quinta-feira, 30 de outubro de 2014

"A saída não é simplificar a grafia, mas sofisticar a educação letrada"

Thaís Nicoleti

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Desta vez, quem conversa com o blog sobre reforma ortográfica é Sírio Possenti, professor titular do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.

Autor de diversas obras (“Discurso, Estilo e Subjetividade”, “Por que (Não) Ensinar Gramática na Escola”, “Os Humores da Língua”, “Os Limites do Discurso”, “Questões para Analistas do Discurso”, “Questões de Linguagem”, “Humor, Língua e Discurso”, entre outras), o linguista, filósofo e estudioso do humor também publica textos regularmente na imprensa (nas revistas “Língua” e “Ciência Hoje” e no jornal “O Estado de S. Paulo”).



Possenti já provou que não se furta a um bom debate. No seu “Blog do Sírio”, recentemente teceu críticas à proposta de ortografia fonética defendida pelo professor Ernani Pimentel, coordenador de um grupo de trabalho técnico criado pela Comissão de Educação do Senado para discutir o Acordo Ortográfico de 1990, em vigor desde 2009. Segundo Possenti, “o discurso da simplificação tem muito apelo, mas é furado” e “a verdadeira questão é o grau de letramento de uma sociedade”. portugues em pautaConheça as ideias do professor, que concedeu ao blog esta entrevista:

Thaís Nicoleti – Recentemente, a imprensa divulgou a existência de uma proposta radical de mudança do sistema ortográfico do português, baseada na fonética. Das informações publicadas, depreendem-se, por exemplo, as seguintes ideias:

a) eliminação do “h” inicial das palavras (por não representar um fonema). Exemplos: oje, omem, ora;

b) eliminação do “ç” (o fonema /s/ seria representado sempre pela letra “s”). Exemplos: pesa (no lugar de “peça”), masarico (no lugar de “maçarico”);

c) substituição do “ch” por “x”. Exemplos: caxorro, chave, xaruto, flexa;

e) representação do fonema /z/ sempre pela letra “z”. Exemplos: ezame, aza, pezar;

f) a letra “c” deixaria de ser usada antes de “e” e “i”. Exemplos: sebola, sigarro, sílio;

g) eliminação do dígrafo “qu”, passando a letra “q” a representar o fonema /k/ diante das vogais “e” e “i”. Exemplos: aqele, esqilo, leqe;

h) eliminação do dígrafo “gu”, passando a letra “g” a representar apenas o fonema /g/ mesmo antes de “e” e “i”. Exemplos: gitarra, gerra, gindaste;

h) a letra “j” passaria a representar o fonema /j/ em todas as situações. Exemplos: jeleia, ajenda, ajir.

Dessa forma, seriam eliminadas distinções gráficas como a de hora/ora, aja/haja, cozido/cosido, seção/sessão/cessão, entre muitas outras e, além disso, grafias tradicionais passariam a representar outras ideias. “Casa”, por exemplo, seria a nova forma de escrever “caça” e também “cassa”, “pesa” seria a nova grafia de “peça”. Há inúmeros casos semelhantes a esses, além de termos que sofreriam mais de uma alteração (“caxasa”, por “cachaça”, por exemplo) e daqueles de mais de uma pronúncia (“liquidação”, “hexacampeão” etc.), problema difícil de resolver no interior desse sistema, mas a ideia, segundo seu autor, visa à simplificação da ortografia. O senhor acha que esse sistema seria, de fato, mais simples? Por quê?

Sírio Possenti – Não há dúvida de que seria mais simples. Algumas dúvidas atuais deixariam de existir, mas a questão crucial não é essa. Na verdade, há duas questões mais relevantes do que a “simplificação”. Uma é o fato de que a quantidade de erros de ortografia cometidos em decorrência das “dificuldades” que seriam eliminadas é menor do que se imagina. A verdadeira grande dificuldade é decorrente da relação entre letras e pronúncias variáveis. A reforma proposta não atingiria dificuldades como as que ocorrem numa palavra aparentemente simples como “menino”, que tem pronúncias variáveis da primeira (e/i) e da última vogal (o/u), o que leva a grafias como “me / mi” e “no / nu”. Uma palavra como “anos” pode receber a grafia “anus” em decorrência do alçamento da vogal átona final; a palavra “maldade” pode receber a grafia “maudade” (sem contar a variação da vogal final), em decorrência da vocalização do “l” em final de sílaba.  Os casos são, pode-se dizer, inúmeros (essa palavra pode vir a ser escrita “enúmeros/us”). Aliás, esse exemplo mostra outras dificuldades, ligadas exatamente à divisão de palavras… (“serhumano” ou “ser humano” – independentemente do “h”). A proposta não vai na direção de “escrever como se fala” (ainda bem), mas vale assinalar que não é verdade que a maior parte das dificuldades decorre de questões do tipo “hoje / oje / (h)oge”. A outra questão diz respeito aos custos financeiros, políticos e mesmo “escolares”. Tudo teria que ser reimpresso; ou as pessoas deveriam lidar com mais uma diferença de grafia, além daquelas com as quais elas já têm que lidar, quando fossem ler obras mais antigas que não tivessem sido adaptadas.  Os problemas políticos têm a ver com a aceitação da “nova” ortografia por todos os países nos quais o português é língua oficial. A saída não é simplificar a grafia, mas sofisticar a educação letrada.

TN – Embora a proposta tenha surgido por ocasião de discussões sobre o Acordo Ortográfico de 1990, que tratou basicamente de acentuação e hífen, seu objeto é, aparentemente, muito mais amplo. O Senado, acolhendo críticas ao Acordo Ortográfico de 1990, criou um GTT (grupo de trabalho técnico), cuja coordenação ficou a cargo do autor dessa proposta. Ainda que não esteja claro o trabalho que esse grupo empreende e, muito menos, se existe alguma possibilidade de essa proposta vir a ser discutida algum dia, pergunto se o senhor acha oportuno que esse tema seja objeto de discussão no Senado.

SP - Não acho oportuno. Aliás, acho muito inoportuno. Especialmente porque os especialistas nunca são convidados. Quando se discutiu a questão da pesquisa com células-tronco (para dar um exemplo), houve audiências públicas com geneticistas.   Mas, quando se discute ortografia, nunca se chamam linguistas. Dá-se o mesmo quando a mídia trata de educação. Quando provas nacionais ou internacionais revelam problemas escolares, a mídia entrevista donos ou professores de cursinhos, que são as instituições menos adequadas para falar de escola.

TN- No âmbito da universidade, existem críticas ao Acordo Ortográfico de 1990?

SP - Se houver, são “conversas” particulares. São poucos os que se envolvem com a questão. Até porque nunca são envolvidos. Diria que não é um tema considerado muito relevante. Pelo que sei, com exceção das questões políticas, que certamente são importantes, a maioria dos professores universitários (falo das universidades, não dos colegiões) sabe que se trata, do ponto de vista da escrita, de uma questão menor. Por um lado, sabem que o desempenho ortográfico depende de boa escola (basta ver o que ocorre na França e nos países de fala anglófona). Por outro, sabem que ortografia é apenas um aspecto, e é o menos relevante, de uma escrita que mereça este nome. Nossa sociedade sofre de fixação ortográfica. Muita gente metida a especialista não sabe analisar um texto; é por isso que sai à cata de erros de grafia.

TN – Nas redes sociais, é muito comum que as pessoas expressem uma espécie de “indignação” diante dos erros de grafia. A que o senhor atribui esse comportamento? Há uma supervalorização do aspecto visual das palavras?

SP - Nas redes sociais, e, na verdade, em qualquer lugar em que as pessoas podem opinar, os erros de grafia são objeto de crítica ou de gozação. Este fato resulta de três fatores: a) uma valorização excessiva da grafia (iguala-se “saber escrever” a “escrever sem erros de grafia”): b) o fato de que ninguém compreende as razões pelas quais os erros foram cometidos; c) trata-se de uma questão simples; como, frequentemente, não se consegue analisar o texto, seus argumentos etc., ele é desqualificado  com base nos erros. É uma atitude intelectualmente bem pobre.

TN- O site “Placas do Meu Brasil” faz sucesso nas redes sociais ao divulgar formas de  expressão popular, muitas das quais com erros de grafia. O senhor já comentou em artigos seus que muitas dessas grafias têm uma gramática. O senhor poderia citar alguns exemplos?

SP - Analisar as “Placas do Meu Brasil” ensina muita coisa. A principal é que os erros de grafia que uma proposta como a do prof. Pimentel evitaria são relativamente poucos. Os verdadeiros “problemas” não são do tipo escrever geladeira com “g” ou com” j”, mas escrever com ou sem ditongo (geladeira/geladera) e também “pexe/otro /oro”. Uma das consequências dessa variação que elimina semivogais é, curiosamente,  acrescentá-las onde “não existem”. O melhor exemplo é uma palavra estrangeira, “cover”, que pode vir a ser escrita “cover”, é claro, mas também, por hipercorreção, “couver” ou mesmo “colver”, embora tenha sempre a mesma pronúncia.

 TN. Em recente artigo seu, o senhor mostra isso. As diferenças entre grafia e pronúncia (pexe/ peixe; toca/touca), consideradas inclusive as diferenças regionais, são um problema maior para o aprendizado da escrita do que o emprego de pares consonantais como  g/j  ou  x/ch e esse tipo de problema não seria solucionado com uma reforma ortográfica, pois não há como unificar grafia e pronúncia. O senhor acha que alçar a ortografia a centro de discussões sobre a língua e a educação (no âmbito do Senado) é, de alguma forma, sobrevalorizar um tema menor? 

SP – Respondo “sim” a sua pergunta final. Especialmente quando se trata da questão escolar. O discurso da simplificação tem muito apelo, mas é furado. Basta ver como se anunciam livros e programas de TV: ensinam gramática de maneira simples e bem-humorada! É um verdadeiro horror. E é efeito do discurso de cursinho, instituição que gosta muito de aulas com piadas ou musiquinhas mnemônicas. Pouco engraçadas, aliás.

TN – De certa forma, esse tipo de aula (de cursinho, com piadas e parlendas) acaba por fomentar uma visão limitada (e talvez infantil) da língua? O senhor acha que o estudante precisa se divertir enquanto estuda? 

SP - Ora, estudar é um trabalho. Não precisa ser necessariamente desagradável. Mas achar que precisa ser divertido é uma bobagem. No fundo, esta atitude encobre a verdadeira natureza do aprendizado, reduzido, no fundo, a decoreba por associação.

TN – Em recente artigo publicado na Folha, o colunista Hélio Schwartsman afirma o seguinte: “Faria algum sentido abraçar uma mudança radical que tornasse a escrita tão foneticamente transparente quanto possível. Isso significaria aniquilar não só o “h” inicial, o “ch” e o “ç” como também disciplinar o “x”, domar o “r-rr” etc. O que ganharíamos? O processo de alfabetização se tornaria mais fácil, rápido e barato”. Como o senhor vê tal afirmação?

SP - Se selecionamos só esta passagem do texto dele, pode-se dizer que não leva em conta o tipo de argumento que apresento no meu texto “Simplificar a ortografia?” e que, resumidamente, apresentei acima. Mas, mais adiante, ele fala também em deixar as coisas em paz (“Meu apelo sincero aos legisladores é que deixem o idioma em paz. Se há norma que valeria a pena aprovar é uma que limite a três séculos a periodicidade das reformas ortográficas”).  Mas, mesmo modalizado, o argumento citado por ele, que é meio lugar-comum, não leva em conta leitura e escrita de verdade. Serviria mais para ditados artificiais (do tipo “soletrando”, que, em si, são uma bobagem, embora possam servir para despertar indiretamente mais vontade de estudar, algo que poderia ser obtido por meios mais relevantes).

TN – O autor fala em alfabetização mais rápida, porém, se pensarmos não propriamente em “alfabetização”, mas em “letramento”, esse argumento,  que, aliás,  é compartilhado pelo prof. Pimentel, autor da referida proposta, continuaria válido?

SP - Esse tipo de argumento se restringe ao que se poderia chamar de alfabetização, que é o domínio do código escrito, da representação dos sons. Mas o verdadeiro problema é o letramento, isto é, a inserção real dos alunos no mundo da escrita, que implica a capacidade de ler e escrever pelo menos na medida das necessidades sociais de cada cidadão (embora o ideal seja que a cultura letrada seja objeto de desejo de todos).

TN – Segundo o prof. Ernani Pimentel, “os psicólogos e biólogos já constatam que boa parte das crianças de hoje estão nascendo com um par a mais de cromossomos ativados, o que significa estar a humanidade passando por verdadeira mutação genética que traz uma visão quântica da realidade, descomunalmente superior à antiga visão linear a que os adultos ainda estamos condicionados”. E prossegue: “Hoje o estudante, e qualquer indivíduo, ri de quem aceita regras com exceções. Não faz sentido perder tempo. Ou o que se lhe ensina é lógico, prático ou não lhe desperta interesse”. O senhor concorda com isso? Nessa linha de raciocínio, poderíamos pensar que aquilo que se tem chamado de “internetês” será a ortografia do futuro?

SP - Sobre as supostas descobertas de psicólogos e biólogos, nunca ouvi falar delas, nem o prof. Pimentel cita as fontes, o que é bem típico, aliás. Citar fontes é uma prática das universidades, porque lá não se pode chutar. Mas, se tais mutações estiverem ocorrendo, por que seria necessário simplificar? Falando em “evolução”, seria mais adequado apostar na evolução tecnológica, que vai permitir que todo mundo logo escreva com computadores ou instrumentos similares, que contêm um dicionário acoplado e um corretor ortográfico que avisa quando a grafia de uma palavra está errada. As tentativas de corrigir acabam ensinando mais do que muitas aulas e dispensam até mesmo um sistema mais “lógico”. Sobre o internetês, quem já olhou esta escrita de perto percebeu que é um tipo de escrita silábica  (“vc” por “você”, “hj” por “hoje” etc). Observe-se que se trata sempre de privilegiar as consoantes (ninguém escreve “você” com “oe”). É uma escrita bem esperta, na verdade. Também vale a pena dizer que todo mundo que já anotou aulas na vida, antes dos computadores, usava essas mesmas abreviações. E que os jornais publicam desde sempre pequenos anúncios do tipo “vd ap c/ 4 q, gr” e ninguém achou que isso fosse um problema. O que quero dizer é que as escritas diversas aparecem em contextos diversos. O internetês é uma escrita de computador (e smartphone) e apenas para certos casos. Ninguém escreve assim em blogs…

TN- O senhor tem críticas ao Acordo Ortográfico?

SP - Minha crítica à proposta do prof. Pimentel não implica que eu considere excelentes os efeitos do recente acordo. Por mim, vigorariam as regras da reforma de 1943, que foi a “minha” ortografia, com muitos acentos diferenciais, como “êle”, para distinguir o pronome do nome da letra “L”, “aquêle”, para distinguir este pronome da primeira e da terceira pessoas do presente do subjuntivo do verbo “aquelar” etc. Mas é claro que, mesmo que não houvesse nenhum acento, isso não causaria nenhum problema para pessoas letradas. Ou seja: a verdadeira questão é o grau de letramento de uma sociedade.

TN – Na sua opinião, é importante haver uma “ortografia oficial”? Qual é o peso desse tema nos estudos empreendidos na universidade? 

SP - Não faz mal haver uma ortografia oficial. Mas não acho que seja tão necessária, se uma sociedade for de fato letrada. E, se houver uma oficial, preferia que não fosse objeto de legislação, mas de um acordo de editores, mais ou menos como ocorre com a escrita do inglês.

TN – O senhor  tem livros em que analisa piadas do ponto de vista linguístico. Em que esse material se mostra útil no estudo da língua?

SP - Para ficar no tema da entrevista: alguns aspectos da escrita são explorados em piadas. Veja este exemplo, uma piada que envolve um intelectual que, defendendo suas ideias com muita convicção, foi interrompido por alguém que lhe disse: “Mas suas ideias podem ser postas em xeque!”. E ele respondeu:  “De quanto?”. A graça da piada decorre da percepção das palavras homófonas xeque/cheque.  Veja esta outra piada, a da professora que pede ao aluno, o popular Joãozinho, que faça uma frase com “hospedar” e o menino responde: “Os pedar da minha bicicreta tá quebrado!”. A piada envolve divisão de palavra (hospedar/os pedar) e variação linguística (pedar/pedal e bicicreta/bicicleta). Em vez de decoreba de listas de palavras, uma aula poderia basear-se em histórias assim.

TN – Os professores de português poderiam, então,  em vez de contar piadas para distrair os alunos, analisar essas piadas a sério.

Transcrito de http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/10/1529887-thais-nicoleti-a-saida-nao-e-simplificar-a-grafia-mas-sofisticar-a-educacao-letrada-leia-entrevista-com-sirio-possenti.shtml

Capes lança dispositivo de acesso ao Portal de Periódicos

O aplicativo .periodicos. permite ao usuário ter acesso ao acervo do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), uma fundação do Ministério da Educação (MEC). É uma biblioteca virtual que disponibiliza conteúdo científico internacional de alto nível, com acesso a periódicos, referências bibliográficas com resumo, teses e dissertações, normas técnicas, livros, obras de referência, estatísticas, patentes, arquivos abertos e redes de e-prints.


Capitão Phillips

Antonio Carlos Ribeiro

O filme Capitão Phillips (Captain Phillips, dir. Paul Greengrass, com Tom Hanks, Catherine Keener e Barkhad Abdi, Drama / Suspense, EUA) é um discurso pleno de reverberações, ampliadas à potência máxima e com a pretensão de legitimar a ação armada estadunidense na costa africana. A leitura do conjunto do filme começa pela desproporção entre o que é megalomaníaco, espetacularmente armado e ostentador de poder, de um lado, e uma gente faminta, magra, que luta pela sobrevivência e tem sua pesca afetada por companhias pesqueiras, de outro.



Se proporcionalidade deve ser regra na guerra – um conceito de um século e meio atrás para os brasileiros – não o é para a superpotência que sequer noção da dimensão tem. Já os somalis, utilizam os recursos que tem para lutar contra a pesca, ilegal e desenfreada, e o despejo de lixo tóxico em seu território, sempre do modo ameno e cordial, comum às superpotências.

A outra leitura é a da geopolítica mundial, do declínio dos Estados Unidos como potência hegemônica, desde os anos 70, agravado pela sequência de desastres do governo George W. Bush. O que o filme de Greengrass revela é a mudança do perfil de intervenção, abandonando a diplomacia e as relações de confiança e abusando das relações de força, que acelera esse processo.

O filme se estrutura nos opostos: de um lado Phillips e de outro Muse; as normas de segurança do navio e os piratas que tentam saciar a fome da Somália; a força americana com navios cargueiro, contratorpedeiro, porta-aviões e helicóptero, e a força somali tem um homem para cada arma dessas. Depois vem a noção de que todos invejam os americanos, com Muse e seu desejo de se inserir no capitalismo.

É uma contra-leitura da realidade política internacional, já que os EUA perdem influência a olhos vistos - as guerras de Bush para saquear petróleo, prender e matar Saddam Hussein, Obama e a palavra descumprida sobre Guantânamo, o assassinato de Bin Laden; Manning, Assange e Snowden impondo a perda de credibilidade – agravados pela atuação de Cristina Kirchner, Dilma Rousseff e Angela Merkel.

Para assistir o trailer do filme clique aqui

Livros infantis sobre folclore e cultura alagoana são lançados em Maceió

Foram lançados cinco novos títulos da coleção de livros infantis 'Coco de Roda' da Imprensa Graciliano Ramos. O evento, que teve contação de histórias e atraiu dezenas de famílias, aconteceu na rua fechada, na Ponta Verde, em Maceió.

Os livros lançados foram escolhidos por meio de um edital de seleção e contam histórias baseadas na cultura popular, história e geografia de Alagoas. Autora de dois livros selecionados nesta edição, Ei, você viu Luizinho? e O embrulho misterioso de Nina, no qual foi colaboradora com Kemesson Lemos, a escritora Sara Albuquerque contabiliza três títulos publicados na coleção 'Coco de Roda' e conta que o trabalho desenvolvido é importante para o público infantil.

"É gratificante poder contribuir para a formação da criança. Ela tem a oportunidade de conhecer um pouco da cultura, do folclore e da história das cidades de Alagoas. Os enredos dos meus livros se passam em Maragogi e Palmeira dos Índios e é engraçado porque as crianças podem se sentir dentro das cidades. No meu primeiro livro publicado na coleção, O segredo do rio Mundaú, crianças que já haviam visitado as cidades tratadas na história, reconheciam alguns lugares e tentavam procurar os personagens dos livros lá", conta.

Ainda de acordo com a autora, os livros foram produzidos sem custo para os escritores. "A oportunidade de ter o trabalho publicado é única. Eu não tive custo nenhum porque a Imprensa Graciliano Ramos dá essa oportunidade para os escritores iniciantes", afirma.

Adalberto Souza é escritor e levou o filho Leandro de 6 anos para prestigiar o evento e o presenteou com um dos títulos da coleção. Para ele, o incentivo à leitura desde cedo é fundamental para o desenvolvimento das crianças. "Qualquer iniciativa que envolva literatura infantil eu levo o Leandro. Essa da coleção 'Coco de Roda' é louvável porque há uma possibilidade de criar um público fiel de leitores, principalmente porque as crianças possuem contato com os mitos e lendas da cultura do nosso estado. Sempre que viajamos, buscamos livros que contem mais da história do lugar que visitamos", afirma.

Segundo a autora de A menina singeleza, Renata Baracho, a inspiração para escrever a obra surgiu a partir de sua própria história. "Eu nunca havia pensado em ser escritora, mas a oportunidade veio por meio do edital da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Como a temática deveria ser ligada à cultura e folclore de Alagoas, eu fiquei pensando e decidi me inspirar na minha história, onde eu nasci, em meio a bordados e artesanato. Conheci o bico singeleza, que é um tipo de bordado que pouca gente faz hoje em dia e acabei me encantando", afirma ao enfatizar que as obras ajudam a perpetuar a cultura alagoana.

Bruna de 8 anos esteve no evento e ganhou o livro A sertaneja e o imperador. "Eu gostei muito da história e dos desenhos do livro. Com a história, eu conheci mais do Sertão nordestino e fiquei com vontade de visitá-lo algum dia", conta.

As obras

Os cinco títulos foram produzidos por autores alagoanos ou radicados no estado e estão sendo vendidos por R$ 20 nos pontos de venda da Imprensa Oficial Graciliano Ramos.

A menina singeleza, escrito por Renata Baracho e ilustrado por Lucas Nascimento, conta a história de Marechal Rendado, uma cidade cheia de cores e histórias, onde acontece uma grande confusão entre as rendas e os bordados: a senhora Renascença, o senhor Filé, o Bilro, o Redendê e o Ponto Cruz brigam para ser o mais bonito e poderoso. Até uma menina aparecer e provocar uma mudança na pequena cidade.

A sertaneja e o imperador, escrito por Eliana Maria e ilustrado por Cristiano Suarez, narra a história do encontro entre Zefinha, uma mulher corajosa do Sertão alagoano, e o Imperador D. Pedro II, que visitou Alagoas. Durante uma cerimônia conhecida como beija-mão, a sertaneja levará um presente valioso que vai causar uma surpresa a todos.

Ei, você viu Luizinho?, escrito por Sara Albuquerque e ilustrado por Bruno Clériston, traz a história de amizade entre Melissa e Luizinho, duas crianças que se encontram na Praia de Maragogi, em Alagoas. Ela, com a arte de trançar palhas de coqueiro, e ele, com a palavra, vão descobrir muitas coisas bonitas juntos.

Lampião e a baleia da Serra, escrito por Mariana Tavares e ilustrado por Herbert Loureiro, conta a história do encontro entre a baleia Lilu e o cangaceiro Lampião. Cansada de viver no mar, Lilu viaja para o Sertão de Alagoas e lá vai ajudar Lampião a conquistar o coração de Maria, a moça mais bonita da cidade.

O embrulho misterioso de Nina, escrito por Kemesson Lemos e Sara Albuquerque e ilustrado por Robson Araújo, narra a história da pequena Nina, que chega a uma cidade alagoana com a missão de cumprir a promessa feita a seus pais. Ao chegar, ganha a companhia de Joaquim, que dividirá com ela uma descoberta. Na bagagem de Nina, o pacote que guarda um segredo muito especial.

Transcrito de http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2014/10/livros-infantis-sobre-folclore-e-cultura-alagoana-sao-lancados-em-maceio.html

Brasília comemora 'Semana de língua italiana'

A Embaixada da Itália e o Instituto de Letras da Universidade de Brasília promovem entre 25 e 30 de outubro a “Semana de língua italiana no mundo”. O tema da 14ª edição do evento é “Escrever a nova Europa: editores italianos, autores e leitores na era digital”. A comemoração internacional, criada pelo Ministério de Relações Exteriores da Itália e pela “Accademia della Crusca” —  a Academia de Letras do país — , ocorre desde 2001 durante o mês de outubro.




A abertura do evento é na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, onde será realizada às 15h a leitura de trechos curtos de livros vencedores do prêmio “Strega”, o maior da literatura italiana. A reunião cultural deve durar três horas e contará com a presença do embaixador da Itália, Raffaele Trombetta.

“É uma oportunidade especial para os amantes ou curiosos da língua e da cultura italiana de passar uma tarde ouvindo e lendo páginas de excelência do nosso idioma, num espaço como a Livraria Cultura”, disse a professora-leitora da UnB Anna Paola Sebastio, que participa da organização do evento.

Para Anna Paola, a semana é uma “festa da língua” e não deve ser encarada como algo sisudo, e sim um programa “envolvente”. “A intenção é de que seja prazeroso ler em língua estrangeira, sem receio. É uma forma de matar a saudade da Itália, para quem já conhece o país, e também de conhecer novos autores.”

Ao longo da semana, também está prevista a exibição de filmes na UnB baseados em romances que ganharam o prêmio Strega.

Leitura cultural
Local: Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, Lago Norte.
Horário: das 15h às 18h.
Entrada: livre.
Informações: (61) 3442-9907.

Transcrito de http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/10/brasilia-comemora-semana-de-lingua-italiana-partir-de-25-de-outubro.html

Ministério da Cultura regulamenta o programa Viva a Leitura

O Ministério da Cultura dispõe sobre as regras e o funcionamento do Prêmio Viva Leitura. A iniciativa, publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (24), será anual e tem como objetivo estimular e fomentar a leitura e a formação educacional, bem como o reconhecimento às melhores experiências de promoção de leitura no País.



O Prêmio será realizado pelos Ministérios da Cultura (MinC) e da Educação (MEC), por meio de edital, de forma direta, conjunta ou individualmente ou então pode realizar de forma indireta, por meio de contratos ou convênios com outras instituições.

A iniciativa também poderá , à critério do MinC e do MEC, receber apoio de empresas privadas, órgãos públicos, constituídos no Brasil ou no exterior, de organismos internacionais ou outras instituições e órgãos da sociedade civil que tenham reconhecida atuação na área.

A portaria completa pode ser acessada diretamente no DOU.
Transcrito de http://www.brasil.gov.br/cultura/2014/10/ministerio-da-cultura-regulamenta-premio-viva-leitura

Lançamento do livro Formação de Professores e Interdisciplinaridade

Lançamento do livro


FORMAÇÃO DE PROFESSORES
E INTER/TRANSDISCIPLINARIDADE:
DIÁLOGO INVESTIGATIVO EM CONSTRUÇÃO

de
Maria José de Pinho
Marilza Vanessa Rosa Suanno
João Henrique Suanno (Orgs)
Goiânia, 2014

Maria José de Pinho é professora do
Programa de Pós-Graduação em Letras, Ensino de Línguas e Literatura.
O lançamento será realizado no Encontro da

ABRALIN em Cena
de 4 a 6 de agosto na
Universidade Federal do Tocantins (UFT) - Campus de Araguaína

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Oferta de disciplina na EMVZ-UFT-Campus Araguaína

Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ-UFT-Campus Araguaína)

Oferta de disciplina

Gostaria de informar que as matrículas para a disciplina 'Suplementação Estratégica de Bovinos em Pastejo' foi reaberta.

Quem se interessar poderá fazer a matrícula entre os dias 30 e 31/10/2014 na secretaria do PPGCat. O requerimento deverá vir assinado pelo orientador ou um e-mail autorizando a matrícula.

A disciplina será ofertada no período de 03 a 07 de novembro de 2014.

Araguaína, 29 de outubro de 2014.

Alessandra Cunha
Secretária do PPGCat

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Press Release 014 – 24.10.2014

Clássicos da Literatura
   Clarice Lispector - http://bit.ly/1pkkcqX

Notícias
   Já são 314 bibliotecas digitais - http://bit.ly/1FL1vXJ
   Ex-viciado vira o agente literário da vez - http://bit.ly/1pFJNKV
   Artista começou sua trajetória em Mato Grosso - http://bit.ly/ZKh8gH

Leitura
   Clarice Lispector - http://bit.ly/1tPaaW3

Poesia
   José - http://bit.ly/1t7o7fP

Bibliotecas
   Ceará faz festa literária - http://bit.ly/1nBexRD

Lançamento de livro
   Edifícios navegantes - http://bit.ly/1nBeWn6

Eventos UFT
   Defesa de Tese: Doutorado em Ciência Animal Tropical - http://bit.ly/1zmT83O

Eventos
   IV Colóquio Diálogos em Literatura de Língua Inglesa – Literatura e outros meios - http://bit.ly/1nBfr0n

Imagem
   Sossego e leitura - http://bit.ly/1D3rvti

O Prazer da Leitura
   Encontro de mundos - http://bit.ly/1yrgyAX

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

José

Foto: CPDoc JB

Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

Sossego e leitura

Foto: www.vocesabia.net

O livro é uma felicidade clandestina

Foto: vidraguas.com.br

Clarice Lispector

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Fonte: Clarice Lispector
. O Primeiro Beijo
. São Paulo, Ed. Ática, 1996

Imagem: Encontro de mundos


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Já são 314 bibliotecas digitais

Galeno Amorim

Dados que acabam de sair do forno digital: agora já são 314 bibliotecas municipais e comunitárias em 279 municípios brasileiros com uma biblioteca digital de empréstimo virtual de eBooks.



Ainda segundo informes recentíssimos da Árvore de Livros, um único estado brasileiro não tem nenhuma biblioteca digital de eBooks: Roraima.

Fonte: http://www.blogdogaleno.com.br/2014/10/16/ja-sao-314-bibliotecas-digitais

Ceará faz festa literária

O público já pode garantir presença na 2ª edição da Festa Literária de Aquiraz (FLAQ), que acontece de 20 a 23 de novembro, no Engenhoca Parque (Rua Raimundo Coelho, s/nº). A festa cearense terá como autor homenageado Ignácio de Loyola Brandão. Entre os temas de destaque da programação, estão os 50 anos da Ditadura Militar, literatura contemporânea do Ceará, gêneses do romance, literatura infantil, entre outros. A novidade da edição será um festival paralelo com programação exclusiva para crianças e jovens. Para conversar com os pequenos leitores, foram convidados os autores Pedro Bandeira, Socorro Acioli, Ilan Brenman e Dora Loch. As inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo site

Fonte: PublishNews - 16.10.2014

Ex-viciado vira o agente literário da vez

O agente literário americano Bill Clegg virou notícia há quatro anos ao publicar "O Retrato de um Viciado Quando Jovem', livro em que relata seu envolvimento autodestrutivo com álcool e crack. Hoje afastado dos vícios, Clegg vem chamando a atenção por uma nova e bem-sucedida empreitada nos EUA.

Foto: Folha de S. Paulo

Há dois meses, abriu em Nova York sua própria agência, The Clegg Agency, e emplacou dois negócios milionários que agitaram o mercado editorial internacional.
    
Representados por Clegg, "Fates and Furies", quarto livro de Lauren Groff, e "The Girls", romance de estreia da jovem Emma Cline, foram disputados em leilões nos EUA por 11 e 12 editoras, respectivamente.

O primeiro foi vendido por mais de US$ 1 milhão (R$ 2,4 milhões) e o segundo, por US$ 2 milhões (R$ 4,8 mi), cifras elevadas no mercado de livros.

No Brasil, ambos foram adquiridos pela Intrínseca, por valor não divulgado.

Atencioso e sorridente, o agente literário mais badalado do momento deu entrevista à Folha em plena Feira do Livro de Frankfurt, na semana passada, enquanto promovia concorridos leilões internacionais dos dois títulos.

Ele disse que o primeiro grande evento editorial à frente de sua agência surpreendeu. "Não esperava me sentir tão animado fazendo o que faço há 20 anos, tampouco fechar tantos negócios na própria feira", afirmou —graças aos contatos via internet, a cada ano a feira perde potencial como balcão de negócios.

Aos 44, Clegg é conhecido no mercado editorial pela simpatia e pelo bom gosto para a ficção literária. Ele não divulga a lista de clientes da Clegg Agency, mas cita ao menos dez nomes, a maioria de autores em início e meio de carreira ainda pouco conhecidos do grande público. Todos escrevem em inglês.

Além de Lauren Groff e Emma Cline, estão na lista o contista Daniyal Mueenuddin, o cineasta e autor John Waters, a autora Rivka Galchen, a poeta Mary Jo Bang, a contista Ottessa Moshfegh e David Levithan —este sim famoso por seus best-seller para jovens "Will & Will", feito em parceria com John Green e publicado pela Record.

Há ainda Matthew Thomas e Akhil Sharma, dois que neste ano lançaram romances bem recebidos pela crítica de língua inglesa, "We Are Not Ourselves" e "Family Life".

Não é a primeira vez que Clegg abre seu próprio negócio. No início dos anos 2000, ele fez uma sociedade com a agente Sarah Burnes, mas a desfez abruptamente depois de quatro anos, no auge de seu problema com drogas.

Depois de passar por uma clínica de reabilitação, Clegg ficou oito anos na WME (William Morris Endeavor), uma das maiores agências americanas de autores e artistas.

Ao deixar o emprego neste ano para abrir a Clegg Agency, levou consigo a maior parte dos autores que representava na WME, entre eles Bang, Groff e Sharma. "Eles demonstraram lealdade e crença no projeto", diz.

COMPARAÇÃO

Não só o talento de Clegg mas também seu caráter personalista e o passado junkie rendem nos bastidores comparações com Andrew Wylie, um dos maiores agentes literários hoje, que representa Philip Roth, Norman Mailer e Italo Calvino, entre outros.

Clegg diz nunca ter ouvido a comparação e evita comentários. Ainda que não seja o novo Wylie, o fato é que seus autores ganham algo raro no mercado editorial: atenção.

"O nome dele já era uma chancela importante para obras literárias", diz Otávio Marques da Costa, publisher do selo Companhia, da Companhia das Letras. "Mas, depois dos leilões recentes, todo mundo está de olho no que ele promove", diz.

Há anos, Clegg é amigo de Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, que publicou os dois livros do agente no Brasil —além de "O Retrato...", "Noventa Dias".

A editora paulista disputou a compra dos direitos de publicação de "The Girls" no Brasil, mas nem as boas relações com Clegg evitaram que a Intrínseca fosse vencedora.

A Clegg Agency não interromperá a carreira do agente como escritor. Seu terceiro livro, "Did You Ever Have a Family", sairá nos EUA em 2015 e já foi adquirido pela Companhia das Letras.

Com seus próprios livros agenciados pela WME, ele agora tem como meta aumentar rapidamente o número de autores de sua agência. "Há uma exigência cada vez maior por livros excelentes. Meu papel será encontrá-los e promovê-los. Mas só represento o que absolutamente amo. E não me apaixono com muita frequência", diz.

Fonte: Folha de S. Paulo - 18.10.2014

Artista começou sua trajetória em MT

Maurício Leite, o homem da mala, a mala de leitura, aquela cheia de histórias Não me lembro exatamente o ano, mas acho que foi em 1982, quando este casal fundador do Tyrannus Melancholicus, teve sua iniciação teatral. Entramos para o Grupo Pé de Moleque, e nos divertíamos bastante com esse papo de teatro de bonecos. 

Foto: iiLer

Nosso diretor era Maurício Correia Leite, um grande ativista cultural, nascido em Três Lagoas (MS), mas radicado em Cuiabá. O Pé de Moleque não durou muito e cada um seguiu seu caminho, sempre permeado pelos fazeres culturais. Maurício agitava e ainda agita um bocado, quase sempre envolvido com a divulgação e fazeção de artes, voltada, especialmente para o público infantil. 

Tanto fez em MT que, de repente, o Estado ficou pequeno pra ele. Decidiu rodar pelo Brasil e depois pelo mundo. Rio de Janeiro, Brasília, Nova York, algumas cidades africanas e de Portugal. Vez em quando, para além do facebook, nos encontramos com o cabra. 

Já faz um tempão que ele aderiu ao estilo “mala”. Mas, mala no bom sentido, minha gente. Com sua magnífica Mala de Leitura tornou-se um andarilho moderno e para aqui e acolá, onde abre sua mala e emplaca mil leituras conquistando os mais diversos públicos. 

Nesta sexta (17/10) recebemos a notícia de que ele foi o ganhador do Prêmio Ricardo Oiticica de Melhores Práticas Leitoras. A premiação, não creio estar errado, está em sua primeira edição e foi instituída pelo iiLer - Instituto Interdisciplinar de Leitura PUC-Rio. 



A proposta do prêmio é valorizar a difusão de práticas leitoras no Brasil através de ações de promoção da leitura em iniciativas públicas e/ou privadas, em espaços diversos, em múltiplas linguagens e em quaisquer suportes. 

Teve como jurados os especialistas Julio Diniz, Benita Lamas Gonzales e Francisco Gregorio Filho, que avaliaram 16 projetos recebidos de diferentes localidades brasileiras, que demonstram a importância da implementação de ações de promoção de leitura em nosso país. A solenidade de entrega dos prêmios vai acontecer na segunda semana de novembro. 

O site passarinho, de coração, parabeniza Maurício, e que ele continue mala para sempre... 


Confira a relação completa dos premiados, nas duas categorias disponíveis: 

Categoria Oralidade: 

Primeiro lugar - Caçada ao Saci - Margareth Marinho 

Segundo lugar - Histórias Viajantes - Marisa Maia de Mello (Menção Honrosa) 

Terceiro lugar - A hora do conto na escola - Juvenal Bernardes Meira Jr. (Menção Honrosa) 


Categoria Formação de Mediadores: 

Primeiro lugar - Mala de leitura - Mauricio Leite 

Segundo lugar - Associação Vagalume - Marina de Castro Rodrigues (Menção Honrosa) 

Terceiro lugar - Programa de Formação de Mediadores para Programas de Leitura - Ana paula Cecato (Menção Honrosa)

Transcrito de www.tyrannusmelancholicus.com.br

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Edifícios Navegantes

André Teixeira Cordeiro nos apresenta sua obra

Edifícios Navegantes
Poesia e Desenho

Foto: Divulgação

Neste livro, a sutileza com que os pequenos versos são compostos ajusta bem as palavras a um ritmo exato e atrai o leitor para uma leitura descompromissada, porém envolvente. O desenho interage com o verso sem que a índole de um incomode as marcas do outro. Disponível na editora

Defesa de Tese - Doutorado em Ciência Animal Tropical

DEFESA DE TESE
DOUTORADO EM CIÊNCIA ANIMAL TROPICAL

O Doutorado em Ciência Animal Tropical da Universidade Federal do Tocantins convida toda a comunidade acadêmica para assistir a defesa da tese intitulada “Interface Solo-Planta-Animal em sistemas agroflorestais para a intensificação ecológica na pecuária”, pelo doutorando Perlon Maia dos Santos, orientado pelo Prof. Dr. Antônio Clementino dos Santos. A defesa acontecerá no dia 28 de  outubro de 2014 (terça-feira), às 08:00 horas, no auditório do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical, Campus de Araguaína, Universidade Federal do Tocantins - UFT.
A comissão examinadora será composta pelos professores Prof. Dr. Antônio Clementino dos Santos (Orientador), Prof. Dr. José Neuman Miranda Neiva (Examinador Interno), Prof. Dr. Emerson Alexandrino (Examinador Interno), Prof. Dr. Rubens Ribeiro da Silva (Examinador Externo) e Prof. Dr. Sabino Pereira da Silva Neto (Examinador Externo). 

Secretaria da Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

IV Colóquio Diálogos em Literaturas de Língua Inglesa - Literatura e Outros Meios

Apresentamos a programação do 
IV Colóquio Diálogos em Literaturas de Língua Inglesa - Literatura e Outros Meios


Veja agora a programação:


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Festival da Poesia Falada premia os melhores poetas do Tocantins

O 1º Festival de Poesia Falada realizado desde sexta-feira (11) no Theatro Fernanda Montenegro em Palmas premiou os cinco melhores artistas em declamação e interpretação de poesias.
Ao total participaram do festival 20 poesias inéditas de artistas tocantinenses, sendo que 12 chegaram a final e foram avaliados por jurados em quesitos como fundamentação da voz, interpretação, criatividade, originalidade.

(Foto: Valério Zelaya/Secom Palmas)

Abelson Ribeiro levou o primeiro lugar em declamação e interpretação. A melhor poesia ficou com Ronaldo Araujo. Os prêmios variavam de R$ 2,5 mil a R$ 10 mil.

Veja o perfil dos vencedores

Abelson Ribeiro
É jornalista e radialista. Sempre trabalhou no ramo da comunicação. Escreve poesia desde os 16 anos de idade. Suas inspirações são o Augusto dos Anjos, Camões e Fernando Pessoa. Diz que “sempre acreditou que a poesia é sem dúvida uma das formas de mudar o mundo”.

Nelson Ribeiro (no meio) levou o primeiro lugar em declamação e interpretação Ronaldo Araújo (Francisco Ronaldo de Araújo)
(Foto: Dilvulgação/Secom-TO)
Atua principalmente na área do teatro, mas também investe em literatura, artes visuais e música. Escreve poesia desde 1968, quando tinha onze anos de idade. Se diz grande apreciador de Baudelaire, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Carlos Drummond de Andrade e Pablo Neruda.

Karoline Francisca Barbosa
Escreve poesia desde a 4ª série. Suas inspirações são Vitor Hugo, Manoel Rosa e Carlos Drummond de Andrade.Gosta de produzir artesanato.

Fernanda Veloso
Começou a escrever poesia aos 12 anos. Se inspira em Cora Coralina e Vinícius de Moraes. É Jornalista e trabalha na produção cultural em geral: audiovisual, teatro, rodas de leitura, entre outras.

Irma Galhardo
É escritora, cordelista e contadora de história. Tem  quatro livros publicados.
Já na infância despertou o interesse pela escrita literária. Suas inspirações são Manoel de Barros, Guimarães Rosa, Lygia Fagundes Teles e Câmara Cascudo.

Vencedores
Abelson Ribeiro - 1º lugar (declamação/interpretação)
Fernanda Velosos - 2º lugar (declamação/interpretação)
Irmã Galhardo - 3º lugar (declamação/interpretação)
Ronaldo Araújo - 1º lugar poesia/poema (texto)
Karoline Francisca Barbosa - 2º lugar poesia/poema (texto)

Imagem

Na prisão também se lê!


Press Release 013 – 17.10.2014

Clássicos da Literatura
   José de Alencar - http://bit.ly/1pkkcqX

Clássicos do Cinema
   Lutero - http://bit.ly/ZxMyXB

Notícias
   Festival da Poesia Falada premia os melhores poetas do Tocantins - http://bit.ly/1CxY4z8
   Educação de Santa Gertrudes inicia projeto Tenda da Leitura - http://bit.ly/103YK3u
   J. K. Rowling adere à campanha de leitura - http://bit.ly/1oehxUJ

Homenagem
   Dia do Professor - http://bit.ly/1wPUcaT

Eventos UFT
   PPGCAT: Apresentação de Seminário - http://bit.ly/1nsfJXr

Destaques
   Como oito ou nove livros fizeram de mim um milionário - http://bit.ly/1zf3WB0

Ensaios
   O medo na zona cinzenta da banalidade - http://bit.ly/1oelFUG

Imagem
   Na prisão também se lê - http://bit.ly/1wehsiU

O Prazer da Leitura
   Livros, sempre - http://bit.ly/1wi44Mz

Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro
Pós-Doutorando – UFT/PPGL
Editor



Se desejar ler os demais Press Release, clique em http://bit.ly/1E35ugR

Como oito ou nove livros fizeram de mim um milionário

Edney Silvestre*

Em Nova York, uma tarde, eu atravessava a Broadway, perto da Union Square, levando uma sacola pesada com as compras que acabara de fazer, quando tive a epifania. Eu me sentia exatamente como um milionário que entra na loja de carros e sai de lá com uma Ferrari de um milhão e quatrocentos mil reais.

Eu tinha, naquela sacola da Strand Bookstore, uns oito ou nove livros. Entre eles, uma bela edição (capa dura, 1.026 páginas) das obras completas de Oscar Wilde. Mas, diferentemente do milionário da Ferrari, minha conta não chegava perto de uma fração da grana queimada por ele.

Fonte da imagem: Link

Eu tinha pago exatos dezenove dólares.

A Strand é uma livraria na parte sul de Manhattan, próxima ao campus da NYU, sem outro charme que não as prateleiras dos dois andares - com subsolo - repletas de obras usadas e novas. Estas, quase sempre de segunda mão, de quem ganhou e não as quis - como resenhistas de jornais e revistas, por exemplo - e que as repassa, por um punhadinho de dólares, à Strand.

Estar perto de livros me faz sentir rico. Milionário, aliás. Basta eu entrar numa livraria - e não precisa ser grandona como a Travessa do Leblon - para ser tomado por essa megalomania. E não importa se não os posso ter todos, nem saber que uma vida centenária tampouco me permitiria ler metade do que vejo.

Mas vejo. Ali está o tesouro de nossa cultura, de Electra e Édipo a Quincas Borba e João Grilo, de Campos de Carvalho a Chesterton, Cervantes e Camus, Bellini (o artista e o capitão da seleção de 1958, igualmente), Dante, Virgílio, Virginia (Lane & Woolf), Swift, Gil (Vicente & Gilberto), Bill (Clinton & Shakespeare), Lord Jim, Tonio Kröger, Portnoy, Tarzan, Tintin, Maigret, Mersault, Ripley, Ulisses (tantos deles), Gulliver, Arkadina, Tio Vanya, Petruchio, Esopo, Lobato, Ubaldo, Drummond, Mishima, Stendhal, Lampedusa, Calvino (Ítalo & Jean), Yourcenar, diga um nome, jogue aqui na roda. Estará lá. Ou poderá ser encomendado. Todos à mão. Tudo próximo. Todos possíveis.

Meu encanto é partilhado com milhares de telespectadores toda semana. Dentro da livraria gravo boa parte das entrevistas do Literatura, que apresento na Globonews. Um dia desses um telespectador escreveu querendo saber onde era aquela biblioteca tão bonita e grandiosa - e se estava aberta à visitação pública.

Bacana, né mesmo? A produção do espírito humano no que há de melhor, a criatividade e o desejo de compartilhá-la, democraticamente acessível.

Para mim isso é bom, mas teve um tempo em que foi ruim. Assustador. Explico: quando terminei de escrever Se eu fechar os olhos agora, meu primeiro romance, me deu uma paúra. Como eu me atrevia a imaginar meu livro na mesma prateleira de Memorial do Convento? Perto de O jovem Törless? No corredor ao lado de Coração das trevas?

Em novembro do ano passado encontrei uma cópia de Se eu fechar os olhos agora, na Librerie V.O. de Lille, junto às obras de Saramago. A versão francesa, vi exposta ao lado de Paul Auster, em Paris, na livraria La Hune. A alemã, em Hannover, na mesma área onde ficam as obras de García Marquéz na livraria Leuenhagen & Paris. Em abril deste ano, a tradução de A felicidade é fácil vai coabitar com os livros de Charles Dickens, nas livrarias do Reino Unido.

Mó orgulho, pode crer. Estou me acostumando.

Porém muito antes disso, uns doze anos atrás, no início deste novo século, lá estava eu, em downtown Manhattan, descobrindo quão rico - milionário - eu me sinto porque sei ler.

A felicidade, realmente, é (ou pode ser) fácil.

A riqueza, também.

*Edney Silvestre é jornalista e autor dos romances Vidas provisórias, A felicidade é fácil e Se eu fechar os olhos agora, ganhador do Jabuti 2010 e do Prêmio São Paulo de Literatura.


J. K. Rowling adere à campanha de leitura

A autora J. K. Rowling deu o seu apoio a uma nova campanha destinada a promover melhores padrões de leitura para crianças. Um estudo indicou que 1.5 milhão de crianças na Grã-Bretanha chegarão aos 11 anos incapazes de ler “bem” em 2025. A campanha Read On. Get on. (T.L.: Continue lendo. Faça parte.) é liderada pelas organizações de caridade Save the Children, CBI e Teach First.


Fonte da imagem:Link

Um dos objetivos da campanha é fazer com que os partidos políticos britânicos incluam em seu plano para 2015 o compromisso com a melhoria da leitura das crianças desfavorecidas. A presidente da campanha, Julia Cleverton, define como ler bem a capacidade de ler, interpretar e discutir livros como Harry Potter e A Ilha do Tesouro.

É trágico e injusto que crianças de famílias mais pobres tenham menos chances de ler bem aos 11 anos no Reino Unido – um dos países mais ricos do mundo. – Julia Cleverton

A campanha Read On. Get On visa criar uma nação de bons leitores incentivando responsáveis a ler com suas crianças por dez minutos diários e também incentivando os cidadãos a fazerem trabalho voluntário, ajudando crianças desfavorecidas a melhorar sua leitura.

Imagem - O Prazer da Leitura

Livros, sempre!


Clássicos do Cinema

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Educação de Santa Gertrudes inicia projeto Tenda da Leitura

A Prefeitura de Santa Gertrudes através  da  Secretaria  de  Educação  está  desenvolvendo  o  Projeto Tenda da Leitura, que vai percorrer todas as escolas do município.


Ao todo 3 mil livros foram adquiridos pela administração municipal para a implantação do projeto que tem como objetivo incentivar a leitura dos alunos através do contato direto com a leitura, tornando assim, o aprendizado mais agradável.

A Tenda da Leitura visitará todas as escolas municipais de Santa Gertrudes durante quinze dias letivos, onde o acervo estará disponível aos alunos para visitação. Esse projeto busca sensibilizar a comunidade escolar para a importância da leitura a fim de alcançar os objetivos sociais e individuais. Os alunos aprovaram a iniciativa.

Transcrito de: http://www.santagertrudes.sp.gov.br/3335/educacao-santa-gertrudes-inicia-projeto-tenda-leitura/

Clássicos da Música

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Clássicos da Literatura


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O medo na zona cinzenta da banalidade

Karylleila Andrade Klinger¹ 

Introdução

Guernica, de Pablo Picasso, representa o horror da Guerra Civil Espanhola em 1937. É uma obra trágica e clássica que nasceu das impressões causadas no artista quando do bombardeio, comandado pelos nazistas, sofrido pela cidade de Guernica, antiga capital Basca. É um símbolo doloroso do medo e do terror que uma guerra pode produzir: desespero e impotência diante do medo, do perigo. Guernica se tornou uma obra universal que eterniza o horror das guerras. 


Figura 1 – Guernica - Pablo Picasso
  
Medo é o sentimento da incerteza. É mais ameaçador quando difuso, disperso, nebuloso, desvinculado, desancorado, flutuante, líquido. É imprevisível e sem contornos: quando nos aterroriza sem que haja uma explicação plausível. É o visível sem resposta: quando a ameaça que devemos temer pode ser vislumbrada em toda parte, mas em lugar algum se pode vê-la.

O medo é o nome que damos as nossas incertezas. Isto ficou claro na passagem para a Era Moderna: onde havia escuridão, havia incerteza, portanto, perigo iminente.  A modernidade seria um salto enorme para o homem, ao invés do medo, a luz e o brilho da ciência. Era o tempo do fim das surpresas, calamidades, catástrofes, ilusões, lutas. O tempo que se acende é o tempo livre dos medos. Lamentavelmente, o caminho planejado sofreu um grande e tortuoso desvio. Após séculos, continuamos a viver na rota dos temores. 

O medo é parte de nossa natureza. Os homens compartilham com os animais desse sentimento: no enfrentamento oscilam entre alternativas de fuga e agressão. Mas aos homens, em particular, quando suscetíveis ao perigo, a sensação de insegurança e vulnerabilidade são constantes, diferenciando-os dos animais propriamente ditos. 

São três os tipos de medo de que fala Bauman (2008): ameaças ao corpo e à propriedade; ameaças à ordem social e à confiabilidade (da qual depende sua sobrevivência, o emprego, renda, seguridade social); e, por fim, os perigos que ameaçam o lugar das pessoas no mundo (hierarquia social, identidade – raça, gênero, étnica e religiosa). 

Quando retomamos a suscetibilidade do horror diante do perigo, percebemos que na consciência dos sofredores a insegurança e a vulnerabilidade são facilmente desacoplados dos perigos que causam. As pessoas que o sentem podem interpretá-lo em qualquer um dos três tipos de medo. Mas o que mais amedronta o indivíduo é a ubiquidade dos medos: eles podem aparecer de qualquer fresta, vazarem de qualquer canto, seja dos nossos lares seja do planeta. Edvard Munch, expressionista, revelou na sua obra-prima, O grito, a angústia e o desespero diante da dor e decepções do pintor.  


Figura 2 - O grito - Edvard Munch (1893)


Somos conscientes de que dos nossos quartos, das ruas escuras, dos noticiários, de nossos locais de trabalho, das pessoas com quem nos relacionamos virtualmente ou não, e até do que ingerimos, o medo está sempre à espreita, por perto, nos rodeando. É um medo que parece estar sempre a caminho, sorrateiro, disposto a nos causar angústia, insegurança. 

Mas há também um medo que vive e sobrevive numa zona cinzenta: camuflado, mais aterrorizante do que podemos imaginar. Sem nome, sem endereço certo, ameaça destruir nossos lares, nossas vidas, nossos empregos, nosso planeta. Cada vez mais encorpado, surge de dentro de garrafas, quase sempre, de aprendizes de feiticeiros superambiciosos. A zona cinzenta se vale de redes em que bolsas de valores caem todas ao mesmo tempo; companhias sólidas desaparecem ou se fundem para o desespero dos trabalhadores e do mercado; barris de petróleo secam, dados virtuais são roubados, extraviados ou clonados. O que Vitor Hugo ruminou, séculos atrás, de modo melancólico e introduzido pela ciência, quando disse que a Era Moderna poderia estar livre dos medos, desprende do que vemos e assistimos constantemente no cotidiano: uma zona cinzenta que se avoluma de novos perigos, novos medos.

Carpe diem! Aproveite agora, pague depois.

No ambiente líquido-moderno, o combate ao medo se tornou tarefa árdua e para uma vida inteira. Hoje chocolate pode ser o vilão, amanhã pode ser o ovo, depois virão outros e mais outros. Mas também de vilões podem passar a ser sinônimos de saúde de uma hora para outra. Para provocar mais: quem foi danificado com o bug do milênio? Quantos já morreram ou sofreram doenças por causa de alimentos geneticamente modificados? Embora possam ser aterrorizantes, os pânicos vêm e vão: rápidos como foguetes ou dispersos como as nuvens. A vida líquida desliza ou se arrasta de um desafio para o outro, o hábito comum de todo episódio é uma certa tendência de vida curta. Retomando a história do bug do milênio, vale observar que a indústria do consumo gosta de se alimentar do medo, por isso, depende da produção de consumidores. Bauman (2008) fala que os consumidores que precisam ser produzidos para os produtos destinados a enfrentar o medo são temerosos e amedrontados, esperançosos de que perigos que temem sejam forçados a recuar graças a eles mesmos (com ajuda remunerada, obviamente). As indústrias fonográfica e farmacêutica são bons exemplos de uma economia de consumo que depende da produção de consumidores e de seus medos. 

E o futuro é nebuloso? Vivemos a crédito, pois, não! Compramos a prestação, pois, sim! Para tal empreitada, dividimos em 10x sem juros!

E vamos a mais uma pergunta: Por que, então, assombrar-se com os medos que ainda virão? E uma possível resposta: Não vale a pena se preocupar e gastar, a crédito, a vida que tens com preocupações futuras. Talvez os seus medos nunca se concretizem. Carpe diem! Aproveite agora, pague depois. Quando pensamos nos medos, nossa sobrevivência depende da forma como lidamos com eles. Nunca uma população foi tão endividada quanto a da nossa geração. A propaganda do Mastercard revela bem isto: “Para Mastercard não tem preço”. É desejo de satisfazer o agora. E o cartão de crédito é o maior amigo, magicamente, traz o futuro até nós. É o prazer imediato. Se a poupança prevê um movimento de pensar no futuro longínquo, de certezas; para um futuro incerto, vale o cartão de crédito. O que fazemos agora determina a forma do futuro. 

O pavor da morte

O Evangelho de Jó nos mostra que a punição é a norma; e a recompensa, uma exceção. Ou seja, os ganhadores são aqueles que escapam à sentença universal da eliminação, como acontece nos reality shows. Os vínculos entre virtude e pecado e a recompensa e a punição são tênues e eventuais. 


Figura 3 - Imagem recriada de Jó


Os contos morais, exemplificados a partir dos reality shows da atualidade, nos dizem que os desastres acontecem de forma aleatória, às vezes, sem explicação ou motivo aparente. O que existe é apenas um fio, uma linha tênue, se é que existe, entre aquilo que homens e mulheres fazem e aquilo que lhes acontece. Desse modo, pouco se pode fazer para evitar o sofrimento. Bauman (2008) diz que “‘os contos morais’ de nossa época falam da ameaça maligna e da iminência da eliminação, da quase impotência dos seres humanos em escapar de seu destino”. Esses contos espalham o terror, os medos que disseminam são incuráveis, inextirpáveis, chegaram para ficar, podem até ser suspensos por um momento, perdidos, mas não exorcizados. Esses medos não possuem antídoto. E o pior: os contos morais tentam nos vacinar contra esse medo proclamando a banalização da morte. 

A morte é o fim... Irrecuperável... Irrevogável... É o único evento na vida sem retorno. O Inferno, primeira parte da Divina Comédia, de Dante Alighieri, reporta logo na entrada do Portal do Inferno um aviso: uma vez dentro, deve-se abandonar toda a esperança de rever o céu, pois de lá não se pode voltar. Só se tem livre-arbítrio enquanto se encontra vivo, morto perde-se a capacidade de pensar e tomar decisões. É por essa razão que a morte passa a ser incompreensível para os que estão vivos. 

Ao homem cabe também a negação da morte, desconstrução e a banalização. Não é à toa que tentamos a todo custo mostrar uma tendência inequívoca a colocar a morte de lado, a suprimi-la da vida. Freud, citado por Bauman (2008), explica que “temos o hábito de enfatizar a causalidade fortuita da morte – acidente, doença, infecção, idade avançada; dessa maneira, revelamos o esforço de reduzir a morte de necessidade à oportunidade”. Para Freud, tal redução ou desconstrução está afinada com o discurso da modernidade. O que se vê é que quando se aplica a ideia de desconstrução, exclui-se se o fato da morte ser biologicamente determinada entre os seres humanos. 

De par com a desconstrução, a banalização caminha sorrateiramente ao lado da morte, sua companheira imprescindível e infalível. No confronto, transforma a morte num evento comum, corriqueiro. A banalidade conduz a experiência única da morte para o domínio da rotina diária dos mortais, promovendo em suas vidas encenações da morte, aguardando o sentimento de familiaridade do fim. A partir daí, aliviar o horror que transpira da alteridade absoluta: “a total e absoluta incognoscibilidade da morte”. 

Derrida, filósofo francês citado por Bauman (2008), revelou que cada morte é um fim de um mundo, de um mundo único, que não tem volta. Para ele, cada morte é a perda de um mundo – “uma perda definitiva, irreversível e irreparável. A ausência desse mundo é que jamais acabará – sendo, a partir de agora, eterna”.


Figura 4 - Criança morta - Cândido Portinari (1944)


O medo e a banalização do mal

Segundo Baumam (2008), o medo e o mal são irmãos siameses: onde um estiver, o outro estará. Um aponta para fora, outro para dentro, para você mesmo: experiência conjunta e única. Mas o que é o mal? O que tememos? Tememos o ininteligível, inexprimível e inexplicável. Sabemos o que é um crime porque temos um código jurídico que atesta o ato criminoso. Sabemos também o que é um pecado porque temos os dez mandamentos. Mas e o mal? “mal é aquilo que desafia e explode a inteligibilidade que torna o mundo suportável”. Apelamos à ideia do mal quando não podemos apontar que regra ou norma foi negligenciada, quebrada pela ocorrência do ato para o qual procuramos um nome adequado.

Vários filósofos tentaram explicar a presença do mal, mas não tiveram sucesso. Relegam o mal a uma zona obscura, não apenas desconhecida, mas incognoscível: o mal tende a ser chamado quando fixamos na ideia de explicar o inexplicável. Apegamos a ele como último recurso em nossa busca desesperada por uma explicação. Transpor a posição de explicar o objeto, o acontecido, exige avançar para além da natureza humana. 

Na súplica de Jó (6: 24) “ensinai-me, e eu me calarei; e fazei-me entender em que errei”. “Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado?” (Jó, 7:20) “Na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó, 9: 2)² . O Livro de Jó condensou a inefável experiência do “mal injusto” (e indiretamente, da graça não merecida). Apresentou, ainda, os argumentos que iriam ser esboçados por teólogos por vários séculos a fim de tentar salvar os ensinamentos das raízes imorais, do mal, e da natureza moral, e apenas moral, dos meios de afastar o mal ou evitar sua ocorrência. 

Hannah Arendt (1999) revela o choque e a confusão que nós sentimos ao ouvir falar de Auschwitz (uma rede de campos de concentração, localizado na Polônia, símbolo do Holocausto) pela primeira vez, e o gesto de desesperança com que reagimos à notícia de que é um pressuposto dos sistemas jurídicos modernos de que a intenção de agir errado é necessária para que se cometa um crime. 


Figura 5 - Adolf Eichmann no tribunal em Jerusalém, Israel, em 1961


Em Jerusalém, no banco dos réus, assessorado por cultos advogados, estava Eichmann³, que tentou, a todo custo, convencer o tribunal de que era inocente face às acusações de que era alvo, pois seu único motivo era o trabalho bem-feito, e isto ele tinha feito de forma espetacular: cumpriu as ordens de seus superiores. Portanto, para um burocrata plenamente habilitado, como se descendesse de um tipo ideal de Max Weber, a intenção de agir errado estava ausente. Errado seria não ter cumprido as ordens. Ele foi um dos responsáveis pela logística de extermínio de milhões de pessoas durante o Holocausto. Se Eichmann-pessoa tinha ódio ou raiva dos judeus, isto, para ele, era irrelevante: “no que concerne à morte dos judeus, eu não tive nada a ver com isso. Eu nunca matei um judeu, ou um não-judeu, eu nunca matei nenhum ser humano. Eu nunca dei ordens para matarem judeus ou não-judeus; eu pura e simplesmente não o fiz” (CARVALHO, 2012, p. 2). Arendt relata a linha de argumentação do julgamento: Eichmann é considerado um homem banal, trata-se de atos banais, trata-se da banalidade do mal, ele foi cumpridor de ordens do Estado. 


Figura 6 - Cenas do Holocausto de Auschwitz


“Pessoa normal” foram os relatos de diagnósticos de diversos psiquiatras. Um deles, inclusive, teria dito que ele “é mais normal, em qualquer escala, do que eu após o ter examinado”. Foi atestado também que sua atitude face à sua família, à sua mãe e pai, irmãos e amigos “era não apenas normal, mas bastante adequada”. Com base nesses atestados, Eichmann não pode alegar insanidade mental ou legal, até mesmo, porque não exalava ódio particular aos judeus. Por isso, a justiça encontrou-se em um enorme dilema: “Eichmann, como todas as “pessoas normais”, deveria ter consciência da natureza criminosa dos seus atos. Este julgamento transcende o acusado, remete-nos para a história moderna, para a natureza do homem e dos seus atos, sem esquecer que “sob condições de terror, a maioria das pessoas obedece, mas algumas não, assim o escreve Hannah” (CARVALHO, 2012, p. 4).

Os sentimentos são muitos e falam línguas distintas, às vezes desarmônicas; a razão é uma só e fala apenas uma língua. “O que distingue o mal burocraticamente administrado e realizado não é tanto a banalidade, mas a sua racionalidade” (BAUMAN, 2008, p. 85). Os males produzidos e causados por seres humanos parecem cada vez mais inesperados quanto seus precursores, que podem ser companheiros e até herdeiros. Eles se tornam conhecidos e apreendidos quando somente se olha para trás, e vemos as coisas a partir de uma retrospectiva.

Notas:
¹ Professora do Curso de Artes e do Programa de Pós-Graduação em Letras, Mestrado e Doutorado em Ensino de Língua e Literatura da UFT, e cursa o pós-doutorado na Universidade de Coimbra, Portugal.
² BIBLIA SAGRADA. Sociedade Bíblica Católica Internacional. Paulus: São Paulo, 1990.
³ Em 1961 o The New Yorker enviou Hannah a Israel para cobrir o julgamento de Eichmann, que viveu incógnito, sob outra identidade, na Argentina, até 1960, quando os serviços secretos israelitas o levaram para Israel para ser julgado por crimes contra a Humanidade, contra o povo judeu e crimes de guerra durante o período da II Guerra Mundial. Eichmann foi condenado à morte e enforcado em 1962, naquela que foi considerada uma exceção à lei israelita que não prevê a pena de morte.

Referências:
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Tradução José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
BAUMAN, Zigmunt. O medo líquido. Jorge Zahar, 2008.
BÍBLIA SAGRADA. Sociedade Bíblica Católica Internacional. Paulus: São Paulo, 1990.
CARVALHO, Xênia de. Da Banalidade do Mal: Hannah Arendt e o julgamento de Eichmann em Jerusálem, 2012. Disponível em: <http://www.academia.edu/1305819/Da_Banalidade_do_Mal_- Hannah_Arendt_e_o_julgamento_de_Eichmann_em_Jerusalem>. Acesso em: jul. 2013.