. “Quando se começa a tratar os dados com mais volume, com planilhas e estatísticas, passa a ter resultados que podem trabalhar de várias formas e geram conhecimento. Tiram conclusões que podem ser usadas em políticas públicas para soluções de problemas”, disse.
Tanta novidade animou Isabel Monteiro Cardoso. A menina de 9 anos percorreu a exposição registrando tudo em um vídeo feito com o seu celular. “Eu boto no youtube. Aí mostro a exposição, as coisas”, disse empolgada, informando, no entanto, que ainda não é uma YouTuber [pessoa que cria canais no site de vídeos YouTube]. “Não, mas estou tentando”. Para a menina, que foi à exposição com a irmã gêmea Luíza e a amiga de 9 anos Maria Isabella Campos Carvalho, o que mais chamou atenção foi passar a mão em quatro torres e provocar a criação de um som diferente em cada uma interferindo no ambiente. A mesma sensação teve a amiga. “É legal a gente ficar botando a mão ali e ter vários sons diferentes e escutar sons que a gente nunca escutou”, revelou.
A irmã Luiza gostou tanto da experiência que vai falar com os amigos para irem na exposição. A menina já tinha ido algumas vezes passear na área externa do museu, mas se encantou em poder conhecer a parte interna. “Eu gosto de brincar lá e ver os navios [na Baía de Guanabara], os aviões [chegando e partindo do Aeroporto Santos Dumont, que fica próximo], o museu é bem legal, mas prefiro aqui dentro. Gostei muito”, disse.
Para a mãe de Maria Isabella, a dona de casa Márcia Campos Carvalho, 45 anos, que junto com o pai das gêmeas, Luiz Cardoso, acompanhava as crianças achou que também para os adultos a exposição é instigante. “Por mais que avence a tecnologia ninguém vai descobrir o que vai dentro de nós”, indicou.
O arquivista, Luiz Cardoso, de 69 anos, gostou de ver que as filhas e a amiga delas estavam se divertindo. “É conhecimento para elas. Para as crianças é muito importante. Achei formidável. Até então, eu não tinha conhecimento disso. Gostei muito”, apontou.
A advogada Carla Lacerda, de 47 anos, foi com a irmã Fabiana e achou tudo bem diferente. “Você verificar o som, a imagem e a sensibilidade. A gente quando entrou na sala estava até com frio, mas depois que a gente descobriu como funcionava a sala, ficou até com calor, por interagir com a luz e o som. Foi muito interessante. Por meio do movimento conseguir transmitir dados para estudos é fora da nossa realidade atualmente, pelo menos que eu saiba”, contou.
Para Fabiana Lacerda o que mais chamou atenção foi se mexer diante de um painel e ver que os seus movimentos criavam imagens diferentes e geravam dados novos. “A gente às vezes nem para para pensar que nossos movimentos, a nossa energia, tudo pode ajudar até em uma pesquisa”, analisou.
O aposentado mineiro Reinaldo Moreira, de 66 anos, morador no Rio ainda não tinha conhecido o Museu do Amanhã. Gostou do que viu e ainda mais por encerrar a visita na exposição. “Na era da tecnologia muita coisa mudou, principalmente, com o computador e a internet. É interessante ver isso tudo e poder saber que a gente pode interferir. É muito importante”, disse.
O Laboratório de Atividades do Amanhã, que apresenta a exposição, é dedicado à inovação e à experimentação, com atuação nos efeitos e resultados das tecnologias tradicionais e exponenciais, com inteligência artificial, robótica, impressão 3D e biotecnologia e ainda com preocupação com o futuro em temas que vão desde o trabalho até a alimentação. A exposição, que foi inaugurada na sexta-feira, poderá ser visitada até o dia 20 de julho.
Transcrito de http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/museu-do-amanha-mostra-exposicao-que-desvenda-rastros-digitais-voce-e
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