Eduardo Melo
Certo dia, o padrasto ofereceu à enteada uma carona após o trabalho. Dirigiu até a Praça Pôr do Sol, no bairro Bela Vista, desligou o motor do carro e enfiou a mão debaixo da saia dela, que ameaçou gritar. Ele disse:
– Pode gritar, ninguém vai te ouvir.
A cena verídica batizou o projeto dos escritores Nurit Gil e Robertson Frizero, ambos radicados em Porto Alegre. A ideia era criar uma plataforma para vítimas de abuso sexual em que elas pudessem, sim, ser ouvidas.
– Diferentemente de outros crimes, em que as vítimas fazem questão de denunciar, o silêncio é um ponto em comum entre as histórias. Porque existe a vergonha, o medo, a culpa. Existe ainda a família, em que o tema é um tabu. E existe uma voz forte, que é a literatura – declara Nurit.
(Fonte: Revista Donna, Zero Hora, 03-05-2016. Matéria do jornalista Cauê Fonseca)
O site Pode Gritar entrou no ar em setembro de 2015. A proposta é que as vítimas de abuso sexual entrem em contato com os escritores e contem suas histórias. As narrativas, então, são reescritas em forma de relatos literários em primeira pessoa. Tanto a vítima quanto o escritor do relato assinam um termo de compromisso com cláusulas que asseguram a não identificação dos personagens e vetam qualquer uso comercial dos textos.
O site Pode Gritar entrou no ar em setembro de 2015. A proposta é que as vítimas de abuso sexual entrem em contato com os escritores e contem suas histórias. As narrativas, então, são reescritas em forma de relatos literários em primeira pessoa. Tanto a vítima quanto o escritor do relato assinam um termo de compromisso com cláusulas que asseguram a não identificação dos personagens e vetam qualquer uso comercial dos textos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário