quinta-feira, 30 de abril de 2015

Confirmada na Flip, Karina Buhr estreia na literatura

Cantora lança ‘Desperdiçando rima’, livro que reúne poemas, crônicas e desenhos

“Ai, meu Deus, esqueci de fazer o índice! Será que existe livro sem índice? Bom, não importa, o livro fica mais parecido comigo assim...”, comentou a cantora Karina Buhr, tão logo recebeu o exemplar pronto da obra que vai lançar no dia 28, “Desperdiçando rima” (Rocco).


No caso de Karina, a falta de padrão não é descuido. É estilo. O livro não tem índice, não tem gênero, não tem unidade: é uma coleção de textos soltos, escritos há muito tempo e agora, antes escondidos nos seus cadernos ou na sua cabeça. Alguns assumem a forma de poemas, outros se travestem de contos e algumas crônicas de disfarçam de aforismos. Há até um acróstico (com o palavrão “putaquepariu”). Acompanhando todos eles, os desenhos da cantora e compositora pernambucana, que também é atriz e ilustradora. Um livro que entrega a característica multifacetada de Karina — e do seu tempo.

— Eu sempre fiz assim, não sei fazer de outro jeito. A energia que eu deveria colocar toda numa coisa só até fica meio dispersada... Tem época que componho mais do que desenho, tem época que desenho mais do que escrevo — conta Karina, sem esconder uma certa insegurança com a novidade, enquanto observava os galos que circulam pelo Parque da Água Branca, em São Paulo. — É muito difícil falar dele. É meu primeiro livro, e tudo muito íntimo. Peguei algumas coisas que já tinha publicado na “Revista da Cultura” (Karina é colunista da publicação mensal da Livraria Cultura, é blogueira da “Carta Capital” e do site “Brasil Post”), reescrevi, pirei em cima com os desenhos, escrevi mais coisas novas. E a editora me deu total liberdade, o livro pronto é exatamente o que eu mandei.

SOBRE AFETOS E FEMINISMO

Karina escreve sobre os afetos, amizades, solidão, mas também sobre feminismo, violência, índios. São temas caros à autora, que nunca escondeu sua militância política: é uma das artistas à frente do Ocupe Estelita, movimento popular levantado em defesa do Cais Estelita, área pública no Recife que corre o risco de se transformar num gigante empreendimento imobiliário; e participa ativamente dos movimentos pró-legalização do aborto (no último mês, foi até Brasília levar uma petição ao Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas para as Mulheres e STF). Quem a segue no Twitter já conhece.

— Não gosto dessa cobrança de que o artista tem que se envolver politicamente. Eu acho que todo mundo tem que se envolver politicamente. Mas claro que há muitos que preferem ficar de fora para não atrapalhar a carreira. No meu caso, eu simplesmente não conseguiria, vendo o país desse jeito — afirma Karina.

O convite para a Flip veio antes do livro ficar pronto, há pouco mais de um mês. Karina tomou um susto: nunca sequer esteve na badalada festa literária, em Paraty. Mas desconfia de que tenha sido chamada também pela sua bravata.

— Achei massa, mas ainda não sei com quem vou dividir mesa, nem sobre o que vou falar. Ainda falta tempo. Fiquei meio assustada, mas também muito feliz.

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