O filme Relatos Selvagens ((Relatos Salvajes), Direção: Damián Szifron, com Rita Cortese, Ricardo Darín, Nancy Dupláa, Dario Grandinetti, Oscar Martinez, Osmar Núñez, Maria Onetto, Erica Rivas.
Gênero: Comédia Dramática. Argentina, Espanha. 120 min. 14 anos) narra situações cotidianas que fogem do controle, de modo que sempre vividas por gente culta, bem formada e de classe média, fogem do controle, se transformam em situações tão patéticas que resvalam para o hilário.
A seis situações desta obra cinematográfica rodada na Argentina misturam o trágico e o hilário, frequentemente diante de uma realidade crua e imprevisível, os personagens deste filme caminham sobre a linha tênue que separa a civilização da barbárie. Uma traição amorosa, o retorno do passado, uma tragédia ou mesmo a violência de um pequeno detalhe cotidiano são capazes de empurrar estes personagens para um lugar fora de controle.
O filme é dividido em seis episódios. Todos muito interessantes e atraentes, dos quais três são excepcionais. O longa começa de forma brilhante e empolgante, com um curto episódio passado em um avião. Sobre este não dá para revelar muita coisa sem contar demais, então cabe apenas dizer que é uma história rápida, inteligente, envolvente e com um final extraordinário. Na sequência, nos deparamos com uma jovem funcionária de uma lanchonete de beira de estrada. Ela recebe a visita de um homem que acabou com sua família, mas que não lembra da garota. Temos ainda um episódio sobre dois sujeitos que se encontram no meio da estrada e se desentendem por causa de uma ultrapassagem e outro sobre um pai rico que tenta livrar o filho de ser preso pelo atropelamento de uma mulher grávida.
Darín estrela o conto que possui a pegada mais social, como é costume em sua filmografia. Ele interpreta um cara comum que tem o carro rebocado no dia do aniversário da filha. Ele é obrigado a ir no departamento de trânsito para apanha o veículo e tem que pagar uma taxa. Isso sem falar na multa que chega depois. O episódio lembra bastante Um Dia de Fúria, com Michael Douglas, com o personagem de Darín se revoltando com a burocracia do sistema e sendo levado a uma explosão de violência.
O principal mérito de Relatos desta obra está é não apenas possuir momentos de grandes irregularidades. É difícil um filme com vários episódios não pecar com um ou outro momento mais fraco, mas é o que acontece aqui. Destaca-se ainda a montagem, que foi esperta ao colocar um grande episódio para abrir (o do avião), um ótimo no meio (do Darín) e o melhor de todos no final.
O último conto gira em torno de uma festa de casamento, que é muito bem filmada e que conta com uma atuação espetacular de Erica Rivas, que nos remete às mulheres de Pedro Almodóvar. Também é melhor não falar muita coisa deste episódio, mas é brilhante como reúne cenas de drama, romance, tensão, suspense e até gore. Depois de tanta tragédia - embora sempre divertida - o longa termina de forma épica e até mesmo otimista.
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