23.07.2020
Cloroquina
não curou Bolsonaro
Fiocruz: haverá mais 3 mil mortos no Rio
com volta às aulas em agosto
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estima que, se as aulas nas escolas voltarem a partir de agosto, o estado do Rio de Janeiro terá cerca de 3 mil novas mortes por causa do coronavírus, levando em consideração um panorama em todo o País do impacto da volta às aulas em uma população de mais de 9 milhões de pessoas do grupo de risco que convivem na mesma casa com crianças e adolescentes em idade escolar - 600 mil delas moram no Rio. O Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (Sinpro), que representa 35 mil profissionais em atuação em mais de 2.000 escolas privadas na capital, criticou a medida. O levantamento foi desenvolvido com base na Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em parceria com o Laboratório de Informação em Saúde da Fiocruz.
De acordo com o site
do governo federal disponibilizado para atualizações das estatísticas da
Covid-19, o território fluminense é o terceiro estado brasileiro com o maior
número de casos (148 mil), atrás de São Paulo (439 mil) e do Ceará (153 mil). O
governo do Rio registrou 12 mil mortes. No plano nacional, o Brasil ocupa o
segundo lugar no ranking mundial de confirmações (2,2 milhões) e mortes (82
mil) provocadas pela doença, perdendo apenas para os Estados Unidos (4,1
milhões de casos e 146 mil).
A previsão da Fiocruz levou em conta idosos com mais
de 60 anos e pessoas com diabetes, problemas no coração ou no pulmão que
convivem na mesma casa com ao menos uma pessoa com idade entre 3 e 17 anos. De
acordo com a entidade, cerca de 10% dessa população deve precisar de cuidados
intensivos, o que representa 60 mil pessoas no Rio.
Segundo o epidemiologista Diego Ricardo Xavier, um
dos responsáveis pelo estudo, em caso de volta às aulas, o contato com crianças
e adolescentes fará com que parte do grupo de risco interrompa o isolamento
social. A entrevista foi publicada pelo portal Uol.
"A gente precisa lembrar como se dá a dinâmica
familiar. Muitos pais saem para trabalhar e deixam os filhos com os avós. Mas,
quando a criança voltar para a escola, vai acabar levando o vírus para essa população
de risco, que não terá como seguir isolada. Acabou o 'fica em casa' para esses
idosos. A doença é menos prejudicial na população mais jovem. Mas eles
funcionam como vetores do vírus", disse ele.
"Se o vírus voltar a subir de forma abrupta, não
vai ser possível atender toda essa população. Os leitos já estão ocupados para
atender o que ficou para trás por conta da covid", alertou.
O pesquisador também citou o contato entre professores e funcionários das
instituições de ensino. "É difícil manter cuidados de higiene com
crianças, que vão se aglomerar e entrar em contato com os trabalhadores da
escola, criando uma nova distribuição do vírus. Seria preciso adotar
estratégias de rastreamento dessa população para evitar que isso
aconteça", acrescentou.
De acordo com o Sindicato dos Professores do Rio de
Janeiro (Sinpro), a volta às aulas é "prematura". A categoria
condicionou um eventual retorno à testagem dos profissionais para coronavírus,
que não faz parte dos protocolos adotados pela Prefeitura do Rio, comandada por
Marcelo Crivella (Republicanos).
O Sinpro marcou uma assembleia virtual para 1º de
agosto, véspera da retomada facultativa das atividades escolares.
A prefeitura contestou o posicionamento do Sinpro e disse que a categoria dos professores aprova a volta às aulas. Em nota, o Executivo municipal encaminhou relatos de profissionais de ensino, em apoio à medida.
Pandemia vai intensificar abandono de escola entre alunos mais
pobres 1
No litoral
cearense, há alunos do ensino médio que já não conseguem mais acompanhar as
aulas online, porque têm de trabalhar durante o dia inteiro. No interior do
Piauí, educadores recorrem a visitas domésticas e vídeos motivadores para
tentar atrair os estudantes que não têm aparecido nos encontros virtuais. Em
São Paulo, alunos de baixa renda atendidos por uma organização sem fins
lucrativos temiam "voltar para a estaca zero" nos estudos em meio à
pandemia.
Em todos esses
lugares, são vários os relatos de estudantes sem equipamentos ou conexão à
internet, famílias em situação econômica cada vez mais frágil, professores com
crescentes dificuldades em manter os alunos engajados nas aulas remotas e pais
tanto ansiosos quanto temerosos pela perspectiva da volta às aulas presenciais
— marcada, em alguns Estados, para agosto ou setembro.
O resultado
dessa combinação é que cresce o temor, entre educadores e pesquisadores, de que
as circunstâncias impostas pela pandemia façam com que mais estudantes
simplesmente desistam da escola neste ano, engordando as estatísticas de evasão
escolar no Brasil.
A equipe da escola chamou psicólogos para darem palestras aos estudantes
e fez apostilas aos alunos que não têm internet ou celular, mas teme que alguns
percam a motivação ou as condições de voltarem à escola.
"Muitos são filhos de pais autônomos, como pedreiros ou pescadores.
Alguns até têm celular para assistir às aulas, mas estão trabalhando manhã e
tarde. Com certeza dá medo de eles não voltarem, pelo impasse (de perder a
renda extra) e pela ideia de 'não vou conseguir aprender mais'", prossegue
Nascimento.
Pais e mães dos alunos, diz ela, também manifestaram receio de
mandar os filhos de volta à escola quando for hora de reabrir, por temer o
contágio pelo coronavírus.
Para completar, "na escola temos uma
sala de EJA (educação para jovens e adultos). De 20 alunos, só três ficaram.
Muitos acham que o ano está perdido e não sabem se vão voltar."
O preço que o Brasil paga pela evasão
A evasão escolar é um problema crônico,
com altos custos humanos, sociais e econômicos para o Brasil.
Dos quase 50 milhões de brasileiros entre
14 e 29 anos, mais de 20% — ou seja, 10,1 milhões de jovens — não completaram
alguma das etapas da educação básica (que engloba os ensinos fundamental e
médio), segundo a pesquisa Pnad Contínua 2019, divulgada na última quarta-feira
(15) pelo IBGE.
As principais causas apontadas para o
abandono escolar foram necessidade de trabalhar, desinteresse pelas aulas e
gravidez. A ampla maioria (71,7%) desse contingente de jovens é negra ou parda.
Por cada jovem que abandona a escola, o
Brasil perde R$ 372 mil reais por ano, apontam cálculos de Ricardo Paes de
Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, em estudo feito neste mês
em parceria do Insper com a Fundação Roberto Marinho.
No total, o custo anual da evasão escolar
é de R$ 214 bilhões, ou 3% do PIB (Produto Interno Bruto), com base na redução
das possibilidades de emprego, renda e retorno para a sociedade das pessoas que
não concluem a educação básica.
"Isso porque os jovens que têm a educação básica completa passam, em média, mais tempo de sua vida produtiva ocupados e em empregos formais, com maior remuneração; têm maior expectativa de vida com qualidade — estima-se que cada jovem com educação básica viverá quatro anos de vida a mais que um jovem que não terminou a escolaridade — e tendem a ter um menor envolvimento em atividades violentas, como homicídios", diz o estudo.
Um em cada três latino-americanos
já corre o risco de contrair a Covid-19
Os casos de coronavírus na América Latina superaram
nesta quarta-feira a marca de 4 milhões, mostrou uma contagem da Reuters, no
momento em que o ritmo de contágio se acelera e a maioria dos países da região
relaxa as medidas de isolamento voltadas a conter o avanço da doença.
Na última semana, a região reportou 65 mil casos
por dia em média, sendo cerca da metade deles no Brasil, embora México,
Argentina e Colômbia também tenham verificado aumentos significativos nos
contágios.
O último milhão de casos demorou apenas 15 dias
para ser alcançado, frente aos 17 dias do milhão anterior, aos 21 dias do
segundo milhão e aos 96 dias do primeiro.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço
regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou na terça-feira que a
pandemia não mostra “sinais de desaceleração” no continente e que, devido à
carga de doenças infecciosas e às condições crônicas, uma em cada três pessoas
na América Latina tem o risco de ser acometida pela Covid-19.
O continente americano como um todo - que inclui os
Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia - reportou mais de metade das
infecções e mortes pela doença no mundo.
Brasil, Peru, México, Chile, Colômbia e Argentina
estão entre os 20 países com maior número de casos do vírus.
Nos 148 dias desde que registrou o primeiro caso, a
América Latina confirmou 4.023.658 infecções e 168.644 mortes, mais de um
quarto do total mundial, segundo contagem da Reuters baseada em números
oficiais.
De acordo com especialistas em saúde, é muito provável que os números de casos e mortes estejam subnotificados, devido à capacidade limitada de testes em alguns países.
Embaixada chinesa diz que sua
vacina será um bem público universal
A vacina contra o novo coronavírus que está sendo desenvolvida será um bem público de acesso universal, segundo Wang Yi, conselheiro de Estado e Ministro de Relações Exteriores da China. A informação foi divulgada pelo perfil da Embaixada da China no Brasil. Confira o tweet da Embaixada da China:
Acaba de ser realizada a videoconferência especial entre Ministros das Relações Exteriores da China e América Latina e Caribe contra #COVID19. Wang Yi, Cons. de Estado e Min. de RR. EE da China, afirmou que a vacina desenvolvida pela China será bem público de acesso universal. @EmbaixadaChina
Brasil entra na segunda onda da
Covid-19 sem ter combatido a primeira
As internações de pacientes com problemas respiratórios voltaram a subir de forma em estados que vinham registrando queda consistente, indicam dados da Fiocruz. O Amapá, o Maranhão, o Ceará e o Rio de Janeiro dão sinais de que pode estar começando uma segunda onda da Covid-19.
O Amapá registrou o
pico de internações entre 3 e 9 de maio - foram 65 casos naquela semana.
Depois, houve uma queda de 46% e chegou a 35 casos. Agora, voltou a subir, para
59.
O Maranhão registrou 378 casos na semana de pico,
caiu para 150. E agora voltou a subir, para 167 internações. O Ceará passou de
2.048 casos para 813 e registrou 871 na semana passada. Já o Rio chegou a 2.844
internações em sua pior semana, baixou 60%, para 1.154, e voltou a 1.367 entre
12 e 18 de julho.
As informações são dos dados compilados pela Fiocruz. A dúvida é se a subida dos casos de infecção pelo novo coronavírus se deve à retomada econômica, à interiorização dos casos ou se são as duas coisas combinadas.
Diferente
de chineses, farmacêuticas ocidentais
querem lucro com vacinas
A Moderna Inc e a Merck & Co disseram a uma
comissão do Congresso dos Estados Unidos nesta terça-feira que esperam lucrar
com suas vacinas contra o coronavírus assim que elas foram aprovadas em meio
aos temores de que elas não sejam acessíveis a todos.
“Não venderemos nossa vacina a preço de custo,
embora seja prematuro para nós, já que estamos longe de entender a base de
custo”, disse Julie Gerberding, chefe da área de pacientes da Merck, ao
subcomitê de Supervisão e Investigações da Câmara dos Deputados, em uma
audiência virtual.
A Merck ainda não iniciou os testes de sua vacina
experimental em humanos, o que a deixa atrás das principais candidatas.
Executivos da Johnson & Johnson e da
AstraZenecaPlc disseram em depoimentos que venderão suas respectivas vacinas em
potencial sem margem de lucro durante a pandemia.
Gerberding e um representante da Moderna não
comentaram o preço que têm em mente para suas vacinas na audiência, que se
concentrou nos esforços para desenvolver uma vacina segura, eficiente e
amplamente acessível contra a Covid-19, que já causou a morte de 600 mil
pessoas.
A Pfizer Inc tem dito que a empresa pretende lucrar
com sua possível vacina contra coronavírus se esta for aprovada.
Mas o executivo-chefe da farmacêutica, John Young,
disse em um depoimento: “Reconhecemos que esta é uma época extraordinária, e
nosso preço refletirá isso.”
Ao contrário das rivais Moderna e AstraZeneca, a
Pfizer não recebeu financiamento norte-americano para o desenvolvimento de sua
vacina.
Acompanhe o registro do Coronavírus pelo mundo
Renato Aroeira – nosso show de horrores
cotidiano
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