terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Autoras discutem protagonismo da mulher na literatura

Helena Sader e Verlane Estácio

Autoras de literatura contemporânea de âmbito nacional se reuniram na noite desta quarta-feira, 28, em Aracaju, para um bate-papo de tema “O protagonismo da mulher na literatura”. O encontro entre Eva Zooks, Janethe Fontes, Lilian Farias e Magali Polida aconteceu na Sociedade Semear e foi mediado pela professora Rose Nascimento e pela líder do movimento LGBT de Aracaju, Adriana Lohanna.

As escritoras expuseram suas obras no evento e fizeram discussão aberta permitindo interação com o público. Janethe Fontes fala que os problemas que a mulher enfrenta no mercado de trabalho já são de conhecimento público. “A mulher continua enfrentando muita dificuldade para se inserir no mercado de trabalho em geral. Na literatura, isso não é diferente”, disse a escritora.
De acordo com Janethe, o número de homens contratados como autores é muito maior que o de mulheres. “No festival de Parati, por exemplo, dos escritores presentes, apenas 30% era feminino. E, por pesquisas, sabemos que o número de mulheres que escrevem é maior atualmente no Brasil”, explicou a escritora.

Eva Zooks explica que as oportunidades no meio literário devem ser dadas a todos. “O que a gente quer passar mesmo é que o sol brilha para todos: verdes, amarelos, os que vestem calça ou saia. Além de escritoras, somos mães, donas de casa, temos outras profissões. As oportunidades devem ser dadas a todos, pois nós conseguimos adequar nossas vidas à escrita”, disse.

Representante do Estado

Lilian Farias foi a representante sergipana do bate-papo. Ela acredita que essa discussão deve ser expandida cada vez mais. “Estamos levando isso por todo o Brasil. Passamos por Pernambuco, São Paulo. Aqui é meu estado, nada mais justo que trazer este diálogo para cá também”, disse.
Segundo a escritora, a mulher deve ocupar todos os espaços na sociedade. “Infelizmente, as portas continuam se abrindo com mais facilidade para o homem do que para a mulher. Estamos em busca de criar o nosso próprio protagonismo”, explicou a sergipana.

LGBT

Adriana Lohanna é transexual, foi mediadora da conversa entre as autoras e escreveu o prefácio do livro “Mulheres que não sabem chorar”, de Lilian Farias. De acordo com ela, as próprias mulheres têm que saber o papel delas na literatura. “Muitas mulheres, não só na literatura mas na sociedade, são ceifadas do direito de amar e viver pela sociedade machista e homofóbica que ainda existe”, disse.

“É muito importante para a comunidade sergipana trazer todas essas autoras para discutir a presença das mulheres na literatura. Por que muitas vezes não temos o direito de sermos nós mesmas, de amar e principalmente de chorar. O choro é um desabafo de quem somos. Esse é um momento especial para alavancar cada vez mais escritoras na literatura”, completou Adriana.

Transcrito de http://www.infonet.com.br/cultura/ler.asp?id=165065&pagina=1

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