sexta-feira, 29 de abril de 2016

Biblioteca inglesa completa 600 anos e tem o primeiro livro do mundo

Cecília Malan

Neste ano uma das bibliotecas mais tradicionais do mundo completa seis séculos de existência. É a biblioteca da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, centro de excelência e de pesquisa. A reportagem é da correspondente Cecília Malan.

Um silêncio respeitoso paira no ar. O cheiro é de estantes empoeiradas. Mesmo com estudantes século XXI, a biblioteca da Universidade de Cambridge respira tradição. Afinal, são 600 anos de existência e mais de 8 milhões de volumes que escrevem a evolução do pensamento humano, da Lei da Gravidade de Isaac Newton à descoberta do DNA.



Agora, uma exposição comemorativa exibe relíquias desse vasto conhecimento. Os cadernos de anotações de Charles Darwin, o manuscrito original de “Uma Breve História do Tempo”, de Stephen Hawking, e a jóia da coleção: o primeiro livro impresso do mundo, a Bíblia de Gutenberg, de 1455.

Dos 180 exemplares originais da Bíblia de Gutenberg, apenas 48 sobreviveram. Folhear essa obra-prima, que normalmente vive protegida por um sistema de alarme, com luz e umidade reguladas, é um privilégio.

O público não tem acesso às entranhas da biblioteca, mas a gente conseguiu autorização para filmar nos dois andares subterrâneos, onde ficam fileiras e mais fileiras dessas estantes móveis, que abrem e fecham. Se a gente colocasse uma atrás da outra, daria 600 km só de livros.

Sonho para uns, pesadelo logístico para outros. É que uma lei de 1710 obriga todas as editoras britânicas a doarem uma cópia de cada nova publicação, seja livro, revista ou jornal, para as seis maiores bibliotecas do Reino Unido.

Resultado: toda semana, quase dois mil exemplares, de ficção à pesquisa científica, são entregues na biblioteca, mas falta espaço para tantas palavras e ideias.

O atual prédio da biblioteca é de 1934. De lá pra cá, seis extensões já foram construídas. Só na torre são 17 andares de depósito.

Estagiários vasculham os corredores atrás dos títulos solicitados por estudantes da universidade e pesquisadores independentes: as únicas pessoas que podem frequentar a biblioteca.

Mas a versão digital está aí para compartilhar esse patrimônio com o mundo. Levou-se meio século para acumular o primeiro milhão de livros, agora, a cada dez anos, mais 1 milhão entra para coleção. Um compromisso, colossal e admirável, em nome do conhecimento.

Veja o vídeo da reportagem neste link.

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