A última década trouxe avanços inéditos, inestimáveis e seguramente muito aguardados em nossos cinco séculos de história. Apesar das dores, os resultados são definitivos nas diversas áreas da realidade brasileira. A mais visível foi a economia, na qual a inserção dos marginalizados, segundo o presidente Lula, assegurou a saúde financeira do país nesta crise mundial.
Entre os diversos grupos humanos que pela primeira vez ascenderam à cidadania neste meio milênio de história estão as populações negras, com sua cultura rica, expressa nas cores vibrantes, na gestualidade dos ritos religiosos e na força física que resistiu a três séculos e meio de escravidão e agora afirma sua cidadania diante de nossas elites endinheiradas.
Talvez não tivéssemos que chamar médicos para atender nossa gente nas regiões centro-oeste, norte e nordeste, se não existissem menos de três negros em cada 100 médicos formados nesse país. Esses percentuais, que se alastram para os demais cursos, são hoje a razão pela qual já existem 26 negros para cada 100 estudantes em nossas universidades.
Apesar da enorme defasagem, ela já resulta das facilidades para o acesso ao ensino superior, criadas na primeira década do século XXI, que resultaram no aumento de 232% da presença negra. Isso tem maior significado para a Universidade Federal do Tocantins, a primeira instituição pública de ensino superior criada no Brasil desde o fim dos anos 80.
Com a perda de influência social das elites – as últimas a abrir mão da escravidão, retardatárias no processo civilizatório mundial e que se beneficiaram sempre do Estado, como dizia o antropólogo Darcy Ribeiro – podem os saberes da negritude ser hoje reconhecidos.
A trilogia 'Casa Grande e Senzala', 'Sobrados e mucambos' e 'Ordem e progresso', do sociólogo Gilberto Freyre, é a conceituação social da ascensão da mentalidade do pelourinho, do cortiço e da repressão policial que marcam sua trajetória. Mas ficou a memória da elite que “capou e recapou, sangrou e ressangrou” o povo brasileiro, como registrou Capistrano de Abreu, nosso maior historiador mulato, do que resulta o que você lerá neste artigo http://bit.ly/17viIrJ.
ACR
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