Quando pensamos numa biblioteca, imaginamos um lugar silencioso e cheio de livros aguardando leitores, que, para lê-los, devem seguir duas regras à risca: se usar a sala de leitura, não faça barulho; se pegar o livro emprestado, devolva-o no dia certo. Mas alguns brasileiros estão usando sua criatividade e as próprias mãos para transformar bicicletas, carrinhos de feira, geladeiras e objetos em bibliotecas, incentivando a leitura em locais onde as bibliotecas públicas não chegam.
É o que mostra um mapa produzido pelo blogue Bibliotecas do Brasil, organizado por Daniele Carneiro e Juliano Rocha. Apaixonados por livros, e convictos de que havia muitas iniciativas de incentivo à leitura dentro e fora do país feitas pela própria população, eles perceberam que faltava uma voz na mídia para divulgá-las:
Vimos que essas ações cobriam uma boa parte do Brasil e resolvemos mostrar isso graficamente ao colocar todas as ações em um mapa, para reforçar esta ideia de que os brasileiros gostam de ler quando lhes é dada a oportunidade e de que existem pessoas que acreditam nos livros livres como agentes de mudança nas mais diversas comunidades. Com esse apoio visual, fica mais fácil para os próprios projetos de incentivo à leitura criarem uma rede de contatos para se ajudarem e trocarem experiências. As bibliotecas que mais nos interessam são as bibliotecas comunitárias, bibliotecas livres, minibibliotecas ou bibliotecas públicas que são atuantes e preocupadas em trazer os leitores para seu interior e despertar neles o gosto pela leitura.
Questionados sobre o que são bibliotecas livres, Daniele e Juliano explicam que são aquelas nas quais os livros são emprestados sem a necessidade de cadastros, nem prazos de devolução. Qualquer pessoa pode pegar um livro, levá-lo para casa, pelo tempo que quiser e ainda com o direito de emprestá-lo ou levá-lo durante uma viagem e deixá-lo em outra cidade.
Nem todas as iniciativas do mapa funcionam assim, mas, em comum, há entre elas o desejo de facilitar o acesso aos livros e mudar a cara dos espaços públicos.
De carrinhos de feira a geladeiras, tudo pode ser transformado em biblioteca
Desde 2011, em Ceilândia, no Distrito Federal, Clara Etiene e Edna Freitas incentivam a leitura no mercado popular da região. Embora até reunissem algumas pessoas, elas não conseguiam atrair os próprios feirantes, que diziam não poder abandonar suas barracas durante a jornada de trabalho. Foi então que decidiram transformar carrinhos de feira em pequenas bibliotecas móveis, que depois foram batizadas de bibliorodas.
| Carrinhos de feira viram pequenas bibliotecas itinerantes no Shopping Popular da Ceilândia. Foto de Bibliorodas, publicada com permissão. |
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