sexta-feira, 24 de abril de 2015

Terra entre Rios

Antonio Carlos Ribeiro

O  livro  Terra  entre rios (Palmas: EDUFT, 2015), do Professor Walace  Rodrigues,  do  Colegiado  de  Letras  da Universidade Federal do Tocantins  (UFT),  Campus  de  Araguaína,   lançada pela Editora da UFT no  bloco  IV/Reitoria,  Campus de Palmas, em evento promovido pela  Pró-Reitoria  de  Pesquisa (Propesq), durante o Congresso dos Movimentos  Sociais  e Feira de Livros da Região Norte.

A obra de Walace Rodrigues começa com a capa e as ilustrações, de sua própria lavra, com a dedicatória simpática “a todos os tocantinenses, gente forte, gente de ribeirão, meio goiana, meio mineira, meio nordestina, meio amazônica, mas inteira na alma”.

O prefácio cumpre seu papel de apresentar essa coletânea de poesias, mapeando sua origem, dando detalhes da qualidade textual, explicando as razões do estilo, as menções ao povo tocantinense – dos que aqui já estavam aos que chegaram para viver, trabalhar, estudar e dar sua contribuição na educação – sem esquecer os mestres múltiplos e fontais em que o autor sacia suas sedes, para devolver saberes poeticamente elaborados, marcados por terras vermelhas e muitas águas.

Os temas variam e pululam nas 66 poesias de suas páginas. Começa com os mestres como Cartola, Oiticica, García Lorca, Cora Coralina, Caetano, Adélia, Drummond, Ledo Ivo, Van Gogh e a alma azulada do Bispo do Rosário. Com total liberdade para deixar ao leitor a descoberta da influência a cada texto ou revelar-se, neologizando: ‘Oiticicar’, ‘Cora, a Coralina’, e ‘Vangoghiando’. Em Adélia, diz ter visto que ‘vida de mulher é coisa doida e santa’.

Na homenagem aos tocantinenses, devaneia-se na primavera com bebida, comida, ‘pouquidão’, carinho e clareza. Lembra os rios violentamente fortes, a quem diz dever suas poesias e declara-se em ‘Terra entre Rios’.
Mergulhar num mar de terra vermelha.
Chuva forte, rio cheio.
Durmo em rede em penso em nós.
Ararinhas sobrevoam minha vida.
 Meu coração se encontra aqui e lá.
Lua, noite, estrelas e mais estrelas.
Céu aberto e cantos longínquos de indígenas.
Nesta terra entre rios encontrei minha alma.

Sente-se afetado por ‘saudade’, ‘Lutas’, ‘Visita dos anjos’, ‘Na Lagoa santa’, ‘Mundão doido’, ‘Juntos’, ‘Casa rosa’, ‘Imagens da loucura’, ‘Afetação’, ‘Passado de quimeras’, ‘Celestial’, ‘Talvez’, ‘Vou ficar famoso...’, ‘Invejosos quintanescos’, ‘Aprender’, ‘Sonhos’.

Em ‘Lugares de Poesia’ traz poesias sobre a poesia, destacando a suavidade, a definição, o poeta, a literatura, o livro torto, a língua portuguesa, o riso, a poesia como literatura de imagens, a neblina, a palavra (concreta) e a poesia mineira. Na profecia, lembra o Bispo do Rosário e Santa Teresa d’Ávila, os sertanejos e mergulha nos Céus, experimentando o Mysterium Tremendum ao chorar os pecados e compreender a miséria humana, e o Mysterium Fascinosum, com os brilhos de luar e dourados do sol, recebidos de presente.

A última sequência é dedicada à memória do professor Cleides Antônio Amorim, da dor da perda à incompreensão!


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