sexta-feira, 13 de maio de 2016

Terra de caolho

Camila Cabete

Ok, assumo aqui que ando um tanto agressiva. Mas não é para estar? Nosso país, um barril de pólvora, e um mercado, que amo, atirando para os lados errados. Hoje falaremos de marketing e merchandising.

Em plena era da internet e do YouTube, as editoras têm tentado acertar seu marketing nas mídias ultrapassadas. Falo isso porque tenho contatado alguns youtubers que falam sobre livros e, com pesar, descobri que as editoras não investem neles.



Para os que estão fora do YouTube, é o seguinte: existem canais com várias especialidades. Alguns falam de moda, outros de livros, outros de variedades e por aí vai. Esta ferramenta tem se tornado (já se tornou, acho) a TV da nova geração e o poder de influência é gigantesco. Mesmo eu tendo 38 anos, hoje quem me influencia nas novas leituras são os booktubers, além de amigos confiáveis, claro.

Nos canais de moda, a galera está fazendo disso suas profissões. As marcas entenderam que é o novo caminho do merchandising e têm pago não só anúncios nestes canais, como também patrocinado algumas ações pontuais com suas blogueiras preferidas. Li em um blog que uma das mais famosas do YouTube estaria ganhando cerca de R$ 80 mil por mês, em média, só de visualizações de seus vídeos.

Os canais de livros são os primos pobres da rede. As editoras e livrarias ainda não chegaram nestes canais de comunicação. Os que chegaram acham justo "pagar" os blogueiros / booktubers com livros. Vamos ser mais profissionais, gente? Esses novos influenciadores hoje possuem mais poder do que qualquer jornal e revista na hora de divulgar suas obras. E por se tratar de uma maravilha da internet, você ainda pode medir os resultados das ações.

Isso é incrível... afinal, como vocês medem os resultados do Busdoor (é assim que se escreve?). Esses cartazes na traseira dos ônibus custam caro.... Agora a pergunta que não quer calar: alguém já comprou um livro por causa de anúncio nas traseiras dos ônibus? Acho que não conheço ninguém que tenha. Estendo minha dúvida também para revistas e jornais impressos... além de status, acho improvável isso se tornar um grande influenciador de leitores. Afinal, vivemos dos que os leitores compram, e não do que nos dá status, não é mesmo?

Os blogueiros possuem mídiakits, com preços e opções de parcerias. Fica aqui minha dica: antes de procurá-los para pedir o endereço para mandar livros, e depois ficar cobrando que eles resenhem, sejam profissionais: peçam o kit mídia e comecem a investir no que realmente vai trazer resultado.

Camila Cabete tem formação clássica em História e foi responsável pelo setor editorial de uma editora técnica, a Ciência Moderna, por alguns anos. Entrou de cabeça no mundo digital ao se tornar responsável pelos setores editorial e comercial da primeira livraria digital do Brasil, a Gato Sabido, além de ser a responsável pelo pós-venda e suporte às editoras e livrarias da Xeriph, a primeira distribuidora de conteúdo digital do Brasil. Foi uma das fundadoras da Caki Books, editora cross-mídia que publica livros em todos os formatos possíveis e imagináveis. Hoje é a Brazil Senior Publisher Relations Manager da Kobo Inc. e possui uma start-up: a Zo Editorial (@ZoEditorial), que se especializa em consultoria para autores e editoras, sempre com foco no digital. Camila vive em um paraíso chamado Camboinhas, com seus gatos pretos Lilica e Bilbo.

Transcrito de PUBLISHNEWS

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