sexta-feira, 20 de maio de 2016

Escapamento


Cristiano Alves

Perdoe-me, escrevi por acidente
Logo, esburaquei meu coração
Não há remendo para os poetas
Por si só, já são congestionados
Pelo tráfego que é apenas existir.
Eu, motorista de qualquer palavra
Habilitado pelo aptidão mais lírica
Escrevo sobre o asfalto de papel
Sim, a rua é agora também poema
Daqueles feitos do bolor da vida.
Sabe, meu amor não acelera mais
Mas o que não pode é então frear,
Jamais! O amor é uma contramão!
Que dobra as esquinas do corpo
E vai atropelando qualquer verso
Sem prestar socorro ao tal leitor
Lá, estirado sob o livro capotado.
Da próxima vez, policio a escrita
Esta, de lataria escrita e pinchada
Que sabe ser combustível do ser
E percorre quilômetros de rima.
Neste caso, aconselho dirigir-se
Como medida de arte-segurança 
Pois ao pisar em qualquer trânsito
Cuidado: pode ser um poema meu.

http://me-estranha-se.blogspot.com.br/2014/04/escapamento.html

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