Uma nova edição do livro para crianças escrito por Clarice Lispector está disponível no mercado: A mulher que matou os peixes. Com esse título, a Editora Rocco apresenta Clarice passeando pelo universo infantil, com uma habilidade parecida àquela de nossas avós que nos divertiam desfiando numerosas histórias em noite de lua cheia, no pátio da casa.
Em A mulher que matou os peixes, Clarice tece uma rede de numerosos acontecimentos (sempre com animais), cuja finalidade principal é desculpar-se pelo descuido por ter deixado morrer de fome “dois peixinhos vermelhos dentro do aquário”. Segundo a narradora, seu “crime” ocorreu em função de suas numerosas atividades. E, assim como nossa mãe esquece uma panela no fogo, ela também esqueceu algo: não lembrou de alimentar os peixinhos que estavam, lamentavelmente, sob seus cuidados!
Desse modo, enquanto o filho da narradora está viajando, os peixinhos morrem. Em razão disso, surge o motivo de ela sentar-se diante da máquina de escrever para declarar a sua mea culpa. A qual resulta numa comovente narrativa que deve ser apresentada não só às crianças, mas também a todos aqueles que ainda possuem sensibilidade na alma, capazes de apreciar uma narrativa que, embora simples, é repleta de muitos elementos que ainda povoam o nosso mundo infantil.
Além dos numerosos episódios com diferentes animais domésticos (e outros nem tão domésticos assim), o livro traz muitas ilustrações coloridas, elaboradas por A. Soares, as quais ajudam a visualização das numerosas personagens que povoam o livro. Na capa, existem dois peixinhos borbulhando em um aquário em cima da mesa (de estar?), parece que sonham com o mundo “lá fora”, o qual eles observam através de uma sugestiva janela desenhada com grades.
Enfim, A mulher que matou os peixes pode ternar-se uma agradável leitura recomendada a toda e qualquer idade.
*Professor do Colegiado de Letras da Universidade Federal do Tocantins - Campus de Araguaína
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