quinta-feira, 30 de abril de 2015

Press Release 032 – 01 de maio de 2015

Editorial
   Da Crise do Condomínio às melhores opções de leituras - http://bit.ly/1PbH2gw

TV Leituras
   Prodocência UFT Arraias - http://bit.ly/1zvRZIn

Resenha de Livro
   A mulher que matou os peixes – Clarice Lispector -http://bit.ly/1ExkqV5
Resenha de Filme

   'Anna Karenina', de Tolstoi, ganha releitura no cinema nacional - http://bit.ly/1DFL6Pq

Entrevista
   Para professor da USP, ódio nas manifestações surge de modelo que começa a ruir - http://bit.ly/1bjQFwr

Notícias
   Revista EntreLetras v. 5, n. 2 ago-dez 2014 está no ar - http://bit.ly/1zvVBtJ
   Mariza Tavares e José Godoy unem seus estilos em romance - http://bit.ly/1DFPcr1
   Confirmada na FLIP, Marisa Buhr estreia na literatura - http://bit.ly/1I21525
   Site ajuda usuários a escolher uma boa leitura - http://bit.ly/1DNXbDJ
  Flip 2015 anuncia a programação da Flipinha, voltada ao público infantil - http://bit.ly/1PbMsYX
    Projeto ‘Mais Leitura’ vende 800 mil livros em 2014 - http://bit.ly/1PbMb8v

Eventos
  X Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul Ocidental - http://bit.ly/1KyrZgj

Eventos UFT
   Revista EntreLetras divulga tema do novo dossiê - http://bit.ly/1QR0JxV

Imagem
   A relação da civilização com os corpos humanos - http://bit.ly/1EUPuS0
   Congresso dos Movimentos Sociais e Feira de Livros da Região Norte - http://bit.ly/1EGV4Fp

O Prazer da Leitura
   Porre de livros = cultura – http://bit.ly/1zijHaY

Clássicos do Cinema
   Lisbela e o prisioneiro - http://bit.ly/1GApTbS

Cineclube da UFT - Araguaína
   Manderlay, de Lars von Trier - http://bit.ly/1zvT96G

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

Editorial: Da Crise do Condomínio às melhores opções de leituras

O conflito entre o campo democrático e o conservador passou a ser avaliado menos pelas propostas e mais pela narrativa que faz do mal-estar que tomou conta da classe A. Para Christian Dunker, psicanalista e professor da Universidade de São Paulo (USP), essa situação surge da crise dos condomínios do país, segundo a qual “ninguém iria eleger um síndico, ou deixar um síndico que ‘nós’, os que sempre mandaram no país, ‘não queremos’”. Nesta Entrevista, ele analisa o comportamento conservador pelas manifestações – com recortes caricaturais – em seu livro Mal-estar, Sofrimento e Sintoma, publicado pela editora Boitempo. A psicanálise certamente será um enfoque novo na avaliação da violência física e verbal, na falta de discurso e no papel da mídia, divorciada da realidade e relutante em separar-se dela. Mesmo sem outra opção.

Neste número trazemos uma bem-sucedida experiência pedagógica da UFT – Campus de Arraias, mostrada pela TV Leituras. Publicamos a Resenha do livroA mulher que matou os peixes’, de Clarice Lispector, e Resenha do filme ‘Anna K’, a releitura brasileira da obra de Tolstói. Trazemos Notícias como a publicação do último número da revista EntreLetras, do Programa de Pós-Graduação em Letras do campus de Araguaína, da jornalista e do literato que passaram a escrever juntos, dos estreantes na literatura na Festa Literária do Livro de Paraty (FLIP) – que criou uma ‘flipinha’ para o público infantil, do site que ajuda na escolha de boa leitura e do projeto de leitura que vendeu 800 mil obras no ano passado. Na seção Imagem, mostramos a expressão do corpo humano sob os comandos da exploração e uma sequência de fotos do Congresso dos Movimentos Sociais e Feira de Livros da Região Norte, realizado em Palmas. O Prazer da Leitura faz humor do vício da leitura e os Clássicos do Cinema prolongam as gargalhadas com o filme ‘Lisbela e o prisioneiro’.


Boa leitura no fim de semana prolongado com textos e filmes.

Cineclube da UFT - Araguaína



Congresso dos Movimentos Sociais e Feira de Livros da Região Norte

Adão Francisco, Secretário Estadual de Educação; Joaquim Soriano, Fundação Perseu Abramo; Márcio da Silveira, Reitor da UFT; George França, Pró-Reitor  de Cultura e Extensão; George Brito, presidente da AGETEC; Cacá Nogeuria, Secretário de Cultura do município de Palmas/TO

Everton dos Andes, da Mostra de Cultura Popular Regional

MC Luana Hansen, da intervenção musical

Wertemberg Nunes, do Causo Tambor

Osmar Ziba, autor do livro 'Bem-Te-vi', da Coleção Literatura Tocantinese, lançado pela EDUFT

Autores da Coleção de Literatura Tocantinense: CélioPereira, Wallace Rodrigues, Osmar Ziba, Ernesto Silva e Lita Maria

Debate 'A constução historica dos Movimentos Sociais', com Antonio Marcos Nunes, dirigente do MST, Amanda Teixeira, diretora de Movimentos Sociais da UNE e Conceição Dantas, da Marcha Mundial das Mulheres

Momento de organização para a 4ª Ação Internacional da Marcha das Mulheres

Dança Indígena na abertura do evento

Prof. Wallace Rodrigues, no lançamento e sessão de autógrafos da obra 'Terra entre rios'

Prodocência UFT Arraias


Lisbela e o prisioneiro

Lisbela está noiva e de casamento marcado, quando Leléu chega à cidade. O casal se encanta e passa a viver uma história cheia de personagens tirados do cenário nordestino: Inaura, uma mulher casada e sedutora (Virginia Cavendish, de O Cravo e a Rosa, Dona Flor e seus Dois Maridos e O Auto da Compadecida), que tenta atrair o herói e trair o marido valentão e "matador" Frederico Evandro (Marco Nanini, de Carlota Joaquina, Princesa do Brazil e O Auto da Compadecida); um pai severo e chefe de polícia, Tenente Guedes (André Mattos, de Como Nascem os Anjos); um pernambucano com sotaque carioca e gírias paulistas, Douglas (Bruno Garcia, de Os Maias e O Quinto dos Infernos), visto sob o prisma do humor regional; e um "cabo de destacamento", Cabo Citonho (Tadeu Mello, da trilogia A era do gelo, Xuxa e os Duendes e Didi, O Cupido Trapalhão), que é suficientemente astuto para satisfazer os seus apetites.


'Anna Karenina', de Tolstoi, ganha releitura no cinema nacional

'Anna K.', primeiro filme dirigido pelo artista José Roberto Aguilar, estreia nesta quinta-feira (30), em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Salvador e Maceió.

Anna Karenina, uma das principais personagens do escritor russo Leon Tolstoi, ganhou contornos brasileiros pelas mãos do artista plástico José Roberto Aguilar. Seu primeiro longa-metragem, Anna K., estreia amanhã (30) em cinemas de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Salvador e Maceió.

A releitura brasileira do clássico russo traz no papel principal a atriz Leona Cavalli, que interpreta Joana, uma mulher que sofre de dupla personalidade e acredita ser Anna Karenina. Apaixonada pelo livro, ela muda repentinamente de atitude: de doce Joana, ela se transforma na sarcástica e sensual Anna K. Para tentar ajudá-la, um amigo de seu pai sugere que ela faça aulas de russo com Nikitin (Vadim Nikitin), um professor especialista em literatura russa que nasceu no país de Tolstoi (no filme e na vida real).

Aconselhado pelo psiquiatra Antonio Carlos Cesarino (interpretado pelo próprio), Nikitin tenta usar suas aulas para convencer Joana de que Anna Karenina existe apenas nas páginas do romance. O problema é que o professor acaba se apaixonando pela aluna e se emaranha na trama imaginária do duo Joana/Anna. Nikitin precisa evitar que sua musa delicada tenha o mesmo fim que Karenina, que se suicidou depois de ter seu caso de amor extraconjugal descoberto pela aristocracia russa.

A loucura do trio é permeada pela obra de Aguilar, um renomado pintor, escultor, performer e videoartista brasileiro. Já na abertura, uma instalação dá o tom do filme: Joana se envolve na projeção de Anna dentro de uma piscina em uma longa e sensual cena que evidencia o amor narcísico da personagem principal.

Performático, o primeiro filme de Aguilar reverencia a língua, a literatura e a cultura russas e apresenta ao público pérolas de Vladimir Maiakovsky que se emaranham na loucura de Joana e nas telas e projeções artísticas do diretor. Uma das joias declamadas pela personagem russa é a famosa frase que abre o livro de Tolstoi: “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”.

Para quem conhece a obra de Aguilar, não há como negar que o filme foi criado nas profundezas criativas e aparentemente desordenadas de sua alma. Poesia, amor, costumes, pudor, psicologia, teatro, quadros, instalações… Anna K. parece ser mais uma experimentação artística de Aguilar, conhecido como um dos pioneiros na utilização de videoarte no Brasil. Sua produção é voltada especialmente à vida urbana, à sexualidade e à pluralidade de códigos e signos. A incursão ao mundo do cinema é um projeto pessoal realizado de forma independente, com investimentos próprios, e de Juliana Vicente, fundadora da produtora Preta Portê Filmes.



Ficha Técnica

Anna K.
Direção e Roteiro: José Roberto Aguilar
Elenco: Leona Cavalli, Vadim Nikitin, Elena Nikitina, Boris Schnaiderman e Antonio Carlos Cesarino
Produtora: Juliana Vicente
Produtora executiva: Juliana Vicente
Diretor de fotografia: Aloysio Raulino
Direção de arte: Márcia Beatriz Granero
Montagem: Yuri Amaral
Desenho de som: Guile Martins
Trilha sonora original: Péricles Cavalcanti e Maurício Fleury
Produção: Preta Portê Filmes
Co-produção: Canal Brasil
Duração: 80min
Ano: 2014
Gênero: Ficção
País: Brasil
Classificação: 14 anos

Transcrito de http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2015/04/anna-karenina-de-tolstoi-ganha-releitura-no-cinema-nacional-1952.html

X Simpósio Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul Ocidental


Clique aqui para acessar o site do evento: http://www.simposioufac.com/

Revista EntreLetras v. 5, n. 2 ago-dez 2014 está no ar

Clique na imagem para acessar a edição v. 5, n. 2 ago-dez 2014

Revista EntreLetras divulga tema do novo dossiê


EntreLetras Volume 6, número 1. jan/jul 2015.

Dossiê – “Ensino de Literatura nas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio”

As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: conhecimentos de literatura – OCEM – publicadas pelo MEC, em 2006, constituem um divisor de águas em relação ao ensino de literatura na escola média brasileira,  quando consideramos o tratamento dispensado à literatura e seu ensino pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM (BRASIL, 1999)  e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais Complementares – PCN+ (BRASIL, 2002). De um modo geral, podemos dizer que esse documento se traduz como um acolhimento, na esfera oficial, dos saberes dos campos do letramento literário e da didática da literatura, representando a institucionalização dos conhecimentos advindos dessas áreas de investigação. As Orientações dialogam com uma longa e respeitada tradição no que concerne aos estudos literários e, como diz Gabriela Rodella de Oliveira (2013, p. 74), vieram para “resolver as diferenças presentes nos vários discursos enunciados pelo governo” em seus mais variados documentos que tratam da literatura e seu ensino na educação básica brasileira.
Apesar disso, embora já completando uma década de existência, as OCEM parecem ainda não obter a mesma influência que os PCNEM e os PCN+ exercem sobre o discurso e a prática de professores e pesquisadores quando o assunto é a literatura e seu ensino na escola média pública brasileira. Partindo dessa premissa, o presente dossiê tem como meta reunir trabalhos de pesquisadores que tenham como objetivo discutir as OCEM e sua relação com o ensino de literatura na escola básica, sua recepção, seu impacto sobre o ensino de literatura, sua atualidade, sua coerência, seu potencial, sua presença como objeto de reflexão nos cursos de licenciatura ou como norteadores de propostas curriculares na rede pública de ensino. São essas questões e outras congêneres que norteiam este dossiê, composto ainda por entrevistas já realizadas com  consultoras das Orientações e seus pontos de vista sobre o documento.

Prazo para envio dos trabalhos: 30 de julho de 2015.

Porre de livros = cultura


A relação da civilização com os corpos humanos


Para professor da USP, ódio nas manifestações surge de modelo que começa a ruir

Em livro lançado na semana passada, o psicanalista Christian Dunker afirma que a 'lógica do condomínio', que organiza a visão de realidade de segmentos conservadores, está semeando a rivalidade entre grupos.

Dunker: abordagem multidisciplinar para compreender o
fenômeno do ódio, que é combustível das manifestações contra o governo

Qual a origem do ódio deflagrado pelas manifestações reacionárias dos dias 15 de março e 12 de abril? Para o psicanalista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Christian Dunker, esse ódio é produção do que ele chama de “crise dos condomínios no país”. Segundo Dunker, o conceito de condomínio que permeia a visão de realidade de parte dos brasileiros, com as eleições do ano passado, caminhou para o colapso. “O sentimento que se tinha é de que o Brasil era um grande condomínio, e ninguém iria eleger um síndico, ou deixar um síndico que ‘nós’, os que sempre mandaram no país, ‘não queremos’”, diz.

Com essa perspectiva, que associa ao momento político e às manifestações conservadoras, Dunker lançou na semana passada o livro Mal-estar, Sofrimento e Sintoma (editora Boitempo), em que analisa a realidade brasileira do ponto de vista da história de sofrimento no país e da expansão do pensamento neoliberal, que se apropria do condomínio, o espaço público, e segrega quem pode ou não ter acesso a esse espaço.

No livro, Dunker lança mão da psicanálise para analisar a questão política e social, mas não se limita a isso. O caráter multidisciplinar da obra inclui abordagem da história e sobretudo das ciências sociais brasileiras, que por meio de autores como Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre buscam dar contorno à produção de identidades no país.

Chamou a atenção o evento de lançamento do livro, programado para a sede da editora no bairro de Perdizes e acabou transferido para a quadra do Sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo, tamanho o número de pessoas interessadas em acompanhar o debate de lançamento. “Foi um evento interessante, o momento pede uma resposta às manifestações e a esse agrupamento da direita no país. Acabou sendo um pretexto para todos se encontrarem.”

O que é a lógica do condomínio?

No livro, eu trato o condomínio como um sintoma do Brasil, no sentido de que é um fenômeno que tem uma aparição histórica muito precisa, nos anos 1970, justamente no momento em que o mundo assiste ao início dessa grande virada neoliberal, com Margaret Thatcher, na Inglaterra, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos. Trata-se de uma mudança na maneira de produzir, mas também de entender o uso do espaço, e a configuração das leis que regem esse espaço. Então, o condomínio foi um sonho de consumo brasileiro, e torna-se um sintoma porque, no fundo, ele não é só um jeito de viver, uma forma de moradia. Olhamos para a vida ao modo de uma experiência que temos no condomínio.

E como se processa essa experiência?

Primeiro, você tem a produção de muros, que impedem que qualquer um entre. Então, o espaço que é comum dentro dos condomínios não é de fato espaço público. Ele é, digamos, um espaço que imita o público, é um espaço público postiço, onde é criado um conjunto de ilusões, de funcionalidade, de transparência, que capta o mito de uma vida resgatada, pura, uma vida onde a gente vai ter segurança plena, onde tudo vai estar no seu lugar.

Então, esse é um binômio inicial, quer dizer, você constrói muros para criar e purificar a sua experiência. Esses muros podem ser catracas, fichas de identificação, esses muros dizem quem é você, se você pode entrar e pode sair. Você começa a trabalhar com uma visão de mundo a partir de segregados e segregantes, quem é que você vai excluir para criar a sua forma de vida. E isso, certamente, é muito perigoso.

E como a vida intramuros se reproduz?

Depois de você construir muros e estabelecer o uso semipúblico do espaço, da coisa comum, vem mais um passo. Você começa a ter a gestão da sua vida na figura do síndico. Uma vida baseada na gestão, isso é o que temos acompanhando, que são os atravessamentos da experiência com o outro. E o modelo se espalha. É a gestão da saúde, da educação, é o gestor como aquele que não entende muito da atividade-fim, mas entende, vamos dizer assim, de como extrair algo a mais do processo de produção, ou do processo de consumo.

Então, nossa vida é primeiro dividida em muros, o que cria uma segregação, uma mutação no espaço público e em seguida vem a figura do síndico, que diz que esse é o jeito obrigatório de se viver. E aí temos os síndicos, que estão pululando pelo Brasil. São administradores da coisa pública que a tornam coisa semipública.

Podemos dizer então que os síndicos dão suporte ao neoliberalismo?

Esses são os caras que estão nos órgãos reguladores, é o cara essencial para produzir a terceirização, ele é aquele que pega as atividades que eram guarnecidas até os anos 1970, em educação, saúde e assistência social, e enfrenta isso como um negócio. O próximo passo da lógica de condomínio, baseada num sonho de harmonia e segregação, só que não é notada como segregação, se torna um pesadelo. Dentro dos condomínios surgem coisas incompreensíveis, como uma violência disruptiva, uma competição desmesurada entre vizinhos – o garoto está andando de bicicleta e raspa no carro do vizinho, aí o dono do carro vai lá e dá um chute na porta do carro do pai e diz que vai matar o garoto, algo desproporcional.

Mas aí o condomínio começa a se tornar também um espaço sem regras...

Em tese, é uma violência que já está meio latente ali nos laços. Quando alguém faz uma violação, e como aquele é um espaço formado a partir de uma extrema idealização do que sejam as relações humanas, qualquer violação é punida drasticamente, é pretexto da violência de um contra o outro. O alto consumo de álcool e de drogas, depressão, pânico, um sentimento exagerado de insegurança social, ou seja, tudo aquilo que você negou para construir o condomínio, volta pela porta dos fundos do condomínio. E, na realidade, você pode pensar isso como uma forma de vida que vai ter variações estruturais. O shopping center é uma forma de condomínio.

A prisão é outra forma de condomínio. A favela é uma terceira forma de condomínio. Você vai trocando os termos, vai mudando a conotação do que é o muro, o elemento segregador, quem é o síndico e chega em espaços que têm uma regra de existência semelhante ao condomínio. Seria então um sintoma que vai crescendo, que vai se tornando mais e mais central na nossa cultura dos anos 1970 até o nosso momento atual, que é uma espécie de crise dos condomínios. Então, você assiste à classe média reclamando que os condomínios estão ruindo, os muros não estão funcionando direito, precisa criar novos muros, novas figuras intrusivas, e assim por diante.

Quais são os indicadores de que hoje a lógica do condomínio está em crise?

Primeiro, vamos dizer assim, está em crise porque deu certo, ou seja, a ideia do condomínio se generalizou, se consolidou como uma forma de vida tão normalopática, tão esperada que ninguém mais percebe que isso é problemático. Nós não percebemos os custos que temos quando praticamos a segregação. Poderíamos chamar, assim, de um sintoma egosintônico, que se entranhou no 'eu' de tal maneira que a pessoa não consegue mais nem entrar em conflito com ele. Mas a lógica do condomínio tem a ver com um certo momento em que essa ideia de se apropriar do espaço público e criar uma lei de uso particular, prêt-à-porter, de consumo doméstico, vamos dizer assim, podia ser arbitrada segundo uma organização de autoridade vertical. O síndico é o sucessor, meio anacrônico, é verdade, do chefe, do pai, de quem representa a autoridade.

E quando esse sistema começa a ruir?

Entenda que o condomínio entra em crise quando essa autoridade se dispersa e começa a haver uma espécie de luta entre os condomínios, de ataque mútuo entre formas de vida, cada qual formada por pequenos grupos que se entendem como comunidades independentes. Você pode ver isso tanto do ponto de vista da religião, de consumo, entre outros. O choque, como diria Žižek (Slavoj Žižek, filósofo, crítico e cientista social esloveno), não é entre civilizações, mas é “intracivilizacional”. É assim que aparece essa ideia do ódio entre as pessoas, do ódio político, como depois da eleição de 2014, que foi válida. Enfim, um time perdeu, mas de repente isso é insuportável, e por quê?

Porque o sentimento que se tinha é de que o Brasil era um grande condomínio, e ninguém iria eleger um síndico, ou deixar um síndico que “nós”, aqueles que sempre mandaram no país, “não queremos”. Essa contrariedade produziu um choque com relação ao sentimento, seja ele falso ou verdadeiro, não importa, mas uma interpretação dos donos do poder, como dizia Raimundo Faoro, de que de repente tem algo que está fora do nosso condomínio. Isso coloca os condomínios em crise, mas eles ainda são a forma prevalente do nosso entendimento, tanto da produção quanto do consumo na nossa forma de vida.

A quem é destinado o livro?

Ele tem uma ambição de sair dos muros da psicanálise. Um dos capítulos busca, justamente, mostrar que a psicanálise, enquanto prática clínica, é uma coisa que se entranhou, foi bem recebida pela nossa cultura e depois disso se formou também como estrutura de condomínio dentro do nosso padrão brasileiro de lidar com a sociedade civil, espaço público etc.; então, o primeiro público obviamente seria o psicanalista, mas esse segmento talvez fique decepcionado com a maior parte do livro, pois ele se torna mais específico na última parte, porque até lá o que eu vou discutir é o Brasil.

Tem um capítulo sobre a formação do pensamento na brasilidade, passando por Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, chegando então nos pensadores desenvolvimentistas dos anos 1950, é um pouco assim uma história do Brasil do ponto de vista do nosso sofrimento. Você pode ter a história econômica, política, religiosa, e eu decidi fazer, num dos capítulos mais longos, sobre quais são as nossas formas de sofrimento, como a gente sofre, como sofreu e como está sofrendo hoje. É como colocar os condomínios em uma espécie de série histórica. E desse ponto de vista, o livro interessaria a um leitor também focado em teoria social, política, filosofia, semiótica, ciências humanas. Tenho recebido comentários de pessoal da arquitetura, urbanismo, gente que trabalha com política, ciência política e pessoas interessadas no Brasil, no nosso momento. O livro funciona para pensar essa virada do Brasil pós-reeleição da Dilma.

Então, podemos dizer que é um enfoque multidisciplinar?

Tem uma parte que discute bastante com a medicina, com o campo da saúde, da psicopatologia, vamos dizer assim, mas é uma discussão mais ou menos aberta sobre o que é a loucura, o que é o sintoma, e o que é essa categoria, que é clínica, mas também social, que é a noção de sofrimento.

O livro começa com um pequeno conto de uma pessoa que está num hospital, é o caso real do pai de um amigo que vai para um hospital e fica naquele processo sem-fim de exames, guias de internação, interna, não interna, verifica se pagou o convênio, vai aqui, vai lá, faz os processos, daí a hora em que chega o médico para passar o diagnóstico e pega todo aquele material esse senhor diz assim: “Não precisa falar nada, eu sei muito bem o que eu tenho, chama-se 87 anos”. Isso é uma entrada para o tema porque nós não precisamos associar o sofrimento nem com diagnósticos, nem com sintomas formalizáveis pela razão psicopatológica. O sofrimento, no fundo, é um tema político, tem a forma de sofrimento que merece atenção e tem a forma que merece ser silenciada. Como se produz esse processo? É uma discussão para quem tem interesse em Brasil, em política e também em psicopatologia.

Por que o sofrimento é político?

A ideia é que a realidade do que a gente sofre muda conforme a gente fala do nosso sofrimento. Se o outro chega e diz “pô, cara, isso aí que você está passando eu reconheço como uma dificuldade, como um sofrimento que tem dignidade”; a sua experiência real, de dor, de desprazer, de insatisfação, sua experiência no corpo, muda com o reconhecimento. Mas também há o momento em que o outro diz “eu não reconheço”. Por exemplo, o sofrimento de gênero. “Não reconheço que você tem direito a sofrer, porque você está sendo maltratado publicamente, porque isso aí não cabe na minha moral”. Então, aquela experiência inicial de sofrimento aumenta conforme ela é tratada pelos outros. E quem decide qual é o sofrimento que tem de ser tratado e qual não tem não deve ser o médico, nem o psicanalista, nem nenhum especialista isoladamente, mas o conjunto, quer dizer, a questão política, porque envolve todos. No fundo, nós já estamos fazendo isso, nós estamos discursivamente validando, invalidando, revalidando, desautorizando, construindo narrativas de sofrimento. Todo sofrimento se dá em uma história, em uma narrativa. O sofrimento não é a dor, a dor é uma sensação que você tem, o sofrimento é a história que você conta a partir disso.

Esse sofrimento de gênero, quando não tem o reconhecimento do outro, implica que o sujeito não se vê como detentor de um lugar no seio da sociedade...

Ou tem um reconhecimento patológico. É reconhecido como doença. Ou tem reconhecimento marcado por um determinada meta narrativa. Por exemplo, o sofrimento de gênero da mulher. Tem uma meta narrativa que diz “olha, o seu sofrimento, a dor da menstruação, a dor do parto, a natureza já previu, estabeleceu que você tem de sofrer, então, você não pode reclamar, aceita calada isso que está acontecendo com você”. Você tem nesse caso uma política construindo uma modalidade específica de reconhecimento e dizendo que o reconhecimento se dá de uma maneira e não de outra. Você também tem o sofrimento de gênero do homem, que diz que ele não pode chorar. Isso é uma outra ideia, de que o homem sofre calado, não pode se mostrar de outra maneira porque é sinal de vulnerabilidade. Ou o sofrimento dos homossexuais: “Você não pode sofrer, porque é uma escolha que você fez, é uma coisa que é contra a natureza, então, isso não pode estar associado com nenhum tipo de sofrimento porque é uma escolha sua”.

Tentando entender as razões das pessoas que participaram das manifestações contra a corrupção e o PT, em 15 de março e 12 de abril, dá para observar, nas entrevistas, que as pessoas adotam a livre associação para criticar a realidade. Constroem narrativas que unem informações e fatos espontaneamente, ao sabor do desejo ou do ódio que estão sentindo, mas deixam de lado qualquer critério lógico...

Mas por outro lado, você tem de ver que tem sempre uma certa parasitagem da ciência. Tem gente que vai dizer assim, “Você é de esquerda?! Então você tem um problema mental, você é um petralha, você tem uma forma de deficiência mental, você não consegue entender direito o mundo, tem um problema”. Ser de esquerda, nesse caso, significa que você não está às voltas com uma interpretação de mundo que produz certo desassossego, inquietação ou indignidade, mas você tem esse “sofrimento” a ser tratado no médico, e não em praça pública.

Projeto "Mais Leitura" vende 800 mil livros em 2014

Nas quatro agências fixas foram vendidos 451.302
Objetivo do programa criado pela Imprensa Oficial é formar novos leitores. Os títulos mais procurados são os voltados para os públicos infantil e infanto-juvenil.

O projeto Mais Leitura vendeu 800.995 livros em 2014. Os títulos mais procurados são aqueles voltados para os públicos infantil e infanto- juvenil e já respondem por 40% das vendas, reforçando a importância do programa da Imprensa Oficial na formação de novos leitores. Os livros técnicos e acadêmicos correspondem a 20% das vendas.
Por causa da parceria com diversas editoras, há mais de 5 mil títulos cadastrados e vendidos por R$ 2 a R$ 4. Presidente da Imprensa Oficial, Haroldo Zager afirma que o Mais Leitura é sucesso entre os leitores.

"O Mais Leitura proporciona acesso à informação e ao aprendizado, além de formar novos leitores. Hoje, 40% dos livros que vendemos são para crianças", disse Haroldo.
Nas quatro agências fixas – no Shopping Bay Market, em Niterói, e nas unidades do Rio Poupa Tempo do Bangu Shopping, São Gonçalo Shopping e Shopping Grande Rio, em São João de Meriti – foram vendidos 451.302 exemplares.

Já as agências itinerantes percorreram 46 municípios, onde foram adquiridos 349.693 exemplares, sendo 272.935 unidades nas cidades do interior fluminense e outros 76.758 livros na Região Metropolitana. Petrópolis foi a cidade com mais publicações vendidas: 20.842 exemplares em dez dias. Em Volta Redonda, foram vendidos 14.892 livros em cinco dias.
O Mais Leitura também visitou 22 comunidades pacificadas, estações de metrô e de trem, terminais rodoviários, escolas e universidades, além de participar de feiras e eventos. Na estação Central do Brasil, da SuperVia, por exemplo, foram vendidos 2.023 livros em um dia. Desde 2013, mais de 2,5 milhões de exemplares foram vendidos, beneficiando 600 mil pessoas.

Transcrito de http://www.ofluminense.com.br/editorias/educacao/projeto-mais-leitura-vende-800-mil-livros-em-2014

Flip 2015 anuncia a programação da Flipinha, voltada ao público infantil

Luiz Ruffato, Diléa Frate e Claudio Fragata estão entre os convidados.
13ª Festa Literária de Paraty acontece entre os dias 1º e 5 de julho.

A organização da edição 2015 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) anunciou nesta terça-feira (3) os autores convidados da Flipinha, programação voltada ao público infantil (veja a lista abaixo). Dentre os 14 escritores e ilustradores convocados, estão Luiz Ruffato, Diléa Frate e Claudio Fragata. A 13ª edição da Flip acontece entre os dias 1º e 5 de julho. O autor homenageado vai ser Mário de Andrade.

Mário também é tema de conversas na Flipinha. Dentre os convidados, estão Luciana Sandroni, autora de "O Mário que não era de Andrade" (Companhia das Letrinhas), e Odilon Morais, ilustrador do livro "Será o Benedito! " (Cosac Naify).

O escritor Luiz Ruffato, convidado da Flipinha
Novidades:

A 13ª edição da festa vai manter a gratuidade no show de abertura e nos telões externos. A Flip anuncia ainda a realização, em parceria com o British Council, de um intercâmbio de residências literárias para tradutores do Brasil e do Reino Unido em início de carreira, com até cinco traduções publicadas. O tradutor brasileiro selecionado passará três semanas na Inglaterra, em Norwich. Além disso, poderá participar de debates e fazer contatos profissionais na London Book Fair, em abril. Por sua vez, o tradutor britânico passará três semanas no Brasil, em Paraty, entre junho e julho.

Mesma curadoria
No início de outubro, a Flip já havia comunicado que o jornalista e editor Paulo Werneck, 36, continuaria como curador. Ele já exerceu a função neste ano, que ficou marcada pela forte presença de humoristas e de convidados que não escritores. Sintomaticamente, o evento se encerrou com um manifesto do líder ianonâmi Davi Kopenawa.

Sobre os planos para a próxima Flip, Werneck afirmou, por meio de nota que "em 2014, a Flip se  abriu, ao mesmo tempo, para a cidade e para o público que estava fora de Paraty". E antecipou: "Esse é um movimento sem volta. Em 2015, vamos conservar esse espírito livre e afetuoso que é a marca dos grandes momentos de todas as Flips".
Veja, abaixo, a lista de convidados da Flipinha e os perfis divulgados pela organização:

Alessandra Pontes Roscoe
Mineira, moradora do Distrito Federal, teve seu primeiro conto publicado, aos nove anos, numa antologia poética organizada pela Fundação Educacional do DF. Possui 25 livros publicados, entre eles "Histórias pra boi casar" e "JK, o lobo-guará". Em 2013, foi finalista do Prêmio Jabuti e coordenou o Festival Itinerante de leitura que percorreu 20 Regiões administrativas do DF.

Claudio Fragata
Paulista de Marília, foi jornalista e editor antes de se dedicar integralmente à literatura. Passou parte da infância como menino de apartamento em São Paulo, onde seus companheiros eram os livros e o seriado "Sítio do Pica-pau Amarelo", baseado na obra de Monteiro Lobato. Autor dos livros "Alfabeto escalafobético" (Jujuba) e "A princesinha boca-suja" (Ática/Scipione).

Dilan Camargo
Gaúcho, publicou, em cerca de 30 anos de carreira, mais de 20 livros de poemas e contos infantis, juvenis e adultos, além de peças teatrais e letras de canções. Vencedor de prêmios em literatura e música, com longo histórico de publicações em jornais e participações em feiras de livro, Dilan é também um dos fundadores da Associação Gaúcha de Escritores e apresenta um programa de entrevistas em uma TV pública gaúcha.

Diléa Frate
Paulista, é jornalista e escritora. Foi diretora e redatora do Programa do Jô durante 20 anos. Publicou sete livros infantis. "Procura-se Hugo" (Ediouro) virou peça de teatro. Um de seus últimos livros, "A menina que carregou o mar nas costas" (Nova Fronteira) acaba de ser transformado em um curta-metragem dirigido e roteirizado por ela. Foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte e recebeu a menção honrosa da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Criadora do programa Tv Piá, eleito pelo júri infantil do Festival Comkids Iberoamericano como o melhor programa infantil de não ficção para crianças de 7 a 11 anos.

João Anzanello Carrascoza
Paulista, é graduado em Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Paulo (USP), onde é professor desde 1993. Em 2013, concluiu, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sua pesquisa de pós-doutorado sobre a interface entre a publicidade e a literatura. É autor de contos e romances, além de obras para crianças e jovens. Possui mais de 30 livros publicados, que lhe valeram alguns dos mais importantes prêmios literários do país: Jabuti, Guimarães Rosa/Radio France Internationale, Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e APCA. Escreveu para o público infantil as obras "Prendedor de sonhos" (Ática/ Scipione), "Ladrões de histórias" (Formato/ Saraiva) e "O homem que lia as pessoas" (Edições SM).

Luciana Sandroni
Carioca, formou-se em letras e fez mestrado em comunicação e semiótica. Autora de vários livros infantis e juvenis premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Luciana também recebeu o Prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil por Minhas Memórias de Lobato, e indicação para a lista de honra do Ibby, International Board on Books for Young People. Autora da biografia "O Mário que não era de Andrade" (Companhia das Letrinhas).

Luiz Ruffato
Trabalhou em diversos jornais até que, em 2003, abandonou a carreira de jornalista para se tornar escritor em tempo integral. Tem treze livros publicados, entre romances, ensaios e coletâneas de poemas. Seus livros já receberam traduções para o alemão, o finlandês, o inglês, o espanhol, o francês e o italiano. Escreve semanalmente para o "El Pais Brasil". Tem dois livros infantis publicados: "A história verdadeira do sapo Luiz" (DSOP) e "e mim já nem se lembra" (Moderna/ Salamandra).

Odilon Morais
Paulista, cursou arquitetura, mas sua paixão por livros e desenhos (bem como uma boa dose de acasos) o levou a trabalhar com ilustração de livros. Recebeu prêmios como o Jabuti e o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores. Hoje, Odilon divide suas atividades entre a produção e os cursos que ministra no Instituto Tomie Ohtake e em outras instituições. Ilustrador dos livros "Será o Benedito!" (Cosac Naify, 2008), a partir da obra de Mário de Andrade, e Germinal, de Émile Zola.

Ondjaki
Ondjaki é africano de Luanda. Prosador, poeta e roteirista de cinema. É membro da União dos Escritores Angolanos e da Associação Protectora do Anonimato dos Gambuzinos. Seus livros foram traduzidos para diversos idiomas, como espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, sueco e polaco. Publicou os livros "O voo do golfinho" (Companhia das Letrinhas) e "Uma escuridão bonita" (Pallas), entre outros.

Rita Carelli
Paulista, é escritora e ilustradora, além de atriz e cineasta. Viveu parte de sua infância entre aldeias de índios, acompanhando seus pais em filmagens e pesquisas. Seus livros são uma forma de compartilhar com as crianças não indígenas e suas famílias as alegrias e dificuldades das crianças indígenas do Brasil. Autora da coleção "Um dia na aldeia" (Cosac Naify).

Simone Matias
Formada em jornalismo, estudou desenho e pintura nos EUA, no Brasil e na Itália. É ilustradora e professora de desenho, pintura e ilustração. Lançou seu primeiro livro em 2006 e hoje tem mais de 40 livros publicados. Fez ilustrações para a "Folha de S.Paulo", "Folhinha" e para a revista "Crescer".

Stella Maris Rezende
Mineira, Stella Maris Rezende é mestre em Literatura Brasileira, escritora, dramaturga, artista plástica, cantora e atriz. Publicou romances, novelas, crônicas, contos e poemas, para o público adulto, juvenil e infantil. Recebeu prêmios importantes, entre eles o Prêmio Nacional de Literatura João-de-Barro, o Jabuti e o Prêmio Barco a Vapor/Fundação SM.

Tiago Hakiy
Amazonense, descende do povo sateré-mawé. Poeta, escritor e contador de histórias tradicionais indígenas. É autor de vários livros sobre a temática, voltados para o público infantil, como "CurumimZice" (Leya) e "Guaynê derrota a cobra grande" (Autêntica). Em 2012, foi vencedor do Concurso Tamoios de Textos de Escritores Indígenas. Formado em Biblioteconomia pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas), mora no coração denso da floresta amazônica.

Tino Freitas
Cearense, morador de Brasília, é um artista múltiplo: escritor, músico, jornalista, e também mediador de leitura do projeto Roedores de Livros, que, desde 2006, desperta o prazer de ler junto a crianças no entorno de Brasília. Seus livros já estiveram entre os finalistas do Prêmio Jabuti de Literatura Infantil (2011, 2013 e 2014) e ganharam o Selo Altamente Recomendável para Crianças pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil). Entre suas obras estão "Os invisíveis" (Casa da Palavra) e "Três porquinhos de porcelana" (Melhoramentos).

Transcrito de http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2015/02/flip-2015-anuncia-programacao-da-flipinha-voltada-ao-publico-infantil.html

Site ajuda usuários a escolher uma boa leitura

site Readgeek teve uma ideia brilhante: indicar os livros que você gostaria de ler e não sabe como encontrar. Chega de depender das listas de mais vendidos ou das sugestões de conhecidos.Ele utiliza estatísticas e cálculos para fazer as indicações e ainda funciona como uma rede social para que o usuário possa se conectar com amigos e familiares.Para fazer parte do Readgeek, o usuário precisa classificar cerca de dez livros. De acordo com o site, avaliar livros que não gosta ajuda a obter os melhores resultados e o sistema ainda sugere obras apreciadas por usuários com gostos semelhantes.O sistema de avaliações é mais amplo. Em vez de utilizar apenas uma escala de avaliação de cinco estrelas, o Readgeek utiliza uma classificação de 20 etapas em uma escala de 1 a 10.Uwe Pilz, criador do Readgeek, diz no site que os livros são as maiores leituras que existem e se você escolher o caminho errado, a leitura pode ser chata e cansativa. Pilz conta que a ideia de criar a ferramenta apareceu durante uma viagem ao Himalaia onde ele passou duas semanas com livros “impróprios”. 

Confirmada na Flip, Karina Buhr estreia na literatura

Cantora lança ‘Desperdiçando rima’, livro que reúne poemas, crônicas e desenhos

“Ai, meu Deus, esqueci de fazer o índice! Será que existe livro sem índice? Bom, não importa, o livro fica mais parecido comigo assim...”, comentou a cantora Karina Buhr, tão logo recebeu o exemplar pronto da obra que vai lançar no dia 28, “Desperdiçando rima” (Rocco).


No caso de Karina, a falta de padrão não é descuido. É estilo. O livro não tem índice, não tem gênero, não tem unidade: é uma coleção de textos soltos, escritos há muito tempo e agora, antes escondidos nos seus cadernos ou na sua cabeça. Alguns assumem a forma de poemas, outros se travestem de contos e algumas crônicas de disfarçam de aforismos. Há até um acróstico (com o palavrão “putaquepariu”). Acompanhando todos eles, os desenhos da cantora e compositora pernambucana, que também é atriz e ilustradora. Um livro que entrega a característica multifacetada de Karina — e do seu tempo.

— Eu sempre fiz assim, não sei fazer de outro jeito. A energia que eu deveria colocar toda numa coisa só até fica meio dispersada... Tem época que componho mais do que desenho, tem época que desenho mais do que escrevo — conta Karina, sem esconder uma certa insegurança com a novidade, enquanto observava os galos que circulam pelo Parque da Água Branca, em São Paulo. — É muito difícil falar dele. É meu primeiro livro, e tudo muito íntimo. Peguei algumas coisas que já tinha publicado na “Revista da Cultura” (Karina é colunista da publicação mensal da Livraria Cultura, é blogueira da “Carta Capital” e do site “Brasil Post”), reescrevi, pirei em cima com os desenhos, escrevi mais coisas novas. E a editora me deu total liberdade, o livro pronto é exatamente o que eu mandei.

SOBRE AFETOS E FEMINISMO

Karina escreve sobre os afetos, amizades, solidão, mas também sobre feminismo, violência, índios. São temas caros à autora, que nunca escondeu sua militância política: é uma das artistas à frente do Ocupe Estelita, movimento popular levantado em defesa do Cais Estelita, área pública no Recife que corre o risco de se transformar num gigante empreendimento imobiliário; e participa ativamente dos movimentos pró-legalização do aborto (no último mês, foi até Brasília levar uma petição ao Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas para as Mulheres e STF). Quem a segue no Twitter já conhece.

— Não gosto dessa cobrança de que o artista tem que se envolver politicamente. Eu acho que todo mundo tem que se envolver politicamente. Mas claro que há muitos que preferem ficar de fora para não atrapalhar a carreira. No meu caso, eu simplesmente não conseguiria, vendo o país desse jeito — afirma Karina.

O convite para a Flip veio antes do livro ficar pronto, há pouco mais de um mês. Karina tomou um susto: nunca sequer esteve na badalada festa literária, em Paraty. Mas desconfia de que tenha sido chamada também pela sua bravata.

— Achei massa, mas ainda não sei com quem vou dividir mesa, nem sobre o que vou falar. Ainda falta tempo. Fiquei meio assustada, mas também muito feliz.

Mariza Tavares e José Godoy unem seus estilos em romance

'Pra ficar com ela' é o romance que marca a parceria criativa entre a jornalista e o escritor


Um sem-número de e-mails e uma imersão de dez dias lado a lado. Assim foi o processo de criação de “Pra ficar com ela” (Globo Livros), romance que marca a parceria criativa da jornalista Mariza Tavares e do escritor José Godoy, com lançamento marcado para hoje, às 16h, na Livraria da Travessa do Leblon. Mariza e Godoy, respectivamente diretora-executiva de jornalismo e comentarista da rádio CBN, narram no romance infantojuvenil a história de Miguel, menino de 11 anos na aventura do seu primeiro amor. As ilustrações são de Bruno Nunes.

Da ideia inicial de escrever um livro em conjunto até o trabalho estar finalizado, passaram-se cerca de cinco anos.

— Foi um ótimo aprendizado de convivência literária. Eu sou muito metódica. Já ele prefere escrever a coisa toda num fôlego só — conta ela, que publicou os livros “O sofá que engoliu as crianças”, de 2013; e “O medo que mora embaixo da cama”, de 2014. — Hoje não saberia dizer quem escreveu esta ou aquela parte.

Godoy é outro que não sabe mais distinguir o que foi escrito por ele ou pela parceira:

— No início eu deixava a Mariza louca, porque ela é muito certinha. Eu sou de escrever primeiro, sem muita amarra — conta o escritor, autor de títulos como “A arte de andar por aí sem portar um celular”, de 2013, e que pela primeira vez envereda pelo universo infantojuvenil.

Miguel, o protagonista da história, como descreve Mariza, é um menino divertido, descolado. Caído de amores pela amiga de infância, resolve adotar, como estratégia de conquista, um diário.

— Pensamos em fazer um diário que não é um diário. Ao tentar escrever um, Miguel descobre a escrita — diz Mariza.

Os autores contaram, ao final, com a ajuda de leitores mirins, que comentaram a história.

— Somos muito gratos. Eles viram muitas coisas que você, envolvido no processo, não percebe — afirma ela.

Godoy diz que desta ajuda praticamente surgiu o último capítulo do livro:

— É quase um adendo, motivado pelas opiniões dos leitores mirins.

A mulher que matou os peixes - Clarice Lispector

Wandercy de Carvalho*

Uma nova edição do livro para crianças escrito por Clarice Lispector está disponível no mercado: A mulher que matou os peixes.  Com esse título, a Editora Rocco apresenta Clarice passeando pelo universo infantil, com uma habilidade parecida àquela de nossas avós que nos divertiam desfiando numerosas histórias em noite de lua cheia, no pátio da casa.  
Em A mulher que matou os peixes, Clarice tece uma rede de numerosos acontecimentos (sempre com animais), cuja finalidade principal é desculpar-se pelo descuido por ter deixado morrer de fome “dois peixinhos vermelhos dentro do aquário”.  Segundo a narradora, seu “crime” ocorreu em função de suas numerosas atividades.  E, assim como nossa mãe esquece uma panela no fogo, ela também esqueceu algo: não lembrou de alimentar os peixinhos que estavam, lamentavelmente, sob seus cuidados!
Desse modo, enquanto o filho da narradora está viajando, os peixinhos morrem.  Em razão disso, surge o motivo de ela sentar-se diante da máquina de escrever para declarar a sua mea culpa.  A qual resulta numa comovente narrativa que deve ser apresentada não só às crianças, mas também a todos aqueles que ainda possuem sensibilidade na alma, capazes de apreciar uma narrativa que, embora simples, é repleta de muitos elementos que ainda povoam o nosso mundo infantil.
Além dos numerosos episódios com diferentes animais domésticos (e outros nem tão domésticos assim), o livro traz muitas ilustrações coloridas, elaboradas por A. Soares, as quais ajudam a visualização das numerosas personagens que povoam o livro.  Na capa, existem dois peixinhos borbulhando em um aquário em cima da mesa (de estar?), parece que sonham com o mundo “lá fora”, o qual eles observam através de uma sugestiva janela desenhada com grades.
Enfim, A mulher que matou os peixes pode ternar-se uma agradável leitura recomendada a toda e qualquer idade.

*Professor do Colegiado de Letras da Universidade Federal do Tocantins - Campus de Araguaína

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Press Release 031 – 24 de abril de 2015

Editorial
   Do mapa de Leituras mil à Literatura Tocantinense - http://bit.ly/1DsQTJq

TV Leituras
   Professor da UFT publica livro na coleção Literatura Tocantinense – http://bit.ly/1DHVSoD

Resenha de Livro
   Terra entre Rios - http://bit.ly/1IR93YQ

Resenha de Filme
   A Origem dos Guardiões - http://bit.ly/1Gg2V9V

Notícias
   Mapa de Projetos de Leitura no Brasil - http://bit.ly/1QrhUWF
   Brasileiros incentivam a leitura usando a criatividade e as próprias mãos - http://bit.ly/1GqaQDZ
   Crítica: Livro oferece um formidável celeiro do samba - http://bit.ly/1Gqb2mO
   Ensaios apresentam as linhas de força de João Cabral - http://bit.ly/1JCLdAb
   O nazismo e a guerra como matéria-prima dos romances de Günter Grass - http://bit.ly/1JCLovt
   Pais precisa recuperar orgulho da cultura indígena - http://bit.ly/1OPlbvg
   Ministério da Cultura vai processar o Facebook - http://bit.ly/1Gqe8Hs
   Editora da UFT lança Coleção Literatura Tocantinense - http://bit.ly/1HxKZwS

Artigo
   10 consejos de Julio Cortázar sobre el cuento - http://bit.ly/1GrSOUD

Imagem
   A maioridade penal de adolescentes exige menoridade intelectual na decisão! - http://bit.ly/1bBzlnw

O Prazer da Leitura
   Aviso aos não-leitores – http://bit.ly/1KdCHst

Clássicos do Cinema
   A Revolução dos Bichos - http://bit.ly/1FkAg7w
 
Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

Editorial: do mapa do Leituras à Literatura Tocantinense

Leituras traz essa semana a novidade de divulgar as revistas Escritas, do Curso de História, e Revista Tocantinense de Geografia, do Curso de Geografia, que a com a EntreLetras, do Programa de Pós-Graduação em Letras, publicadas na UFT - Campus de Araguaína. Começa com a experiência de leitura de um pai e sua filha, que resultou na resenha do filme ‘A Origem dos Guardiões’, assegurando o atendimento às necessidades da alma.

Nas Notícias, vamos ver o Mapa de Projetos de Leitura no Brasil, a inventividade de brasileiros com as mãos, o livro que descreve a inspiração na arte do samba, textos que destacam os sustentáculos da obra de João Cabral de Melo Neto, as matérias-primas na obra de Grass, do país que despreza a própria história ao negar a dignidade dos povos indígenas, levando o MinC a processar o Facebook por discriminar imagens de indígenas e a Editora da UFT valorizando a literatura tocantinense.

Artigo destaca 10 conselhos de Cortázar. Somos impactados pela Imagem de adolescentes em conflito com a lei, determinada por que se apossa da razão, e da mensagem a quem se priva da leitura. E, nos Clássicos do Cinema, a exibição do filme ‘A revolução dos bichos’, de George Orwell, que fez sucesso na literatura, no teatro e no cinema.

E destacamos dois avanços fundamentais na projeção da Universidade Federal do Tocantins – campus de Araguaína. O primeiro é a presença do Prof. Wallace Rodrigues entre os autores da Coleção Literatura Tocantinense, com sua obra Terra entre Rios, na Resenha de Livro com muitas odes ao povo desta região. E por último, a criação da TV Observatório de Leitura TO com entrevista em áudio e vídeo com o referido professor, após o lançamento da coleção e sessão de autógrafos, em Palmas.

Editora da UFT lança Coleção Literatura Tocantinense

Paulo Aires

A Editora da Universidade Federal do Tocantins (EdUFT), promove o lançamento da Coleção Literatura Tocantinense, composta por cinco obras de autores distintos; sendo três de poesia, um de conto e um romance. O evento acontece nesta quinta-feira (16), às 9h, no hall da Biblioteca do Câmpus de Palmas, com a presença de todos os autores.

Os livros foram selecionados por meio do edital nº 03/2013, cujo resultado final foi objeto do edital nº 02/2014. São os títulos e seus respectivos autores: As Tocantinas, Célio Pedreira;  Terra entre rios, Walace Rodrigues;   O Caatingueiro Empoetizado, Osmar Ziba; Bem-te-vi, Ernesto Silva e  O canto da Carpideira, Lita Maria.

Para o diretor da EdUFT, professor Airton Cardoso Cançado, com a publicação desta coletânea a Universidade objetiva “a aproximação  com a sociedade através da divulgação da literatura produzida em nosso Estado para todo o Brasil, por meio de processo seletivo, no qual uma banca avaliou a qualidade literária dos trabalhos inscritos”.

O reitor da UFT, professor Marcio Silveira, considera que é papel da Universidade reconhecer a produção literária de qualidade produzida na região; e que este é um momento simbólico, importante, lembrando que a EdUFT é uma editora nova, mas que nasceu forte, dentro de critérios técnicos, com conteúdo. “Esta primeira Coleção de Literatura Tocantinense é apenas o início. Vamos continuar reconhecendo e apoiando a produção do conhecimento científico e literário da Universidade e dos autores do nosso Estado”, enfatizou Silveira.

Já a presidente da Academia Tocantinense de Letras, Mary Sônia Matos Valadares, destaca que este é um acontecimento positivo, uma notícia alvissareira, o fato desse projeto contemplar efetivamente autores tocantinenses. “Fortalece a credibilidade e a esperança na literatura local, pelo alcance da proposta. Desejo sucesso e agradeço a Universidade por esta realização”, pontua, Mary Sônia.

Este evento integra o Congresso dos Movimentos Sociais e a Feira de Livros da Região Norte que acontece entre os dias 15 e 17 de abril, no mesmo local.

Serviço

Lançamento da Coleção Literatura Tocantinense
16 de abril – quinta-feira – 9h
Hall da Bilbioteca do Câmpus de Palmas

10 consejos de Julio Cortázar sobre el cuento

Estoy seguro de que para muchos de los que lean este ‘post’ no debe ser nada extravagante leer que Julio Cortázar puede ser uno de los mejores cuentistas de la historia de la Literatura. Este adicto al papel y a las palabras, nos ha brindado numerosas obras, composiciones, relatos, ensayos, e incluso consejos. Y es de ello de lo que hablaremos hoy compartiendo con vosotros estos 10 consejos que el argentino expuso en su momento en relación con el cuento y su escritura.



1 – No hay leyes para escribir un cuento, solo puntos de vista

“Nadie puede pretender que los cuentos sólo deban escribirse luego de conocer sus leyes… no hay tales leyes; a lo sumo cabe hablar de puntos de vista, de ciertas constantes que dan una estructura a ese género tan poco encasillable”.

2 – El cuento siempre tiene una unidad de impresión de una historia

El cuento es “…una síntesis viviente a la vez que una vida sintetizada, algo así como un temblor de agua dentro de un cristal, una fugacidad en una permanencia”… “Mientras en el cine, como en la novela, la captación de esa realidad más amplia y multiforme se logra mediante el desarrollo de elementos parciales, acumulativos, que no excluyen, por supuesto, una síntesis que dé el “clímax” de la obra, en una fotografía o en un cuento de gran calidad se procede inversamente, es decir que el fotógrafo o el cuentista se ven precisados a escoger y limitar una imagen o un acaecimiento que sean significativos”.

3 – A diferencia de las novelas el cuento debe ser contundente

“Es cierto, en la medida en que la novela acumula progresivamente sus efectos en el lector, mientras que un buen cuento es incisivo, mordiente, sin cuartel desde las primeras frases. No se entienda esto demasiado literalmente, porque el buen cuentista es un boxeador muy astuto, y muchos de sus golpes iniciales pueden parecer poco eficaces cuando, en realidad, están minando ya las resistencias más sólidas del adversario. Tomen ustedes cualquier gran cuento que prefieran, y analicen su primera página. Me sorprendería que encontraran elementos gratuitos, meramente decorativos”.

4 – En un cuento solo existen los buenos y malos tratamientos

“…en literatura no hay temas buenos ni temas malos, solamente hay un buen o un mal tratamiento del tema”. “Tampoco es malo porque los personajes carecen de interés, ya que hasta una piedra es interesante cuando de ella se ocupan un Henry James o un Franz Kafka”… “Un mismo tema puede ser profundamente significativo para un escritor, y anodino para otro; un mismo tema despertará enormes resonancias en un lector, y dejará indiferente a otro. En suma, puede decirse que no hay temas absolutamente significativos o absolutamente insignificantes. Lo que hay es una alianza misteriosa y compleja entre cierto escritor y cierto tema en un momento dado, así como la misma alianza podrá darse luego entre ciertos cuentos y ciertos lectores”.



5 – En un buen cuento se deben de saber manejar tres aspectos: significación, intensidad y tensión

“…el cuentista trabaja con un material que calificamos de significativo… El elemento significativo del cuento parecería residir principalmente en su tema, en el hecho de escoger un acaecimiento real o fingido que posea esa misteriosa propiedad de irradiar algo más allá de sí mismo… al punto que un vulgar episodio doméstico… se convierta en el resumen implacable de una cierta condición humana, o en el símbolo quemante de un orden social o histórico… los cuentos de Katherine Mansfield, de Chéjov, son significativos, algo estalla en ellos mientras los leemos y nos proponen una especie de ruptura de lo cotidiano que va mucho más allá de la anécdota reseñada”… “La idea de significación no puede tener sentido si no la relacionamos con las de intensidad y de tensión, que ya no se refieren solamente al tema sino al tratamiento literario de ese tema, a la técnica empleada para desarrollar el tema. Y es aquí donde, bruscamente, se produce el deslinde entre el buen y el mal cuentista”.

6 – El cuento es un mundo propio

Señala Horacio Quiroga en su decálogo: “Cuenta como si el relato no tuviera interés más que para el pequeño ambiente de tus personajes, de los que pudiste haber sido uno. No de otro modo se obtiene la vida en el cuento”.

7 – El cuento debe tener vida

“…cuando escribo un cuento busco instintivamente que sea de alguna manera ajeno a mí en tanto demiurgo, que eche a vivir con una vida independiente, y que el lector tenga o pueda tener la sensación de que en cierto modo está leyendo algo que ha nacido por sí mismo, en sí mismo y hasta de sí mismo, en todo caso con la mediación pero jamás la presencia manifiesta del demiurgo”.

8 – El narrador no debe dejar a los personajes al margen de la narración

“Siempre me han irritado los relatos donde los personajes tienen que quedarse como al margen mientras el narrador explica por su cuenta (aunque esa cuenta sea la mera explicación y no suponga interferencia demiúrgica) detalles o pasos de una situación a otra”. “La narración en primera persona constituye la más fácil y quizá mejor solución del problema, porque narración y acción son ahí una y la misma cosa… en mis relatos en tercera persona, he procurado casi siempre no salirme de una narración strictu senso, sin esas tomas de distancia que equivalen a un juicio sobre lo que está pasando. Me parece una vanidad querer intervenir en un cuento con algo más que con el cuento en sí”.

9 – Lo fantástico de un cuento solo se logra con la alteración de lo normal

“El génesis del cuento y del poema es sin embargo el mismo, nace de un repentino extrañamiento, de un desplazarse que altera el régimen “normal” de la conciencia”… “Sólo la alteración momentánea dentro de la regularidad delata lo fantástico, pero es necesario que lo excepcional pase a ser también la regla sin desplazar las estructuras ordinarias entre las cuales se ha insertado…  la peor literatura de este género es sin embargo la que opta por el procedimiento inverso, es decir el desplazamiento de lo temporal ordinario por una especie de “full-time” de lo fantástico, invadiendo la casi totalidad del escenario con gran despliegue de cotillón sobrenatural”.

10 – El oficio del escritor es imprescindible para escribir buenos cuentos

“…para volver a crear en el lector esa conmoción que lo llevó a él a escribir el cuento, es necesario un oficio de escritor, y que ese oficio consiste, entre muchas otras cosas, en lograr ese clima propio de todo gran cuento, que obliga a seguir leyendo, que atrapa la atención, que aísla al lector de todo lo que lo rodea para después, terminado el cuento, volver a conectarlo con sus circunstancias de una manera nueva, enriquecida, más honda o más hermosa. Y la única forma en que puede conseguirse este secuestro momentáneo del lector es mediante un estilo basado en la intensidad y en la tensión, un estilo en el que los elementos formales y expresivos se ajusten, sin la menor concesión… tanto la intensidad de la acción como la tensión interna del relato son el producto de lo que antes llamé el oficio de escritor”.

Transcrito de http://jus.com.mx/revista/10-consejos-de-julio-cortazar-sobre-el-cuento/

A maioridade penal de adolescentes exige menoridade intelectual na decisão!


A Revolução dos Bichos

Os animais moradores da Granja do Solar, cansados dos maus tratos rotineiros, se rebelam contra o dono do local, o beberrão Sr. Jones. Após o expulsarem, os bichos se organizam e instauram novas regras, formando uma comunidade democrática, livre do domínio dos humanos. Os inteligentes porcos, no entanto, logo tratam de impor suas ideias e um novo reinado do terror ganha forma.



Aviso aos não-leitores


MinC acionará judicialmente o Facebook contra censura na rede

Diante da decisão do Facebook de bloquear a foto de um casal de Índios Botocudos, publicada em sua fanpage, o Ministério da Cultura adotará as providências legais cabíveis contra a prática de censura e de ataque à liberdade de expressão.


"Se os índios não podem aparecer como são, o recado que fica é que precisam se travestir de não indígenas para serem reconhecidos. Isso é de uma crueldade sem fim", afirmou o ministro Juca Ferreira.

A foto censurada, em domínio público, integra um post de divulgação do lançamento do Portal Brasiliana Fotográfica, site que será lançado nesta sexta-feira, às vésperas do Dia do Índio, resultado de uma parceria entre a Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles e que contará com mais de duas mil imagens históricas dos séculos XIX e XX. Um patrimônio cultural do país, portanto.

Ao tomar conhecimento da censura à fotografia, que exibe o dorso nu de uma indígena, o MinC entrou em contato com o Facebook, alertando para a ilegalidade e solicitando o imediato desbloqueio da fotografia. No entanto, a empresa manteve a decisão de censurá-la, argumentando que não está submetida à legislação nacional e que tem regras próprias que adota globalmente.

O Ministério da Cultura entende que o Facebook, ao aplicar termos de uso abusivos e sem transparência, tenta impor ao Brasil, e às demais nações do mundo onde a empresa opera, seus próprios padrões morais, agindo de forma ilegal e arbitrária.

Tal postura fere a Constituição da República; o Marco Civil da Internet; o Estatuto do Índio e a Convenção da Unesco sobre Proteção e Promoção da Diversidade e das Expressões culturais. Também desrespeita a cultura, a história e a dignidade do povo brasileiro.

Segundo o Ministro Juca Ferreira: "Não podemos aceitar que uma empresa pretenda se colocar acima das leis, da cultura e da soberania de nosso país. O Facebook e outras empresas globais operam numa lógica muito próxima à dos tempos coloniais". Para o ministro, é preciso avançar na regulação das relações internacionais em ambiente econômico digital global de forma a preservar a soberania dos estados nacionais, a liberdade de expressão, a diversidade humana e a autodeterminação dos povos.

Brasil precisa recuperar orgulho de sua origem, dizem indígenas

Demarcação das terras indígenas e reconhecimento dos brasileiros sobre a importância dos índios para o país ainda continuam sendo os desafios principais do Dia do Índio, comemorado hoje (19). Representantes dos povos indígenas que costumam viajar a Brasília para mobilizações e protestos ressaltam a importância que a data tem para a conscientização da sociedade, mas alertam que o tema não deve ficar restrito à celebração de hoje.

O cacique Piracuman, da etnia Yawalapiti, mora no Parque Indígena do Xingu, no norte de Mato Grosso, e costuma representar os povos do Alto Xingu nos eventos que ocorrem no Brasil e no exterior. Ele afirma que embora o branco comemore a data no dia 19 de abril, para o índio as comemorações ocorrem diariamente, a cada trabalho de plantio, pescaria ou outra atividade, como construção de uma oca (habitação indígena brasileira).

Apesar de classificar a comemoração como importante para afastar espíritos ruins e doenças, o irmão do cacique Aritana, o líder mais importante dos povos do Xingu, explica por que mais de mil pessoas, representando 200 etnias, vieram a Brasília na última semana . “Aquele pessoal que estava apontando flechas para a Casa [Palácio do Planalto] lá era para [todo mundo] entender que o índio está preocupado, que o Congresso não está olhando para índio. Aquela Casa só está olhando para progresso, só para desmatamento, plantação, construção de hidrelétrica nos rios. E os índios, que estão há muito tempo aqui, estão sendo ameaçados”, diz.

Piracuman afirma que as mudanças do clima já estão afetando as próprias terras indígenas, como a chegada da chuva fora de época, a devastação de áreas próximas a rios. Segundo ele, em 2014 um tornado atingiu a região pela primeira vez, danificando casas e derrubando árvores. “A demarcação é importante não só para nós, é para todos. Nós conhecemos a floresta muito bem. Ela é para nós um filtro, tem oxigênio, muitas ervas medicinais. Hoje, os produtores não estão mais respeitando a nascente. O desmatamento chega até lá. Não deixa nem um pezinho de árvore ali. Quando seca, começa a faltar água. Gostaria de pedir para os produtores fazeremr reflorestamento no lugar que eles estragaram”, diz o cacique, lembrando que há muita soja no estado onde vive.

Álvaro Tukano mora em Brasília e assumiu simbolicamente neste domingo (19) a direção do Memorial dos Povos Indígenas. Pertencente aos povos Tukano, no interior do Amazonas, ele acredita que a homologação de três terras indígenas anunciada pelo governo federal para esta segunda-feira (20), é um dever do Estado.

“As terras indígenas, ou de toda a Amazônia, é que produzem evaporação, que distribuem água por todo Brasil e a América do Sul. Por isso que o papel da [presidenta] Dilma [Rousseff] é demarcar, homologar, combater a violência. É cumprir as leis internacionais, não construir as hidrelétricas. É essa a sabedoria que ela tem que preservar”, defendeu.

Duas terras indígenas serão homologadas no estado do Amazonas: vão atender a reivindicações dos povos Kaixana e Mura. Os Arara e Juruna receberão a terra indígena Arara da Volta Grande do Xingu, localizada no município Senador José Porfírio (PA), homologação que faz parte do licenciamento para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para Piracuman, o motivo é que parte dos territórios ocupados atualmente pelos índios será alagada com a ativação da usina.

“Nós, índios, não esquecemos onde é nosso lugar tradicional. Os índios não vão esquecer aquilo ali. Eles podem mudar para onde vai ser homologada, mas um dia ele vai querer voltar pra lá, onde tem parentes enterrados. A gente nunca esquece”, afirmou o cacique, que também pede que os profissionais a serem contratados para trabalhar na Fundação Nacional do Índio (Funai) tenham experiência para lidar com os povos indígenas e ligação com o meio ambiente

Daiara Tukano, professora da rede
 pública do DF - Elza Fiuza / Agência Brasil
Abertura das comemorações do Dia do Índio no Memorial dos Povos Indígenas com a presença do Governador Rodrigo Rolemberg. Daiara Tukano, professora concursada do Distrito Federal (Elza Fiúza / Agência Brasil)

Daiara Tukano, empossada recentemente como professora da rede pública do Distrito Federal, disse que os brasileiros precisam se orgulhar da sua origem indígena. Ela é formada em artes visuais pela Universidade de Brasília e foi admitida em concurso público da Secretaria de Educação. De acordo com Daiara, há um problema histórico de legitimidade dos povos indígenas.

Segundo a indígena, os povos originários do Continente Americano sofrem hoje uma espécie de “apagamento social”.

E acrescentou: “O indígena é reconhecido apenas quando mora na aldeia. [Só que] estamos em todos os espaços, nas universidades, trabalhando nas cidades e também no campo. É importante que o Brasil recupere o respeito e o orgulho [pelo índio]”, disse.

Após a publicação da reportagem, o consórcio Norte Energia, responsável pela Usina Hidrelétrica Belo Monte, contestou a afirmação do cacique Piracuman, afirmando que as compensações da construção da usina não estão ocorrendo por conta de alagamentos de territórios indígenas.

“Nenhum centímetro de terra indígena na região será alagado em decorrência das obras da UHE Belo Monte. Isso é corroborado pela Funai [Fundação Nacional do Índio] e pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Há inclusive terras que ficam abaixo da barragem, portanto em trecho de alagamento impossível, conforme documento aprovado pelo Ibama - é o caso dos Arara, da Volta Grande do Xingu”, esclareceu a assessoria de imprensa da Norte Energia, por meio de nota enviada à Agência Brasil.